Festival de Cinema

45º Festival de Cinema de Gramado emociona e brinda as mulheres em sua noite de premiação

Direto do Festival de Cinema

Emoção, representatividade e protagonismo feminino foram as grandes marcas do grande dia de premiação do 45º Festival de Cinema de Gramado, no sábado, dia 26 de agosto, e de todo o Festival. Como foi falado durante todo o evento, essa edição tinha um sabor especial. Tratava-se de um número redondo, propício para realizar balanços e comemorar vitórias. Afinal, são quarenta e cinco anos ininterruptos de evento, sendo o Festival de Cinema mais antigo do Brasil e o único feito fora de uma capital. Desde o primeiro, em 1973, que teve como melhor filme “Toda Nudez será castigada”, de Arnaldo Jabor, até a edição de 2017, milhares títulos foram exibidos no Palácio dos Festivais.

Esse Festival de Cinema foi diferente dos outros Festivais. Não apenas por suas exibições, mas também pelos seus inúmeros momentos de representatividade, que estiveram muito presentes e se encontraram no palco nessa final. Emocionando o público presente, a vencedora do Kikito de Cristal, Soledad Villamil, cantou três músicas durante a premiação. Foi um momento ímpar desse 45º Festival de Cinema.

Para iniciar a premiação, tivemos a categoria Curta-metragem (confira a premiação completa abaixo). Durante todo o Festival, tivemos quatorze curtas exibidos. O Prêmio Especial da Crítica foi para o filme “Cabelo Bom”, comemorando a representatividade. O curta, de direção e roteiro por Swahili Vidal, debate como as mulheres negras são pressionadas esteticamente para que se enquadrem em padrões pré-estabelecidos. A temática foi reforçada quando Nando Cunha ganhou o Prêmio de Melhor Ator de Curta. Muito emocionado, ele subiu ao palco e desabafou. “Esse filme nasceu de um desejo de mostrar que eu não era só um ator de comédia”, disse Cunha, que seguiu: “Queria mostrar que nós, atores negros, somos mais que só atores negros. Somos atores”, finalizou o ator vencedor do Kikito.

Como melhor curta, o júri popular escolheu A Gis, de Thiago Carvalhaes. Mas o grande destaque da noite foi Tailor, um filme sobre um quadrinista trans, dirigido por um diretor trans, Calí dos Anjos. Ao subir ao palco, Calí falou sobre a importância do curta. “Queria agradecer por todas as pessoas trans que lutam todos os dias”, falou o diretor. Neste ano, o Festival de Cinema de Gramado tinha parceria com o Canadá. Para incentivar os novos nomes do cinema, o governo do país concedeu o Prêmio Canadá 150 anos para Jovens Cineastas, dado também a Calí dos Anjos por Tailor.

Na categoria que premiava os melhores longas estrangeiros, destaques para La Última Tarde, que venceu nas categorias de melhor atriz, para Katerina D’Onofrio, Melhor Roteiro, para Joel Calero e para Pinamar que ganhou como Melhor Ator, para os atores Juan Grandinetti e Agustín Pardella, Melhor Direção, para Fredericoo Godfrid e Júri da Crítica. O prêmio especial do júri foi concedido para Los Niños, de Maitê Alberdi. Melhor filme foi vencido por Sinfonia para Ana.

Entre os longas-metragens brasileiros que estavam concorrendo, o líder absoluto de prêmios é Como Nossos Pais. Dirigido e roteirizado por Laís Bodanzky, o filme venceu nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante, para Clarisse Abujamra, Melhor Atriz, para Maria Ribeiro, Melhor Ator, para Paulo Vilhena, Melhor Direção, para Laís Bodanzky e Melhor Filme.

Paulo Vilhena e Maria Ribeiro receberam seus Kikitos!

Ao subir ao palco, Maria Ribeiro, muito emocionada, disse que sabia que estava no papel certo “O tempo inteiro estava certa que estava ao lado do papel da minha vida”, disse Maria, que finalizou seu discurso falando que “Nesse país, só se tem salvação na arte”. Paulo Vilhena subiu ao palco e concordou com a parceira. “Estamos vivendo numa era muito difícil, fazemos cinema e arte para melhorar isso”, disse. Mas o discurso mais emocionante da noite foi da diretora Laís, que lembrou que o audiovisual possui poucas mulheres em sua produção. “Eu sou uma das poucas mulheres na direção do nosso cinema e não tinha me dado conta disso. Cerca de 15% das pessoas envolvidas na produção de cinema são mulheres”, disse Laís. “Tem alguma coisa que nos faz não chegar nos lugares de discurso”, complementou. A diretora de Como Nossos Pais e de inúmeras produções gaúchas disse que tem orgulho de ser uma mulher e representar a classe e dedicou seu Kikito a todas as mulheres do cinema brasileiro.

O 45º Festival de Cinema de Gramado encerrou na noite deste sábado, dia 26 e a cobertura completa da Vigília também. Ao longo das próximas semanas, teremos ainda entrevistas exclusivas e artigos sobre o evento.

Lista completa dos vencedores:

LONGAS-METRAGENS BRASILEIROS
Melhor Filme: “Como Nossos Pais”, de Laís Bodanzky
Melhor Direção: Laís Bodanzky, por “Como Nossos Pais”
Melhor Atriz: Maria Ribeiro, por “Como Nossos Pais”
Melhor Ator: Paulo Vilhena, por “Como Nossos Pais”
Melhor Atriz Coadjuvante: Clarisse Abujamra, por “Como Nossos Pais”
Melhor Ator Coadjuvante: Marco Ricca, por “As Duas Irenes”
Melhor Roteiro: Fábio Meira, por “As Duas Irenes”
Melhor Fotografia: Fabrício Tadeu, por “O Matador
Melhor Montagem: Rodrigo Menecucci, por “Como Nossos Pais”
Melhor Trilha Musical: Ed Côrtes, por “O Matador”
Melhor Direção de Arte: Fernanda Carlucci, por “As Duas Irenes”
Melhor Desenho de Som: Augusto Stern e Fernando Efron, por “Bio
Melhor Filme – Júri Popular: “Bio”, de Carlos Gerbase
Melhor Filme – Júri da Crítica: “As Duas Irenes”, de Fabio Meira
Prêmio Especial do Júri: Carlos Gerbase, pela direção dos 39 atores e atrizes em “Bio”
Prêmio Especial do Júri – Troféu Cidade de Gramado: Paulo Betti e Eliane Giardini, pela contribuição à arte dramática no teatro, televisão e cinema brasileiros

LONGAS-METRAGENS ESTRANGEIROS
Melhor Filme: “Sinfonia Para Ana”, de Virna Molina e Ernesto Ardito
Melhor Direção: Federico Godfrid, por “Pinamar”
Melhor Atriz: Katerina D’Onofrio, por “La Ultima Tarde”
Melhor Ator: Juan Grandinetti e Agustín Pardella, por “Pinamar”
Melhor Roteiro: Joel Calero, por “La Ultima Tarde”
Melhor Fotografia: Fernando Molina, por “Sinfonia Para Ana”
Melhor Filme – Júri Popular: “Mirando al Cielo”, de Guzman García
Melhor Filme – Júri da Crítica: “Pinamar”, de Federico Godfrid
Prêmio Especial do Júri: “Los Niños”, de Maite Alberdi

CURTAS-METRAGENS BRASILEIROS
Melhor Filme: “A Gis”, de Thiago Carvalhaes
Melhor Direção: Calí dos Anjos, por “Tailor”
Melhor Atriz: Sofia Brandão, por “O Espírito do Bosque”
Melhor Ator: Nando Cunha, por “Telentrega”
Melhor Roteiro: Carolina Markowicz, por “Postergados”
Melhor Fotografia: Pedro Rocha, por “Telentrega”
Melhor Montagem: Beatriz Pomar, por “A Gis”
Melhor Trilha Musical: Dênio de Paula, por “O Violeiro Fantasma”
Melhor Direção de Arte: Wesley Rodrigues, por “O Violeiro Fantasma”
Melhor Desenho de Som: Fernando Henna e Daniel Turini, por “Caminho dos Gigantes”
Melhor Filme – Júri Popular: “A Gis”, de Thiago Carvalhaes
Melhor Filme – Júri da Crítica: “O Quebra-Cabeça de Sara”, de Allan Ribeiro
Prêmio Canada 150 de Jovens Cineastas: Calí dos Anjos (“Tailor”)
Prêmio Canal Brasil de Curtas: “O Quebra-Cabeça de Sara”, de Allan Ribeiro
Prêmio Especial do Júri: “Cabelo Bom”, de Swahili Vidal e Claudia Alves

Foto: Diego Vara/ Pressphoto

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