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“The Old Guard” tem Charlize no poder e muita pancadaria! | Crítica

O novo longa da Netflix, adaptação de uma HQ homônima, tem Charlize Theron como protagonista e traz intensas cenas de ação e uma trilha sonora marcante. 

Um grupo de soldados com poderes especiais que luta pelos seus ideais. O conceito não parece muito original, eu sei. Na verdade, no primeiro momento, The Old Guard parece ser um grande clichê de filme de ação ambulante, do tipo que, após o trailer gera dois tipos possíveis de reação: “Amei!” ou “Será?”.

No meu caso, o “amei” foi de primeira, mesmo que uma pequena pulguinha atrás da orelha me dissesse para duvidar, afinal, em geral, os filmes da Netflix acabam sendo somente medianos.

“The Old Guard” nos mostra Andy (Charlize), líder de um time de mercenários imortais que corre risco de ter seus poderes expostos ao mundo após um golpe feito por um jovem CEO de uma empresa farmacêutica disposto a tudo pelo poder de “mudar o mundo” (Harry Melling). Garanto que você achará o CEO engomadinho muito familiar, pois, de fato é, já que o ator interpretou Duda, o primo irritante e mal-educado de Harry Potter na saga do bruxo mais conhecido do mundo.

O longa começa a surpreender após a conclusão do seu ato inicial, que é, quase inteiramente, mostrado no trailer. Logo após comprovarmos a imortalidade dos nossos personagens, seguido por muito sangue e tiros, conhecemos a novata do grupo, Nile (a também novata nas telas Kiki Layne). A jovem, uma fuzileira americana, aparece em missão no Afeganistão, onde morre, pela primeira vez, tentando salvar um fugitivo (para poder prendê-lo). 

Ali, em poucos minutos de tela, com apenas algumas falas, em uma ótima construção de personagem, nos apegamos à Kiki e já conseguimos perceber o diferencial da obra no todo. Essa sensação se repete com (quase) todos os personagens, que também ganham o nosso carinho com pouca interação. Bastaram algumas piadocas e um breve resumo sobre o seu passado. Assim, as cenas de ação, muito bem coreografadas e executadas, tornam-se muito mais impactantes, uma vez em que conhecemos e nos apegamos à equipe.

Charlize, como sempre, brilha. A atriz, que se destacou, inicialmente, por seu trabalho em filmes como “Advogado do Diabo”, “Doce Novembro” (ambos, aliás, em que a musa faz par com o astro do momento, John Wick… opa, Keanu Reeves) e dramas, como o recente “O Escândalo”, vem provando, cada vez mais, a sua versatilidade, em filmes de ação como “Mad Max – Estrada da Fúria”, “Atômica” e agora na saga “Velozes e Furiosos”. “The Old Guard” vem para confirmar tudo isso e para dar o selo de f*dona para Charlize, nos fazendo pensar que ela realmente seria um bom par para John Wick.

No elenco ainda temos, como membros da equipe, Matthias Schoenaerts (de “A Garota Dinamarquesa” e “Operação Red Sparrow”) como o braco direito de Andy, Booker; Marwan Kenzari (o Jafar, do live-action de “Aladdin”) e Luca Marinelli (destaque em produções italianas) como o casal Joe e Nicky. Chiwetel Ejiofor (“12 Anos de Escravidão” e “Doutor Estranho”) também é uma peça fundamental para o filme, interpretando o ex-agente da CIA, Copley.

Da esquerda para a direita: Joe, Booker, Andy, Nicky e Nile. Foto: NETFLIX ©2020

Apesar de ter alguns furos em seu ato final, deixando algumas perguntas no ar (que não parecem ter sido propositais), o filme funciona muito bem. Uma breve cena pós-créditos ainda nos leva a crer que haverá uma sequência.

Ao longo da trama, descobrimos, pelos próprios personagens e por flashbacks, um pouco sobre o longo passado dos nossos guerreiros, que participaram de guerras e batalhas históricas. Uma sequência, contando um pouco mais sobre estes momentos e mostrando o que será de um grupo de  fugitivos em um mundo onde hoje parece impossível se esconder, seria, com certeza, bem-vinda.

Apesar de não conhecer a HQ que originou o filme (publicada pela Image Comics), imagino que ter o criador da obra, Greg Rucka, como roteirista, deve garantir que a adaptação seja fiel e bem executada. A direção de Gina Prince-Bythewood, criadora da série “Shots Fired” e roteirista de “A Vida Secreta das Abelhas”, também traz uma energia muito positiva para o filme. Creio que deve-se a ela essa ótima harmonização entre construção de personagens e pancadaria a nível (quase) gore

A trilha sonora fica por conta dos pianistas Volker Bertelmann e Dustin O’Halloran, que dão um toque especial para as sequências de ação (e muitas mortes), ao longo dos diversos cenários internacionais do filme.

“The Old Guard” é um grande acerto da Netflix, muito mais do que o recente “Resgate”, com Chris Hemsworth. Com um elenco internacional (fazendo jus aos personagens), coreografias muito bem executadas e muita representatividade feminina, a Vigília recomenda!

Veredito da Vigilia

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