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Ação deixa a desejar em Pacific Rim: The Black

Quando o filme Círculo de Fogo (Pacific Rim) foi lançado em 2013, as comparações com o anime Neon Genesis Evangelion foram inevitáveis. Robôs gigantes pilotados por pessoas que precisam ter uma espécie de “conexão” para que a máquina funcione, inimigos alienígenas e um mundo já habituado com a presença desses seres foram só algumas coincidências que contribuíram para a associação.

Mas agora, graças à Netflix, Círculo de Fogo tem um anime para chamar de seu. Pacific Rim: The Black estreou no dia 4 de março na plataforma, expandindo o conceito já visto nos cinemas, como você pôde conferir no nosso texto de Primeiras Impressões. Para os desavisados, a série mostra um casal de irmãos, que após os pais – pilotos de Jaeger – salvarem a suas vidas e de outras crianças, crescem em um local retirado do resto da sociedade durante cinco anos. As coisas mudam quando eles são atacados por um Kaiju, que dizima o local, obrigando os irmãos Taylor e Hayley fugirem em um Jaeger, o Atlas Destroyer, que estava escondido no mesmo lugar onde haviam construído aquela comunidade. 

Atlas Destroyer é praticamente o único Jaeger em circulação no anime

Depois desse incidente, Taylor e Hayley vivem uma aventura intensa, com direito a encontrarem um garoto, que aparentemente havia sido criado em laboratório; um grupo de mercenários vendedores de ovos de Kaiju, que agora querem roubar o seu Atlas Destroyer, e até mesmo um híbrido de Kaiju com Jaeger. Este, aliás, pode ser uma homenagem aos EVAs de Evangelion, que no final das contas descobrimos serem orgânicos por dentro. O já citado garoto (que recebe o nome de Garoto mesmo) também pode se caracterizar como uma lembrança do anime dos anos 1990, uma vez que em Evangelion temos personagens misteriosos desenvolvidos em laboratório. 

Taylor, Hayley e o “Garoto” são os protagonistas

Recordando o texto de primeiras impressões do anime, o fato dos pilotos precisarem lidar com suas cargas emocionais, bem como as de seus parceiros, é um tema que já vem sendo trabalhado desde os filmes idealizados inicialmente por Guillermo del Toro. Em Pacific Rim: The Black, o passado dos personagens é abordado a todo instante, demonstrando como os traumas podem atrapalhar qualquer pessoa quando ela menos espera. Sobre a dificuldade que momentos mal resolvidos podem trazer para o combate, na série da Netflix temos um fato novo na mitologia, que é o chamado Protocolo Fantasma. Ele permite que o Jaeger seja pilotado por apenas um indivíduo, compensando a ausência com alguma memória de outro piloto que esteja no banco de dados da Inteligência Artificial da máquina. Isso pode trazer danos irreversíveis para o cérebro, embaralhando as memórias do usuário. 

Até dá para pilotar sozinho, mas sempre é melhore em dupla

O que pode não agradar a alguns usuários da Netflix é o estilo de animação, que mescla o 2D com Computação Gráfica. Na minha opinião, o casamento funcionou melhor do que em outras produções, mas ainda assim, não é o estilo mais bonito de se ver na telinha. 

Pacific Rim: The Black deixa a desejar no ritmo, proporcionando poucos momentos para a ação, que se concentra mais para o final da temporada. Claro, a preocupação com o passado dos personagens e de como isso reflete no campo de batalha merece ter o seu destaque. Porém, uma coisa que o já comparado Evangelion fez muito bem, foi “enganar” o público, chamando a atenção com suas lutas frenéticas logo no início, fazendo com que as questões filosóficas aparecessem somente da metade para o final, quando o telespectador já estava envolvido com a trama. 

Mei começa roubando ovos de Kaiju e acaba do lado dos mocinhos

Por já termos uma bagagem considerável com os filmes, muita coisa não precisou ser explicada. Mais um motivo para que os sete episódios fossem melhor aproveitados. Mas calma, temos um gancho no final, que promete expandir ainda mais a história. Talvez o conjunto da obra contribua para uma melhora do anime. 

Veredito da Vigilia

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