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The Umbrella Academy | Crítica

A Netflix acertou em cheio ao adaptar The Umbrella Academy para uma série de TV. Os personagens criados pelo músico e líder da banda My Chemical Romance, Gerard Way, e pelo artista brasileiro Gabriel Bá, nasceram em 2008. O ano de estreia também foi ano de reconhecimento, com o principal prêmio dos Quadrinhos, o Eisner Awards, de melhor minissérie. Com o traço único de Bá e o roteiro de Way, The Umbrella Academy foi um sucesso instantâneo da editora Dark Horse, e assim deve ser também com a série. Com uma produção acima da média, principalmente para as séries da Netflix envolvendo personagens de quadrinhos, a novidade estreou no dia 15 de fevereiro e já deixou um gostinho de quero mais nos maratonistas de séries.

A primeira temporada de The Umbrella Academy remonta a origem do grupo, visto na série original de 2008, intitulado Suite Apocalipsis. E claro, tem a necessária mudança de algumas coisas. Mas as doideiras que encantaram os leitores anteriormente estão quase todas amparadas na série. Mais contidos em poderes e aparências, alguns personagens também ganharam caracterizações que destoam do material original. Mas o que ficou contido por um lado, ganhou profundidade em camadas para cada um dos protagonistas. O problema é que a equipe de heróis é tão subvertida e tão heterogênea, que na tela pode incomodar um pouco, afinal, a dificuldade da família se acertar em qualquer que seja a situação chega a dar nos nervos.

Os heróis fora do esquadro de The Umbrella Academy

Se você chegou agora em The Umbrella Academy, vale ler também nossas primeiras impressões, que contam um pouco mais da história. Aqui vamos nos ater um pouco mais na série em si. A adaptação chega com o pé na porta no capítulo de abertura, retratando de forma fantástica a origem das crianças com seus dons, tal qual nas HQs. A mistura da música O Fantasma da Ópera com tudo o que se passava e a apresentação da personagem de Ellen Page foi um belo cartão de visitas. A pegada de entrelaçar música com os acontecimentos fantásticos vai ser uma quase regra em vários capítulos e momentos marcantes, normalmente acertando o tom. Gerard Way chega a assinar algumas releituras de clássicos dos anos 80, como The Haze Shade of Winter (The Bangles). Mas vale lembrar que Stranger Things usou desse mesmo recurso em sua primeira temporada.

Tom Hopper (Black Sails e Game Of Thrones) é o fortão Luther/Spaceboy, talvez o mais difícil de recriar visualmente, mas que ficou bem resolvido com uma maquiagem pesada (mas sempre escondida). David Castañeda (Sicário: Dia de Soldado) é Diego/Kraken, Emmy Raver-Lampman é Allison/Rumor, Robert Sheehan (Máquinas Mortais) é um teatral Klaus/Séance – talvez o personagem mais chato -, Aidan Gallagher é Número Cinco/O garoto que viaja no tempo e no espaço, Justin H. Min é o Ben/Horror, que aparece muito bem quando criança e depois aos poucos, quando Klaus vai limpando seu corpo das drogas, e Ellen Page é Vanya/A Violonista Branca. Fecha o grupo principal Adam Godley como o símio Pogo, em uma representação sensacional, além de Colm Feore como o patriarca Reginald Hargreeves. Todos tem seu devido espaço e importância na trama, apesar de algumas claras enrolações. Todos cumprem o papel de filhos mimados e chatos, que nunca se dão bem. E isso dá o clima da série do início ao fim.

Hazel e Cha-Cha ajudam a pontuar a trama

Também temos as ótimas aparições dos agentes Hazel (Cameron Britton, do excelente Mindhunter) e Cha-Cha (a cantora Mary J. Blige) que acabam pontuando melhor a trama e envolvendo a releitura das histórias de forma mais bem dividida entre todos os personagens.

O que chama mais atenção nessa primeira temporada é a ambientação e o visual incrível que conseguiram construir. Uma bela homenagem ao traço de Gabriel Bá. The Umbrella Academy chega com personalidade e assinaturas próprias, e jogando as produções da Netflix em um padrão muito melhor que acaba sendo a maioria das séries originais. Visivelmente (até ficou com duplo sentido) o serviço de streaming acertou em investir no projeto. É possível que tenhamos que elencar The Umbrella Academy entre as melhores do ano lá em dezembro. E claro, já aguardamos uma futura segunda temporada!

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