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A Fera do Mar: uma linda (e longa) animação da Netflix

Chega na sexta-feira, dia 8 de julho, ao catálogo da Netflix “A Fera do Mar”, uma linda e grandiosa animação original. Com um time e uma mistura que prometem um grande sucesso, o longa tem realmente momentos grandiosos, mas esbarra em uma trama exageradamente longa e que não chega a ser uma grande novidade, embora traga uma mensagem muito importante. Os símbolos e relações inseridos pelo diretor Chris Williams, que divide o roteiro com o Nell Benjamin, são grandes trunfos. O problema é que talvez ela não chegue de forma apropriada para os pequenos.

Chris Williams entregou duas excelentes obras com o selo da Disney/Pixar. São eles Moana – Um Mar de Aventuras e Operação Big Hero. Mas em A Fera do Mar, a possibilidade de entregar um produto mais longo, acabou prejudicando bastante a experiência. Apesar de ter um visual realmente incrível (seria lindo ter assistido ao filme no cinema), a trama se arrasta demais e perde o expectador, quase sendo um programa muito mais infanto-juvenil e adulto do que propriamente infantil. Os pequenos com certeza não se manterão tanto tempo presos à telinha. É preciso um pouco de paciência.

A Fera do Mar uma linda animação
A Fera do Mar: Zaris-Angel Hator é Maisie, Jared Harris é o Capitão e Karl Urban é Jacob Holland. Cr: NETFLIX © 2022

Na trama temos um clássico desenvolvimento de um adulto (Jacob Holland, dublado pelo excelente Karl Urban, de The Boys) e uma criança, neste caso órfã, chamada Maisie (dublada por Zaris-Angel Hator), que acabam se relacionando com uma grande fera do mar. O destino cruza seus destinos e eles embarcam em uma aventura que se ampara no conflito de humanos versus monstros marinhos, sendo que, por óbvio, os homens são o grande inimigo dessa relação.

A Fera do Mar constrói uma fábula interessante, e apresenta um mundo que sempre apontou as grandes feras como inimigos da humanidade. Nos registros e livros de história, eles são culpados por grandes tragédias, enquanto alguns poucos navegadores são os heróis. Mas, a história infelizmente não faz jus a realidade. É nesse aspecto que a aventura cresce em sua mensagem final, pois temos em Maisie uma menina negra que tenta refazer os rumos de uma sociedade que insiste em seus erros. Uma clássica crítica a uma cultura perpetuada também na realidade, que chegou a ter a escravidão de vários povos como um comportamento normal. O discurso final é realmente emocionante.

A Fera do Mar grandes cenários
A Fera do Mar: o ponto forte é a beleza e amplitude da animação e cenários! Cr: Netflix © 2022

Mas, como já cravei aqui algumas vezes, a aventura é pouco cativante em vários momentos. Não é dinâmica para que os pequenos se conectem e conta com certa morosidade em seu desenvolvimento. E isso não chega a ser uma exclusividade de A Fera do Mar. A liberdade que se dá aos diretores e produtores em obras voltadas para o streaming acaba sendo prejudicial quando não há uma edição bem feita, fazendo com que histórias simples acabem tendo até duas ou mais horas de produto final. Por vezes, o ditado “menos é mais” precisa ser seguido. Escrever é também cortar palavras. Traduzindo para o audiovisual: editar e cortar é preciso. O pecado da animação é proporcionalmente o inverso do ocorrido com Thor: Amor e Trovão, onde os cortes acabaram tirando o peso da história de determinados personagens. Enfim, essa mescla de tempo de tela e edição é realmente uma arte a ser dominada.

No final das contas, A Fera do Mar se torna um programa não tão fluido e gostoso de se assistir. A vantagem é que com o controle remoto nas mãos, você pode dividir a saga em capítulos para uma melhor digestão. 

Veredito da Vigilia

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