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Uncharted: Fora do Mapa é um triunfo entre as adaptações de games

Uncharted: Fora do Mapa é o novo game que vira filme em live-action nas mãos da Sony Pictures. Depois dos recentes e genéricos Monster Hunter e Resident Evil (que provavelmente você não viu, ou já esqueceu), ficou fácil para o diretor Ruben Fleischer (Zumbilândia e Venom) e os astros Tom Holland e Mark Wahlberg entregarem também uma aventura genérica, de um game genérico. A diferença é que aqui, tudo casa muito bem com o jogo, um dos maiores sucessos do PlayStation. E isso por si só, no hall dos filmes baseados em games, é um grande triunfo. Uncharted: Fora do Mapa é muito Uncharted, o que deve ser suficiente para, assim como o game, enfileirar uma franquia de sucesso também nas telonas. E foi feito para a maior tela possível.

Reunindo uma fórmula já muito vista nos grandes blockbusters, e bebendo da aura do clássico de Steven Spielberg e George Lucas, Indiana Jones (o pai de todos), Uncharted não chega a ser uma grande novidade enquanto narrativa. Nathan Drake (Tom Holland) é recrutado por Victor “Sully” Sullivan (Mark Wahlberg) para recuperar uma fortuna perdida há 500 anos. Com uma pitada (não muito aprofundada) em fatos históricos, a ideia mostrada desde os primeiros segundos de tela, é focar na ação e na aventura, e de quebra, em cenas movimentadas que mesclam efeitos especiais práticos com muitos efeitos especiais. E nisso, o longa é competente. Serão vários e vários momentos de fuga, caça ao tesouro e duelos entre bandidos e mocinhos. Ponto também para toda a elasticidade de Tom Holland.

uncharted fora do mapa e as clássicas caças ao tesouro
Sophia Taylor Ali e Tom Holland em uma cena clássica de filmes de caça ao tesouro

Falando em bandidos, em Uncharted eles são encarnado por Antonio Banderas, como Santiago Moncada, e também na ‘lutadora’ Braddock (Tati Gabrielle). Os dois, juntos com outros capangas (também bem genéricos) vão perseguir o mesmo objetivo de Nathan e Sully e criar um conflito cheio de obviedades. A diferença é que são tão ricos que possuem (um nem um pouco) inconfundível exército particular. O suficiente para que os heróis tenham que lidar com situações bem extremas. Não espere muita profundidade nas motivações, afinal, ainda estamos lidando com a superficialidade de um produto pensado antes para divertir você em missões atrás de missões com o controle na palma da mão. E nisso, o filme repete bem o formato. Completa o elenco a incógnita personagem Chloe Frazer (Sophia Ali), que não se enquadra nem entre mocinhos, nem em vilões.

antonio banderas em uncharted
Antonio Banderas: um cast óbvio, para uma aventura óbvia!

A direção de Ruben Fleischer, se compararmos a Zumbilândia, decai e muito. Em várias situações com alívios cômicos, temo na verdade, uma falta de timing bem gritante, o que é um pouco surpreendente para quem entregou dois ótimos filmes de zumbis. Mas, se lembrarmos que também sofremos em Venom (2018), talvez a balança se equilibre um pouco mais. Quem se salva nesse aspecto é Mark Wahlberg, o ator que está mais solto entre todos os envolvidos. Já Tom Holland, depois de fazer muito marmanjo chorar em Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, é apenas burocrático em seu Nathan Drake, mesmo que o seu carisma habitual ainda esteja presente. Tati Gabrielle e Sophia Ali também carecem um pouco de presença de tela. Antonio Banderas entrega, como sempre, um vilão com o sotaque necessário para a trama.

uncharted: tati gabrielle e seus capangas genéricos
Da esq. para direita: Steven Waddington, Tati Gabrielle e Pingi Moli. Os vilões genéricos.

Para os fãs do game da Naughty Dog, a dica é ficar de olho fixo nos detalhes em várias cenas. Os easter-eggs estão lá, bem presentes. O maior deles, por sinal, é a presença de Nolan North, dublador e responsável pela fisionomia de Nathan Drake nos jogos da franquia. Apesar de uma cena fraca, vale pela homenagem. Outra dica necessária para quem for vivenciar a experiência de Uncharted nos cinemas é ficar até após os créditos iniciais. Sim, a cena pós-créditos está virando moda em grandes produções e, não chega a ser spoiler, garantem um gancho para uma continuação que até parecia já ter sido toda gravada.

uncharted fora do mapa: tom holland e ruben fleischer
Ruben Fleischer dirige Tom Holland no set de Uncharted

Por fim, mas não menos importante, temos um filme com 1h56, o que parece também ser uma vitória em uma época que todos blockbusters querem garantir suas quase três horas de duração. Um alívio. Com tudo isso, dá pra cravar que sim, veremos muito Uncharted nos cinemas nos próximos anos. E, como já sabemos, não quer dizer que estamos diante de um divisor de águas, mas, de um filme divertido e que vale a pipoca, com certeza. 

Uncharted: Fora do Mapa estreia dia 17 de fevereiro.

Veredito da Vigilia

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