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WandaVision: no final de tudo, a origem do caos!

WandaVision, a primeira experiência da Marvel Studios como série de TV, é mais um capítulo na saga infinita (não confundir com Guerra Infinita) que a maior editora de quadrinhos do mundo segue construindo desde a chegada de Homem de Ferro, em 2008. Desta vez, catapultada pelo excelente desfecho da Fase 3 em Vingadores: Ultimato (2019), ela nos guia pela primeira trilha dos percalços que virão na Fase 4. Embora essas nomenclaturas possam ser confusas para parte do público, ainda que todos os conteúdos funcionem de forma isolada, não há como separar uma coisa da outra. É preciso pavimentar o caminho para uma ameaça tão grande quanto a que foi Thanos nos últimos 12 anos. E como vimos em Ultimato, talvez só uma personagem tão poderosa quanto ele poderia dar conta dessa missão. O pior (ou melhor) é que agora estamos falando de uma ameaça encarnada por uma personagem querida do público e que cresceu ainda mais depois desses nove episódios da série.

Embora você possa ter algum tipo de insatisfação com a série – seu ritmo, possível enrolação ao homenagear tantas séries icônicas da TV norte-americana, ou mesmo o fato de ela não ter o seu “Luke Skywalker”, no exemplo de The Mandalorian -, a verdade é que mais uma vez a ousadia da Marvel nos trouxe alívio para um gênero tão explorado nos cinemas e TV. Assim como fez com Homem-Formiga e depois Pantera Negra, a Casa das Ideias trouxe uma novidade ao gênero, brincando com a comédia, parodiando e dando a oportunidade para atores incríveis como Elizabeth Olsen e Paul Bettany mostrarem seus talentos criando personagens de época dentro de propriedades intelectuais dos quadrinhos. Buscando um pouco do surto e estranheza de Tom King, mesclando a fase colorida dos Vingadores da Costa Oeste imortalizadas no traço de John Byrne, temos ainda drama, luto, novos personagens e as correções de rumo essenciais para ganharmos de vez a Feiticeira Escarlate no Universo Marvel do Cinema. Antes ela era relegada a um sotaque duvidoso de Sokovia e poderes sem tantas conexões com suas origens dos quadrinhos. Detalhes percebidos pelos fãs que aqui são explicados, principalmente pelo núcleo formado pela excelente Kathryn Hahn como Agatha Harkness (foi ela o tempo todo), Randall Park como Jimmy Woo e Darcy Lewis (Kat Dennings). Até mesmo o aleatório e genérico diretor Hayward (Josh Stamberg) disse a que veio. Monica Rambeau (Teyonah Parris) terá seu parágrafo particular mais para frente.

WandaVision deu sobrevida para Kat Dennings como Darcy Lewis e Randall Park como Jimmy Woo.

Falando em fãs, é impossível não contextualizá-los durante toda a temporada. O acertado lançamento semanal dos episódios fizeram com que a série definitivamente parasse a internet todas as sextas-feiras desde sua estreia (que foi morna). Evidentemente, eles são plenamente responsáveis pelo que cativam. Com isso, altas expectativas podem também trazer altas decepções. E não há como culpar a série por algo que os roteiristas nunca previram. Ainda não são os fãs os completos donos do campinho. Não é um produto pronto antes de seu lançamento o responsável pelas teorias malucas que circularam durante todo esse período. Aguentem.

Com tantos pontos de reflexão e possibilidades, talvez a grande decepção de WandaVision tenha sido a duração dos episódios, que somados com os extensos créditos de encerramentos garantiram pouco mais de 30 minutos em uma média geral. No entanto, é interessante pensar que essa mesma questão foi ponto positivo (novamente) de The Mandalorian. Nela, as ações narrativas diretas jogavam muito a favor, mas claro, a realidade e o universo é completamente diferente.

Quebrando as teorias malucas, foi Agatha (Kathryn Hahn) o tempo todo!

Depois de entregar ótimos momentos refletindo Dike Van Dyke Show, A Feiticeira, The Brady Bunch, Caras e Caretas, Malcolm e Modern Family, WandaVision cresceu quando oscilou sua trama para dentro e fora do “Hex”. Foi quando vimos as consequências do Blip, a apresentação de Monica Rambeau (Teyonah quase sempre roubando a cena) e também o sofrimento de uma cidade inteira dominada por Wanda Maximoff. A estrela da série, por fim, foi finalmente apresentada como deveria ser desde Vingadores: A Era de Ultron e a distância tomada em relação aos Mutantes – principalmente Magneto – foi também de certa forma um alívio. O trabalho feito pela Fox precisa ser esquecido e merecemos um reboot total dessa parte da Marvel (que veremos muito em breve). Marcou, é claro, a excelente participação de Evan Peters como uma encarnação/piada auto referente com um aleatório Mercúrio.

Evan Peters, o fake Pietro e os gêmeos Tommy (Jett Klyne) e Billy (Julian Hilliard) conquistaram em suas roupas de Halloween.

E claro, como uma história que terá impacto em Doutor Estranho: No Multiverso da Loucura, já que o Mago Supremo é citado e já colocado como inferior à Feiticeira Escarlate, o final de WandaVision foi digno de tudo que a Marvel já nos entregou. O fato de não deixar um cliffhanger (temos duas cenas pós-créditos) tão contundente foi acertado, visto que a ansiedade entre um capítulo e outro era quase sempre torturante. Deixar essa lacuna em aberto de forma tão voraz poderia ser realmente um problema para nossa saúde. Como ficou, veio com classe.

Visão (Paul Bettany) e Wanda (Elizabeth Olsen): momentos antes das lágrimas!

 E não poderia deixar o texto sem comentar a participação de Visão. Um achado em Paul Bettany (e esse sim, desde 2008 como Jarvis). Talvez tenha sido dele as melhores e mais emocionantes cenas. E o interessante disso tudo é que vemos em um sintozóide as maiores cargas dramáticas (pelo menos no quesito atuação). Elizabeth é claro, não fica para trás, mas a season finale poderia ter sido mais emocionante se os perigos representados por Agatha não fossem tão facilmente resolvidos. A despedida de Evan Peters e o embate com Monica foi a grande frustração da série.

Teyonah Parris como Monica Rambeau: personagem apresentada, agora queremos mais!

E claro, temos as cenas pós-créditos, com uma simbólica entrada de Monica e uma Skrull em um cinema (leia-se: nos vemos no cinema Capitã Marvel original!) sendo solicitada por Nick Fury na base espacial da S.W.O.R.D., e, o retiro de Wanda com o Darkhold ouvindo os clamores dos filhos vindos de alguma realidade paralela. Tudo isso, certamente cairá no colo do Mago Supremo, que, como vimos, vai ter muito trabalho encarando a Feiticeira Escarlate. Afinal, ela veio para destruir o mundo!

Veredito da Vigilia

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