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Victoria e Abdul: O confidente da Rainha | Crítica

Nova obra de Stephen Frears traz a excelente Judi Dench e conta uma história real entre dois personagens distintos

Stephen Frears volta a explorar a história da família real britânica em seu novo filme Victoria e Abdul: O Confidente da Rainha. O responsável por Alta Fidelidade, e A Rainha se recupera de sua tentativa frustrada de Florence: Quem é Esta Mulher? e acerta em uma proposta que mistura comédia, drama, realidade e aquela clássica pitada de fantasia que só o cinema é capaz. Em uma época distante, nos idos de 1887, somos jogados a uma história que foi descoberta há pouco tempo. E já nos créditos iniciais, Frears faz questão de sublinhar que o longa traz os relatos históricos em sua maior parte. E o melhor, temos Judi Dench, do alto de seus 82 anos, entregando uma rainha Vitória digna de, no mínimo, uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz. Ela contracena com o ator indiano Ali Fazal, que desfila simpatia.

A incrível história que uniu uma das mais longevas Rainhas da Inglaterra a um jovem empregado indiano começa quando, por acaso, ele é enviado de Agra, na Índia, para o Castelo de Windsor, onde participa da cerimônia do Jubileu de Ouro. Na época, o Reino Unido era também “dono” do país asiático. Abdul Karim (Fazal) tem uma envergadura e imposição que chamam a atenção do cargo mais importante na política mundial da época. A dupla cria então uma grande relação de confidência. E claro, isso em 1887 não era visto com bons olhos pela supremacia branca. Aliás, é bem possível que nos dias atuais isso fosse confrontado também com grandes doses de preconceito. Obviamente, vemos todo o julgamento que pode sair de uma sociedade rica, branca e que não aceita a “invasão” de um cidadão indiano. A falta de conhecimento sobre diversidade e uma cultura diferente também costuma assustar (até hoje) quem não tem os mesmos costumes, religião e gostos. A Inglaterra do século XIX era uma reprodução do mundo atual em uma proporção de núcleo.

Judi Dench e Ali Fazal seguram o filme inteiro

Com uma riqueza de cenários, fotografia, cenografia, maquiagem e figurino, Victoria e Abdul mostra um capricho digno da realeza. Tudo fica muito bem apresentado, desde a pobreza da Índia, que também contrasta com o babilônico Taj Mahal, até os grandes castelos e panorâmicas imagens do Reino Unido. As duas culturas aparecem recheando a trama e a troca de conhecimento entre os novos amigos. E a cada vez que Victoria era instigada a desvalorizar o visitante distante, Abdul caia para cima, sendo transposto de servo para mushi, tutor da Rainha, e por fim, nomeado como membro da Corte. Além da cúpula britânica, quem também não gosta de tudo isso é Mohammed (Adeel Akhtar) que também cruzou oceanos junto com Abdul, mas que nunca quis sair de sua terra. São dele algumas das melhores tiradas cômicas do filme.

Por tudo que representa em sua trama principal, com a missão de mostrar e desmistificar alguns pensamentos errôneos sobre culturas que a maioria das pessoas não conhece, mas sempre pré-julga, e também em suas sub-tramas, Victoria e Abdul é o típico filme que vale o destaque da crítica e a sessão na sala escura. Vale pela comédia, vale pelo drama, vale por Judi Dench e pelo avanço cultural e de conceitos que ele vai trazer. E claro, vale pela retomada do diretor Stephen Frears.

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