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Um mundo reimaginado em Yesterday | Crítica

“Yesterday” é um grande “e se..?”. E se os Beatles nunca tivessem existido? E se você tivesse a chance de mudar o rumo da sua vida e ser o maior músico de todos os tempos? E se você descobrir que o amor da sua vida pode estar logo ali? Yesterday é dirigido por Danny Boyle (Trainspotting) e estreia em todo Brasil na quinta-feira, dia 29 de agosto.

O longa nos traz Jack Malik (Himesh Patel), um músico que está na casa dos 30 e ainda não emplacou a sua carreira musical e mora com seus pais. A sua melhor amiga e empresária, Ellie (Lily James, de Em Ritmo de Fuga), é responsável por agendar os seus shows em bares locais e aniversários de criança. Tudo muda quando Jack sofre um acidente. No exato momento em que fora atropelado por um ônibus, um blecaute de 12 segundos tomou o mundo todo, que não foi mais o mesmo. Logo Jack percebe que está vivendo em um mundo em que os Beatles nunca existiram. As letras das músicas em sua cabeça são, dessa forma, uma chance de finalmente chegar ao estrelato.

Patel tem a sua estreia no cinema em “Yesterday” e se sai muito bem, tanto na atuação, quanto no canto. O seu personagem tem o benefício de ter em suas mãos algumas das maiores músicas de todos os tempos, que fazem sucesso por si só, porém Patel merece um destaque por suas belas versões desses clássicos.

Ao lado de Himesh temos a nova queridinha, Lily James, que esteve em Downton Abbey (2012-2015), deu vida à Cinderela na adaptação live-action da Disney em 2015, participou de Em Ritmo de Fuga (2017) e brilhou como a jovem Donna em Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo (2018). Ela está mais fofa e apaixonante do que nunca em seu novo papel, porém a sua personagem, Ellie, acaba não sendo muito mais do que a parceira romântica do protagonista.

Lily James e Patel contracenam gravando “I Want To Hold Your Hand”

O cantor Ed Sheeran, que participou de um episódio de Game of Thrones, tem uma participação muito divertida no filme, interpretando a si mesmo. Ele aparece como o cara que realmente imaginamos que ele seja: simpático, fofo e modesto ao dar uma grande oportunidade ao personagem Jack.

Ao contrário do que podemos imaginar, não foram somente os Beatles que sumiram nesse filme. Oasis, por exemplo, acabou nunca existindo, assim como outras bandas, invenções e obras que não vou detalhar aqui, para não tirar a graça dos momentos de frustração do nosso protagonista. 

O filme nos mostra um pouco do que já sabemos: o enorme impacto do quarteto formado por Paul, John, George e Ringo no mundo. Mesmo em uma linha do tempo onde nunca existiram, as suas canções emocionam, impactam e fazem sucesso para o personagem de Himesh, que passa a sentir na pele um pouco do que os músicos passaram durante a “Beatlemania”, a febre internacional que tomou os fãs no início de suas carreiras.

Não há uma explicação sobre o que causou essa mudança na linha do tempo do filme, mas isso não é algo que incomoda. Eu, por exemplo, sou fã de filmes que usam de eventos “sobrenaturais” em contextos de não ficção científica propriamente dita, como em “Questão de Tempo” (2013) e “Casa do Lago” (2006).

Merece destaque também a bela fotografia do filme, que acompanha alguns cenários fantásticos da Inglaterra. Em Yesterday tivemos a oportunidade de visitar e conhecer, assim como o protagonista, um pouco dos locais que inspiraram algumas músicas da banda, como o túmulo de Eleanor Rigby, o Stawberry Field (um orfanato) em Liverpool e outros mais. 

Os Beatles em imagem do clipe de “Strawberry Fields Forever”, de 1967

En Yesterday, o diretor Danny Boyle foge um pouco dos gêneros de outros de seus filmes, uma vez que também é responsável pelo cult Trainspotting, Jobs (2015), 127 Horas (2010), Quem Quer Ser um Milionário (2008) e A Praia (2000).

O roteirista, Richard Curtis, é quem faz o elo maior com a temática, pois também é o responsável pelos já mencionados “Questão de Tempo” (2013), “Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo” (2018) e por alguns dos maiores clássicos de comédia romântica, como “Quatro Casamentos e um Funeral” (1994) e “Simplesmente Amor” (2003). 

Não posso deixar de mencionar (mas sem dar muitos spoilers) que, quando se direciona para o seu terceiro ato, o longa nos traz uma surpresa linda e agradável, que com certeza emocionará muitos espectadores. 

Yesterday, com seus tantos “e se..”, propõe diversas reflexões ao longo dos seus 116 minutos, além de arrancar umas boas risadas. Fofo e emocionante, é uma obra leve, divertida e inesperada.

Veredito da Vigilia

Ah, após assistir o filme, vale conferir a playlist oficial do filme no Spotify:


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