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12 Heróis | Crítica

A celebração de filmes de guerra com a tônica de grandiosidade e glória para os Estados Unidos está de volta com o longa 12 Heróis. O filme dirigido pelo fotojornalista Nicolai Fuglsig chega no dia 15 de março aos cinemas brasileiros com um elenco que chama atenção dos cinéfilos: Chris Hemsworth (o Thor dos filmes da Marvel), Michael Shannon (A Forma da Água) e Michael Peña (Homem-Formiga). A história é baseada em fatos reais, foi roteirizada por Ted Tally e Peter Craig, e vinda do livro “Horse Soldiers”, do escritor Doug Stanton. A julgar por tudo isso, poderia ser um grande filme não é mesmo? Quase isso. Sobrou nacionalismo e heroísmo, mas faltou empatia.

A história gira em torno de uma equipe das Forças Especiais americanas enviadas para o Afeganistão logo após os ataques de 11 de Setembro. A clássica mágoa de um dos eventos mais absurdos da história recente. Com o gosto da vingança ressaltando em suas salivas, o grupo vai de forma um tanto quanto isolada conduzindo uma série de ataques nas cavernas talibãs em busca de um dos líderes das forças inimigas e autores do atentado. Quanto a produção, efeitos especiais, fotografia e tom do filme, nada contra. Tudo em seu lugar, com um capricho visual que ressalta aos olhos. Mas é na falta de conexão com o público de fora dos Estados Unidos que o longa acaba ficando para trás. É fato que a catarse norte-americana em transformar pequenos episódios em grandes conquistas por vezes sai ou extrapola seus níveis de aceitação. E esse é um dos casos. Embora possa parecer importante contar uma história de sobrevivência, vemos o tempo todo o poderio bélico norte-americano se sobressair a refugiados afegãos com armamento precário. E de forma até fácil, o capitão Mitch Nelson (Hemsworth) vai guiando bombardeios aéreos simplesmente repassando coordenadas. E isso de fato em quase nada equipara um duelo de duas forças, apenas um enfrentamento desigual com sabor de revanche. Um tanto maniqueísta.

Um grupo cheio de equipamentos contra pessoas que sequer comem direito.

O interessante é que talvez 12 Heróis traga uma ideia mal executada. Não é de todo mal relembrar tais eventos e adaptá-los ao cinema. Pelo contrário, a sétima arte também vive disso, e temos grandes eventos de guerra entre algumas das melhores obras já feitas. E 12 Heróis  também tem uma levada interessante. Mas, realmente, não é um filme feito com o coração. O apelo nacionalista é recorrente e aqui soa forçado. Praticamente todos os anos temos algo que ressalte as cores da bandeira do Tio Sam. O Dia do Atentado foi um exemplo de 2017, e agora, este ano, tivemos também  O que te faz mais forte. Ambas as produções contam de óticas diferentes o atentado sofrido em Boston. E todas elas, junto com 12 Heróis, não funcionam tão bem fora desse mercado.

Mas vamos lá, 12 Heróis não é de todo ruim. Aliás, eu nem deveria ter usado esse adjetivo. O filme está longe de ser uma obra digna de notas negativas e ocupa uma boa sessão de cinema, se formos levar em conta apenas o entretenimento. Principalmente para os amantes de filmes de ação. Essa é uma parte competente trazida pelo primeiro filme de Fuglsig. Nessa linha, o filme cumpre sua função, deixando seu contexto histórico apenas como uma curiosidade relevante. Mas no final das contas, é mais um capítulo norte-americano deflagrado pela sua cultura bélica. Ano que vem tem mais.

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