Crítica

Tudo o Que Tivemos: Alzheimer sem glamour

Quem não precisa de um pouquinho de drama na vida, né? E é assim que o longa “Tudo o que tivemos”, dirigido por Elizabeth Chomko, conhecida por ter trabalhado na série O Mentalista, chega aos cinemas do Brasil no dia 2 de maio.

Sabe quando você começa a assistir um filme, uma série ou um anime e algo, lá dentro do seu coração fala que “esse é o filme/série/anime”. Aí, você termina e fica aquele sentimento de “então… não”? Pois é. Cheguei no cinema pronta para chorar litros com a separação de um amor lindo e a crueldade do Alzheimer quando recebi uma história bem rasa, porém crua e real.

Acompanhamos Nick (Michael Shannon) e Bridget (Hilary Swank), irmãos que tentam lidar com o Alzheimer da mãe, a teimosia do pai, manter tudo em ordem e ainda deixar suas próprias vidas organizadas. Bridget atravessa o país na véspera de Natal porque sua mãe, Ruth, interpretada por Blythe Danner, acorda durante a madrugada e sai caminhando pela rua em um episódio de perda de memória. Desse momento em diante, os irmãos precisam enfrentar as diferenças e, basicamente, formar um time para que consigam manter seus pais seguros e com o máximo de cuidado possível.

Nem parece que a vida deles tá ruindo, né?

Tente me entender: os personagens em si não são rasos, mas o filme em um geral é. Creio que esperei mais “drama”, aquele tipo com frases de efeito, câmeras especiais, cortes estranhos e músicas tristes, o que é bem comum em filmes desse gênero. Tudo o que tivemos não é assim. A melhor palavra para descrever o longa é: cru. A realidade está ali, é assim que acontece e você consegue entender como cada um daqueles cenários mostrados poderia acontecer na vida real. Não muito tempo atrás, assisti A vida em si, e se fossemos comparar os dois filmes, Tudo o que tivemos estaria em um lado do escopo e A vida em si no completo oposto. Ambos bons filmes dramáticos, porém com propostas diferentes.

Creio que o grande problema em Tudo o que tivemos é que você passa o filme todo esperando por aquele “wow moment”, o momento certo que o cinema fica em silêncio porque não sabe o que fazer. Mas ele nunca acontece. Chomko usou bastante das câmeras próximas, focando bem nos personagens e não em qualquer coisa que acontecesse ao redor deles – inclusive acho que uma das únicas cenas com câmera mais aberta acontece quando Burt (Robert Forster), que é o pai teimoso, visita o bar que Nick tem e bebe um drink. A parte ruim das câmeras focadas é que grandes acontecimentos passam batido, o que se fossem trabalhados de outra maneira, chamariam mais a atenção do público.

Esse jardim. Essa cena!

Esse, com certeza, é um filme baseado em diálogos e sensibilidade a nuances. Todo personagem tem uma história própria, elas são bem costuradas na trama, mas acabam não sendo exploradas, o que, sinceramente, não faz muita diferença. Mas saber que cada um foi pensado individualmente traz um pouco de paz ao espírito.

Tudo o que tivemos traz uma visão bem cotidiana sobre uma doença que acaba sendo glamourizada no cinema. A Vigília Recomenda!

Veredito da Vigilia


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