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A beleza trágica de Manchester à beira mar

Manchester à beira mar (Manchester-by-the-sea) é um filme de uma beleza trágica. Desde os primeiros segundos de produção somos apresentados a um cenário belo, rico em cores, mas ao mesmo tempo gelado e duro, muito duro. Ao mesmo tempo, nos dá a vontade de conhecer a cidade de um dos 50 estados norte-americanos, mas não queremos que a história de vida contada volte a ocorrer. É difícil superar, ou talvez, nem haja como. Por isso, Casey Affleck, na pele de Lee Chandler, está recebendo a devida atenção por sua atuação. Méritos também ao diretor Kenneth Lonergan, antes roteirista de Conta Comigo e Gangues de Nova Iorque, que nos conta a história de forma única.

Affleck e Hedges, heranças inesperadas.

Lee é um zelador de condomínios em Boston. Nada que lhe agrade e nada com que faça com que agrade aos outros. Ele está lá por um motivo, mas não contaremos isso aqui. É importante não levar essa informação ao cinema. Ao saber que seu irmão mais velho Joe (Kyle Chandler) morreu, ele precisa dar suporte ao sobrinho Patrick (Lucas Hedges) e ao que restou de sua família. O que ele não contava é que em seu testamento, Joe o deixa como tutor do filho adolescente e seus bens, incluindo o barco ao qual passaram bons momentos no passado.

A cena que não podemos contar

Lutando contra tantas surpresas que ele não queria, a mais grave delas é sua volta à Manchester-by-the-sea, Lee nos é apresentado com auxílio de flashbacks importantes e bem colocados. Sabemos que ele não quer estar lá e que ele é frio com todos que lhe rodeiam, mas não sabemos o porquê. Somos levados à essas respostas. Elas deixam cicatrizes profundas e a volta à cidade vai fazer com que elas sejam retocadas de forma tão forte quanto. E a boa participação de Michelle Williams, na pele de sua ex-esposa Randi, vai ajudar a expor isso. Tenha cuidado com as lágrimas.

As lágrimas podem surgir por aqui!

Em meio a seu passado e a perda do irmão, há ainda a responsabilidade por criar o sobrinho. Embora pareça duro, Patrick também reflete a perda do pai, que várias vezes é elogiado pelos parentes e amigos no pós-morte. Patrick tenta fugir de algumas realidades e, pela sua idade, algumas de suas atitudes são indevidamente permitidas por Lee. A mãe de Patrick, para piorar, é uma ex-alcoólatra, que, por mais que tente, ainda não está preparada para lidar com o filho a quem deu às costas anos antes. E aqui temos uma ponta de Mathew Broderick (sim, o nosso eterno Ferris Bueller). Com tantas costuras, somos jogados aos traumas de todos esses personagens. E por mais que sejam marcantes, sempre estamos guiados com muito capricho por Lonergan. Com cores, enquadramentos e movimentos sutis. Tudo sempre muito bonito. E trágico. Ao final, você vai querer ficar sentado na poltrona, apenas admirando o cenário e tentando digerir essa mescla, de drama e beleza. Que bela obra.

Assista ao trailer de Manchester à beira mar.

Veredito da Vigilia

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