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Tudo que quero: klingon e outros desafios

Você estava procurando um filme sobre cultura nerd super divertido? Talvez essa não seja a melhor escolha, então. Tudo que quero, estrelado por Dakota Fanning e dirigido por Ben Lewin (As sessões, 2012), estreia dia 26 de abril de 2018 em todo o Brasil.

A produção conta a história de Wendy (Dakota Fanning), uma jovem com autismo e apaixonada por Star Trek. Wendy vê uma chance de fazer algo que gosta e ajudar sua irmã ao mesmo tempo quando se depara com um concurso para melhor roteiro baseado no universo de Star Trek e com um prêmio de 10 mil dólares. E é ao redor disso que toda a história se desenvolve.

Wendy mora em uma espécie de casa para pessoas com autismo (isso não é explicado no filme) e tem seu desenvolvimento acompanhado por sua cuidadora Scottie (Toni Collette). Até aí, tudo bem. O filme entra na categoria drama, porém, deixa muito a desejar. Entendo que tudo gire em torno da jornada de escrever o roteiro para a competição e entregá-lo a tempo, porém, várias coisas são utópicas.

O grande plot twist é que Wendy consegue fugir da casa onde mora para tentar entregar seu roteiro. Só que tudo nessa jornada é infantilizado, mesmo com a preocupação das pessoas tentando encontrar Wendy. Em nenhum momento há aquele sentimento de “meu Deus, encontrem essa menina”. Me senti assistindo Napoleon – As aventuras de um cãozinho valente (1995) mais uma vez (se bem que me preocupava muito com a segurança de Napoleon no filme).

Tudo que quero é marcado com uma contagem de dias para o prazo final de entrega dos roteiros. O que é um sistema bem simples. E a produção do filme conseguiu errar isso. Vemos a data na tela a cada vez que Wendy começa um novo dia, do dia 14 ao dia 16. Porém, em algum momento, um dia a mais surge entre 15 e 16. A cronologia do filme fica toda perdida.

Dakota Fanning interpretando Dakota Fanning sem contato visual

Há atores e atrizes que são tão únicos que só conseguem fazer um personagem: eles mesmos. É o que acontece com Dwayne “The Rock” Johnson e, casualmente, com Dakota Fanning também. Ela já foi uma assassina vampira, dona de um porquinho, lutou no fim do mundo contra aliens… E ainda assim, só parece ter interpretado a si mesma.

O melhor personagem do filme é Frank (Patton Oswalt, um dos andróides de Agentes da S.H.I.E.L.D.), um policial super nerd que fala klingon e ajuda na busca por Wendy. Aí chegamos ao ponto alto do filme: Wendy é encontrada há muitos quilômetros de distância, tendo fugido de diversos locais… E todo mundo fica muito feliz com isso. Acho que aqui temos que fazer um exercício de empatia: se perdemos uma criança no shopping, demoramos para encontrá-la e daí a segurança traz ela de volta, a gente só fica feliz? A resposta é não. Ficamos em uma mistura de aliviados e completamente irritados por razões óbvias. Mas em Tudo Que Quero não. A menina com autismo foge de casa, sem deixar nem um bilhete, precisa da polícia atrás dela e quando é encontrada, as pessoas só batem palmas e ficam felizes pela coragem dela. Utópico.

Momento feliz ou momento vergonha?

Tudo que quero é um filme bem raso. As partes de Star Trek são um pouco divertidas, mas elas não acontecem com tanta frequência para deixar o filme interessante. Então, fica a dica para assistir Napoleon – As aventuras de um cãozinho valente, que é mais dramático e engraçado.

Veredito da Vigilia

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