CríticaFilmesTelevisão

A Mulher na Janela: thriller tropeça na sua própria narrativa

O que você faria se você tivesse certeza que testemunhou um crime e ninguém acreditasse em você, a ponto de você mesmo duvidar? Esse é o drama de Anna Fox, vivida por Amy Adams, a protagonista do lançamento da Netflix, A Mulher na Janela, baseado no best-seller homônimo de A. J. Finn. O filme que antes era previsto para o cinema, acabou como tantos outros chegando diretamente no streaming, e traz um elenco seleto e cheio de caras conhecidas.

Logo no início do filme, somos apresentados à Anna, uma mulher que vive sozinha em uma casa que claramente já foi mais feliz em alguma época. Longe do marido e da filha, Anna sofre de agorafobia, um transtorno de ansiedade que a impede de sair de casa, então observa a vida, e a vida dos outros, sempre pela janela. Tomando remédios controlados e bebendo muito vinho, seus dias são preenchidos por filmes antigos, horas de terapia e a rotina dos moradores da rua. 

Até que novos vizinhos chegam e Anna fica obcecada pela vida deles. O casal Russell, Alistair (Gary Oldman), Jane (Julianne Moore) e o filho Ethan (Fred Hechinger) parecem uma família perfeita. Mas o que realmente acontece dentro da casa dos nossos vizinhos?

A vida de Anna muda completamente quando ela presencia um crime na casa da frente. Sua condição psicológica e o abuso de álcool fazem com que ela seja desacreditada. Mas a obsessão de Anna não a deixa desistir de descobrir o que aconteceu na casa dos Russell.

Com um primeiro arco que tem uma ótima cena entre Amy Adams e Julianne Moore, o filme cria um bom clima de suspense e mistério, mas se perde no restante. Bons atores, como Gary Oldman, Wyatt Russel e Anthony Mackie (repetindo a dobradinha de Falcão Negro e o Soldado Invernal), tiveram seus talentos subaproveitados. O diretor Joe Wright tem boas referências, mas o conjunto da obra deixou a desejar. Isso pode ser o resultado das refilmagens que o longa sofreu, já que tinha estreia prevista para 2019 e acabou saindo só em 2021.

A narrativa psicológica do início vai evaporando enquanto a própria personagem principal muda os rumos na sua própria história. Uma narradora nada confiável vai e vem ao longo da exibição, fazendo com que os acontecimentos percam força cada vez mais.

Woman in the Window (2021), L to R: Jennifer Jason Leigh as Jane Russell, Brian Tyree Henry as Detective Little, Amy Adams as Anna Fox, Gary Oldman as Alistair Russell, and Wyatt Russell as David.
E quando todo mundo duvida da sua história?

Amy Adams é o grande acerto de Uma Mulher na Janela. Mostrando várias facetas e sofrimentos do transtorno de ansiedade, ela entrega uma Anna crível, a medida em que o texto permite. A fotografia escura, com tons vermelhos também ajudam a criar uma imersão na narrativa criando uma atmosfera claustrofóbica junto com a casa de Anna, que vira um personagem à parte.

A experiência de assistir A Mulher na Janela se tornaria muito melhor se fosse lançado em uma sala de cinema. A imersão de assistir em casa acaba perdendo parte do impacto que teria em uma atmosfera mais bem preparada. Apesar dos tropeços, o filme vale a pena ser assistido uma vez, pelo talento de Amy Adams. Depois disso, pode ficar esquecido como vários outros títulos do catálogo.

Veredito da Vigilia

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *