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Viúva Negra entrega ação, aventura e um grande legado

Finalmente estamos diante de Viúva Negra, o filme solo da heroína da Marvel que, lamentavelmente, chegou com um certo atraso. Este atraso impacta diretamente, e não da melhor forma, em Natasha Romanoff, novamente vivida com todo esplendor por Scarlett Johansson. Mas se por um lado temos o fim de uma jornada e um ponto negativo, de outro temos um início, previsto desde a confirmação de Florence Pugh (Midsommar) como a nova Viúva, Yelena Belova. Com muita ação, aventura e algumas piadas a mais, Viúva Negra entrega um bom filme, como sempre esperamos da Marvel Studios.

Pela sua essência, é claro, com uma heroína sem poderes e mais “pé no chão” (embora as peripécias aqui me contrariem) já era de se esperar algo menos grandioso, uma régua que os fãs da Marvel ainda precisam aprender a regular. Nem tudo será um Guerra Infinita ou Ultimato, e nem mesmo as séries deverão ser capazes de arranhar o espetáculo proporcionado anteriormente pelos irmãos Russo. Mas Viúva Negra é digno de sua heroína e já se coloca como um dos melhores filmes de heroínas dos quadrinhos dos últimos (ou de todos) os tempos.

O mais crítico saberá e gritará. A concorrência não é lá essas coisas, principalmente com o gosto amargo deixado por Mulher-Maravilha 1984, e, um pouco menos com Aves de Rapina. Se puxarmos o histórico para Mulher-Gato de Halle Berry, bom então, é claro que estamos diante de um filme digno de todos os prêmios. Ainda que os comparativos sejam sempre injustos e desproporcionais, são também inevitáveis.

O que também pode prejudicar a experiência ao assistir ao filme dirigido de forma muito competente por Cate Shortland, é o Premier Access. Ao dar o play no filme em casa, perdemos o evento cinematográfico, a imersão e parte da diversão que cerca o MCU. Creio que esta é a primeira vez que não assisto um filme do MCU na sala escura. É um pouco triste.

Viúva Negra Yelena Belova
Yelena Belova (Florence Pugh) faz jus ao legado da Viúva Negra

A história de Viúva Negra é básica e interessante, embora deixe muita coisa para trás. Natasha Romanoff tem um background de 10 anos de MCU que não é explorado em sua total potencialidade, deixando muitas brechas abertas, propositalmente ou não. Até mesmo o tão badalado passado em Budapeste com Gavião Arqueiro ainda tem muita margem e volta aqui em alguns diálogos e poucas pistas. Será uma lacuna deixada para ser contada em mais filmes? Uma série? Não sabemos, mas depois de conferir o filme solo, você ainda vai se perguntar: o que exatamente se passou por lá?

Fora isso, temos algumas revelações e os principais motivos que levam Natasha a rever sua família russa composta por Melina (a ótima Rachel Weisz), Alexei/Guardião Vermelho (o alívio cômico centrado em David Harbour) e uma personagem surpresa, que não vale revelar aqui, mas que fica fácil identificar, afinal seu nome aparece nos créditos iniciais, tirando um pouco a graça de um dos principais mistérios do filme desde os primeiros trailers. Afinal, quem é o Treinador? Bom, dá pra dizer que foi uma boa escolha, apesar do contratado ter basicamente uma fala.

o treinador
As lutas com o Treinador são incríveis. Personagem é o grande mistério desde os trailers!

As cenas de ação são novamente competentes, e o pouco do passado que vemos de Natasha com Yelena e as demais Viúvas Negras são interessantes. Fica para o vilão maior do filme o fardo de não cumprir com a expectativa gerada. Tanto no transparecer de perigo quanto em seu embate (pouco) revelador com Natasha, temos em Dreykov (Ray Winstone) um dos vilões mais esquecíveis do MCU, rivalizando de perto com Malekith (de Thor 2) e a Fantasma (de Homem-Formiga e a Vespa). O que deveria ser preocupante acabou ficando descaracterizado pelas noções e diálogos pouco inspirados. As desculpas para termos, novamente um evento megalomaníaco no terceiro arco são situações que também nos tiram um pouco da trama, já que, como falei antes, sabemos que estamos diante de uma personagem sem grandes poderes especiais.

No final das contas, Viúva Negra desponta como mais um bom filme da Marvel. Se não entrega o filme que Natasha e Scarlett mereciam em sua totalidade, pelo menos deixam um importante legado para o futuro dos Vingadores. Afinal, sabemos que a Marvel sabe contar suas histórias com paciência e tempo, sempre gerando a expectativa do que está por vir. E claro, temos a clássica cena pós-créditos que é ao mesmo tempo instigante, mas irritante por querer (como na maioria das vezes) fazer graça sem necessidade. Talvez tenhamos ainda este ano a continuidade da história da Viúva Negra

Veredito da Vigilia

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