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Acompanhante Perfeita: sangue, sátiras e vinganças

Novo thriller de suspense, Acompanhante Perfeita entrega uma experiência mediana, com elementos e referências em alta, muito sangue e, propositalmente ou não, algumas críticas interessantes.

Acompanhante Perfeita é uma mistura de Westworld e M3gan, mas sem o brilhantismo da série da HBO e sem a forçação de barra do longa da Blumhouse. O resultado desse cálculo é um filme intenso e bem executado, mas não necessariamente memorável. 

As referências em volta do longa que chegou aos cinemas agora no finalzinho de janeiro de 2025 são muitas. Uma história com adições de ficção científica, mas que permanece pé no chão no seu desenrolar. Tendo como base um mundo onde robôs de aluguel para relacionamentos românticos são uma possibilidade para a classe média, Acompanhante Perfeita nos apresenta Iris (Sophie Thatcher), apaixonada por Josh (Jack Quaid), que, durante um final de semana na casa do lago de uns amigos do namorado, tem sua “vida” completamente virada do avesso.

Iris não sabe que é um robô. Em tempos de evoluções constantes das Inteligências Artificiais, nada mais justo do que levar esse debate a outro patamar. Assim, participamos de sua jornada de descoberta da própria consciência, em uma luta ávida por sua sobrevivência e em uma busca intensa por vingança. É aqui que, novamente, entram as referências. Depois de Bela Vingança (2020) de Emerald Fennell e de Pisque Duas Vezes (2024), de Zöe Kravitz, agora temos mais uma revolução de uma protagonista, mas dessa vez não guiada por uma mulher por trás das câmeras. 

Drew Hancock, roteirista e diretor de Acompanhante Perfeita, consegue construir muito bem a sua narrativa em torno do relacionamento tóxico e complicado de Iris e Josh. De início aparentemente apaixonados, conforme a situação escalona e foge do controle de Josh, vamos conhecendo um pouco mais sobre a sua verdadeira natureza e sobre os seus sentimentos quanto à Iris. Ele só a vê como um objeto, projetado para saciar suas necessidades. E quando o controle é tomado de suas mãos, ele se coloca como uma vítima da sociedade, das mulheres e da vida. Familiar, não é mesmo?! 

O comportamento de Josh, junto de seus planos mirabolantes dignos do Cebolinha, podem até parecer um problema no roteiro, porém, quando paramos para pensar no perfil do sujeito, no que fala e como age, tudo faz sentido. É a história de um playboy “red pill” que decidiu cometer crimes imaginando que sairia impune de seus atos. 

É nesse clima de sátiras, com muita violência e sangue, que Acompanhante Perfeita se destaca. E Sophie Thatcher, a nova queridinha do terror, que conta com nomes como Yellowjackets (2021), Boogeyman (2023), Herege (2024) e MaXXXiine (2024) no seu currículo, com certeza é um dos pontos altos do filme. Ela e Jack Quaid, que já havia mostrado a sua capacidade à canalhice em Pânico (2022) e à ingenuidade em The Boys (2019), formam uma boa dupla e nos contam uma boa história. O elenco de apoio, com Harvey Guillén, Lukas Gage, Rupert Friend e Megan Suri, dão um toque especial ao longa.

No entanto, no final das contas, o filme é isso, uma boa história com uma boa execução. E o que lhe impede de ser descrito além disso é a sensação de uma peça faltante, de que algo a mais poderia ter sido entregue para o espectador. Tanto o trailer, quanto a cena inicial do filme, embora sejam provocantes, já nos entregam os principais elementos do filme, que carece de reviravoltas e surpresas marcantes para um filme do gênero. Perto de Noites Brutais (2022), longa da mesma produtora, usado como gancho de divulgação, Acompanhante Perfeita é só mais um thriller sanguinolento no meio de tantos outros. Para fãs dessa temática, porém, isso pode ser suficiente.

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