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Verdade ou Desafio | Crítica

Um novo filme com a pegada do terror adolescente está chegando aos cinemas dia 3 de maio. Trata-se de Verdade ou Desafio (Truth or Dare), longa da Blumhouse, a casa da produção do terror norte-americano que vem oportunizando cada vez mais obras com a temática. O selo, apesar da fama, não chega a ser um carimbo de qualidade. Nos últimos meses, a Blumhouse foi responsável por altos e baixos da arte de assustar, tais como os ótimos Fragmentado (de M. Night Shyamalan) e Corra! (Jordan Peele), o divertido A Morte Te Dá Parabéns, e os malfadados Sobrenatural: A Última Chave (Adam Robitel) e Amityville: O Despertar (Franck Khalfoun). Ou seja, a balança está bem equilibrada, e Verdade ou Desafio veio puxar a média da produtora do terror para baixo.

Terror adolescente = amigos em algumas roubadas

Em Verdade ou Desafio temos o clássico grupo de jovens que sabemos: 1- vai se meter em uma roubada mortal; e 2- a quantidade de jovens serve para que o grupo vá se perdendo pelo caminho. Aqui eles, em uma viagem de férias, se deparam com um ritual com um espírito do mal que os persegue e os faz jogar jogos mortais (ok, desculpa o trocadilho infame dentro do cinema de terror). Forçada a partir com o grupo de amigos – sim a nossa protagonista queria fazer trabalhos humanitários ao invés de sair de férias com os amigos – Olivia (Lucy Hale) acaba levando a turma para uma enrascada. Enfim, ela foi inocente, como já diriam os memes do Choque de Cultura. A quebra de estruturas clássicas do gênero fica por conta do passado que ela viveu e vai tentar esconder a todo custo da melhor amiga Markie (Violett Beane, vista também nas séries do Flash e Legends Of Tomorrow). O triângulo amoroso se fecha com o terrível (de ruim) Lucas (Tyler Posey, de Teen Wolf, Jane: The Virgin e olha só, da série Pânico feita para a TV). Já o grupo se completa com os menos importantes (e isso é basicamente um spoiler) Penelope (Sophia Ali), Ronnie (Sam Lerner), Tyson (Nolan Gerard Funk) e Brad (Hayden Szeto).

Jogos Mortais, digo… jogos mortais para adolescentes.

Forçados a jogar Verdade ou Desafio (em alguns lugares do Brasil o jogo também é chamado de Verdade ou Consequência), o espírito vai zoando com a vida dos jovens, que acabam revelando segredos (quando pedem “verdade”) ou tendo que realizar tarefas pra lá de inglórias (quando pedem “desafio”). Na clássica necessidade de colocar ou tentar impor um ícone ao filme (saudades máscaras de Jason e Ghostface), os personagens, quando rapidamente possuídos pelo espírito, ficam com uma cara que era pra ser assustadora, mas acaba tendo um efeito contrário, dando aquele ar de filme trash para a produção. Não dá pra negar, às vezes pode dar vontade de rir.

Momento segure o riso: personagens ficam com essas caretas ótimas quando possuídos.

Buscando por uma solução ao caos e a trama diabólica, os personagens vão percorrer algumas pequenas missões que vão, pouco a pouco, os colocando cada vez mais em situações perigosas para sua saúde, tanto mental, quanto física. Aqui podemos perceber que houve pouco investimento no filme. Quando temos cenas de morte, a solução do diretor para driblar a falta de recursos é o corte seco, sem mostrar alguns atos em suas formas mais contundentes. E, querendo ou não, não é o que se espera em um filme assumidamente de terror.

O grande acerto de Verdade ou Desafio é dar um pouco de profundidade ao passado das garotas Olivia e Markie, e prender nossa atenção. A narrativa deixa tantas opções para o último ato que o espectador pode até se animar com a aproximação do clímax. No entanto, entre tantas possibilidades, Verdade ou Desafio segue o fim mais clichê e esdrúxulo possível, fazendo a empolgação cair com o fechar das cortinas. Tudo em função de um gancho para o futuro, que se depender de mim, nem precisa existir.

Veredito da Vigilia

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