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Um Perfil Para Dois | Crítica

Comédia romântica francesa é uma ótima sessão de cinema

Com estreia no dia 9 de novembro, a comédia romântica francesa Um Perfil Para Dois, de Stéphane Robelin, é uma daquelas clássicas sessões matinê de cinema em que a gente senta, aprecia, não vê o tempo passar, e se diverte bastante. Acima da média das similares – e bem batidas – feitas em Hollywood, a obra conquista pelos seus personagens, cenários e temática, criando um filme com originalidade e leveza que serviria de lição também para as últimas comédias nacionais que insistem em apelar para o escracho.

Pierre e Alex, uma amizade improvável

Rodado em Paris e Bruxelas, vemos a vida de dois protagonistas improváveis se unindo em uma história que mistura encontros na internet, família, amizade e alguns conceitos que precisam ser revistos. Pierre (Pierre Richard) é um senhor aposentado, quase um ermitão, que não sai de casa desde a perda de sua bela esposa, há dois anos. A filha insiste em animá-lo e resolve presenteá-lo com um computador. Para introduzir a vida de internauta ao mau-humorado senhor de cabelos brancos, nada melhor que o namorado de sua neta, Alex (Yaniss Lespert), um roteirista e escritor desempregado e tão desanimado quanto. Assim, ele também será inserido ao “mercado de trabalho” e ao convívio social. Mas é claro, nem tudo é tão fácil. Ainda mais quando o avô de sua namorada prefere falar com o ex-dela, um bem sucedido rapaz que foi morar na China.

Propagandinha pro Steve Jobs

Com as relações sempre um tanto intempestivas, seja na casa da namorada, seja na casa do seu novo aluno, Alex se vê em uma roubada quando Pierre, que também não dispensa uma boa taça de vinho, o coloca num encontro às escuras com uma mulher em Bruxelas que ele conheceu na internet. O perfil criado para a rede social de relacionamentos passa a ser o principal passatempo do agora conectado Pierre. E claro, toda a função de aprender a mexer na nova ferramenta vai gerar uma série de situações bem engraçadas, como abrir janelas e anexar fotos. Ao mesmo tempo vai acabar criando uma história mentirosa que parece não ter fim.

O que a dupla improvável não imaginava é que poderia mexer tão a fundo no coração da encantadora Flora (Fanny Valette). Pausa para suspiros. E tão pouco eles imaginavam que poderiam se interessar tanto por uma desconhecida. A partir daí temos uma sequência de ocasiões em que Alex precisa encarar, ao mesmo tempo que escreve um roteiro de uma série de terror para a TV, mas nunca com muita inspiração. A grana, o convívio massante na casa da namorada Juliette (Stéphanie Crayencour) – que é uma chata – e a amizade com Pierre vão tomando rumos inesperados e surpreendentes, tanto para os personagens quanto para o público.

Flora (Fanny Valette). Tente não se apaixonar.

E toda essa mistura de gerações, amizades, relacionamentos e histórias inventadas vai se entrelaçando de forma natural, fluida e com uma trilha sonora que vai te colocar ainda mais no coração da Cidade Luz. Ao final da sessão, fica aquela sensação boa de ter visto uma obra interessante, engraçada e honesta, conquistando pela simplicidade. Simples assim.

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