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Titãs: a impactante primeira temporada | Crítica

Desde o anúncio da série dos Titãs (Titans) pelo serviço exclusivo do DC Universe, muito se falou. Quando revelados os primeiros teasers e fotos, junto da San Diego Comic-Con (SDCC) de 2018, as opiniões iniciais foram controversas. Principalmente pelo visual. O comparativo com a série de heróis jovens da concorrência (Fugitivos) foi quase inevitável. Mas confesso que isso não havia me incomodado. Com a estreia em outubro de 2018 nos Estados Unidos e as primeiras opiniões, o rumo das críticas parecia mudar. Agora, com o acesso universal dado pela Netflix, os fãs então puderam, finalmente, retirar todas as dúvidas por si próprios.

A primeira impressão é de que Titãs destoa dos quadrinhos, principalmente da primeira versão dos heróis, criados em 1964. O tom pesado difere também do que o grupo se tornou nos últimos anos, com muitas adaptações em desenhos animados, absurdamente voltados à comédia. Inclusive, fica a dica para você assistir Os Jovens Titãs em Ação nos Cinemas, uma das melhores de 2018. Mas o fato de destoar é positivo por aqui. Fazer releituras como essas possibilitam novas histórias e inspirações, como os fãs nunca viram. E permitiram algumas cenas bem icônicas já na temporada de estreia de Titãs. Para os mais desavisados, a produção traz os personagens Robin/Dick Grayson (Brenton Thwaites), Ravena/Rachel Roth (Teagan Croft), Estelar (Anna Diop), Mutano (Ryan Potter), Columba (Minka Kelly) e Rapina (Alan Ritchson).

Por iniciar com situações e personagens mais centrados em uma trama urbana, Titãs consegue entregar várias surpresas a cada episódio. A adaptação original fica bem distante das origens na nona arte, mas quem conhece as HQs, vai se identificar muito. Temos Dick Grayson distante do mestre Bruce Wayne/Batman e tentando lidar com uma crise com o antigo amigo e uma decorrente psicopatia ao vestir o manto de Robin. Atuando como um detetive longe de Gotham City, ele conhece Rachel (Ravena), que teve a mãe brutalmente assassinada e não entende seus poderes místicos e sobrenaturais. E nessa apresentação já temos uma ideia do tom pesado e sombrio. A cena em que Rachel perde a mãe é marcante e absurdamente violenta. E essa marca vai ser levada até o último episódio dessa primeira temporada.



Brenton Thwaites entrega um ótimo Robin/Dick Grayson

Conhecendo Rachel, o “menino prodígio”, aliás, são várias as referências ao cânone de Batman e Robin, acaba conhecendo, ou mesmo (re)visitando, os demais personagens da série. E nenhum deles terá um envolvimento esplendoroso e colorido. Bem pelo contrário. Quase todos tem uma história bem sombria para contar para os espectadores. Entre esses exemplos temos Columba, que era um antigo affair de Robin; seu relacionamento com Rapina, que é uma coisa de dar pena (principalmente pelos problemas pessoais que ambos possuem, e isso envolve relacionamentos bem íntimos e assombrosos); Mutano, que introduz o excêntrico grupo da Patrulha do Destino (Doom Patrol) que terá sua série esse ano; e a chegada de Donna Troy (Conor Leslie), uma grata surpresa na série. Em Titãs, a pegada “sombria e realista” colou, e alguns momentos são possíveis traçare paralelos com o tom apresentado por Alan Moore em Watchmen.

Estelar (Anna Diop) ficou com um visual marcante, mas que podia variar entre os episódios

Embora alguns furos de roteiro e coincidências exacerbadas/aleatórias (o que Mutano fazia no meio da floresta ao encontrar Rachel? Como o uniforme do Robin apareceu na explosão da clínica?), a trama flui com várias idas e vindas relacionadas ao mote principal: que é a fuga de Ravena e a dúvida de quem são os inimigos (da Terra e do Espaço) interessados em sua existência. Nessas idas e vindas temos aos poucos a introdução dos personagem do grupo e sub-tramas que explicam o comportamento de cada um deles. E tudo culmina em um grandioso último episódio (que muita gente não gostou, eu sei, mas ficou plenamente justificado) onde Robin terá de enfrentar seu criador que está agindo completamente fora do controle. Aliás, controle esse que o próprio Robin perde em vários momentos durante alguns enfrentamentos.

Por subverter um grupo de heróis tão colorido e alegre, Titãs chegou com dois pés na porta, com uma interessante releitura, sombria, dramática e violenta. De quebra, deixou um pós-créditos que vai deixar muita gente salivando… e novamente a curiosidade pra saber como será a versão de novos personagens que chegarão na segunda temporada.

A Vigília Recomenda.

Veredito da Vigilia


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