Unidas Pela Esperança: excelente para o chá das 4
Procurando um filme para se sentir bem, que envolva um pouco de drama, algumas intrigas leves, traumas de guerra e música? Então Unidas Pela Esperança (do original Military Wives) pode ser aquele programa ideal para uma tarde de chuva, acompanhada de um chá e alguns bolinhos, talvez. O filme, que tem um pé na vida real, é uma clássica Sessão da Tarde e mira o público que está envolvido na sua trama principal: mulheres adultas, casadas e que procuram uma distração. Afinal, esse é exatamente o centro da produção, que traz a excelente Kristin Scott Thomas (Rebecca – A Mulher Invisível) em um duelo previsível com Sharon Horgan (A Noite do Jogo). Duas esposas de militares britânicos que residem em uma base no interior da Inglaterra e aguardam os maridos voltarem de uma missão de guerra no Afeganistão. Para unir e garantir uma distração para as demais mulheres do “pelotão”, elas formam um coral. Ou como gosta de dizer a personagem Lisa “um clube de música”, que é pra não ter um nome tão chato.
Apesar de parecer simples, a história traz sim sua parte dramática, onde todas elas estão muito preocupadas (e com razão) com a vida dos parceiros. Mas o conflito maior (apesar de ter o Afeganistão como pano de fundo) começa quando Lisa (Sharon) e Kate (Kristin) começam a se engalfinhar pelo posto de liderança do coral, um projeto sugerido pelo próprio grupo de mulheres. Lisa é moderna, tem talento para a música, mas Kate é a clássica professora rígida e com conhecimento teórico de partituras e afins. A junção dos perfis tão diferentes começa com uma crise, passa pela fase de se entender e traz ainda um embate antes da resolução. Dirigido por Peter Cattaneo (Ou Tudo ou Nada e do ótimo O Roqueiro, com Rainn Wilson), temos na verdade um filme bem previsível, que pouco vai nos preocupar, mas cumpre bem a promessa de entretenimento. Seus pontos altos são as personagens carismáticas, mas, diante da realidade imposta em 2020 e o contexto atual do Brasil, é bem fácil pensar que o drama daquelas pessoas (todas bem sucedidas e amparadas fortemente pelo Exército Britânico) não seja tão impactante quanto ao de uma dona de casa brasileira da periferia.
Como a história tem base na vida real, onde o coral britânico realmente chegou ao estrelato, chegando a uma apresentação no Royal Albert Hall, o filme ganha um pouco mais de pontos. O movimento das mulheres atualmente atende 2300 pessoas no Reino Unido e em suas bases militares no exterior. Por tudo isso, o filme também acaba mostrando a importância da saúde mental entre diferentes faixas de idade e de perfis de mulheres. É uma luta universal, mas que aqui tem uma embalagem muito limpa, afinal, estamos falando de um país de primeiro mundo. Por outro lado, podemos esperar que a guerra nos traga alguns elementos de como lidar com perdas (atuais e do passado).
No aspecto de produto final, Unidas Pela Esperança não tem tantos atrativos narrativos. Tem uma condução linear, um conflito óbvio e um desfecho tão óbvio quanto. Seus melhores momentos então não estão ao final, mas durante a jornada das mulheres, que passam pelo momento de formação, maturação, conflito regado em dramas particulares, até que chega ao seu final (pouco) apoteótico.