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The Boys, a subversão total dos super-heróis | Crítica

Já temos uma nova série para competir com Chernobyl entre as melhores do ano. Estou falando de The Boys, adaptação dos quadrinhos de Garth Ennis e Darick Robertson produzida pela Amazon Prime Video, e que vem monopolizando o mundo nerd desde sua estreia no final de julho. The Boys é a mais qualificada subversão do gênero de super-heróis já feita nas telinhas. Com excelente produção, elenco e a dose certa de “censura” 18 anos, a série já alcançou a proeza de ter sido renovada (inclusive a segunda temporada já está em andamento) e ser automaticamente a mais buscada no catálogo do Prime Video, ofuscando os concorrentes Netflix, HBO, e afins, assim como fez com Jack Ryan e O Homem do Castelo Alto.

Em primeiro lugar, as HQs foram lançadas pela Wildstorm. Mas não durou muito e a série migrou para a Dynamite. Ao todo ela possui 72 edições, o que pode render algumas boas temporadas. E que fique claro, não é uma série com super-heróis coloridos para olhar com a família. Bem pelo contrário. Aqui a subversão coloca heróis como provavelmente seriam no mundo atual. Ao invés de encarnarem os paladinos da moral e da justiça, como ficou imortalizado no imaginário mundial desde o surgimento do Super-Homem, Batman e Capitão América, aqui eles agem com a mente do cidadão médio (perdão pelo termo, que pode soar ofensivo). Preconceituosos, racistas, egocêntricos e maquiavélicos, eles basicamente só pensam ‘no deles’, dando de ombros para as consequências de seus atos errantes, que basicamente podem levar pessoas normais à morte, seja ela uma só, ou até mesmo de um avião inteiro. A sociedade com seres supremos realmente tem tudo para ser desesperadora.

Jack Quaid é Hughie e Karl Urban é Billy Bruto. Na cena prestes a atos insanos!

E tudo começa com a morte “acidental” de uma inocente. Brutal e cru, temos sangue, corpos explodindo, cenas de sexo, abuso e tudo que pessoas autoritárias podem querer submeter seus “subalternos”. Lembra do velho ditado “quer conhecer alguém, dê poderes a ele”?. É mais ou menos por aí. Com a morte da namorada, a vida de Hughie Campbell (Jack Quaid) se cruza com a de Billy Bruto (na tradução de Billy Butcher, excelentemente interpretado pelo canastrão Karl Urban) e a partir daí, “Os Caras” (adaptação para o título “The Boys”) começam a tramar contra o grupo dOs Sete, a Liga da Justiça bizarra que é paga para cumprir suas missões pagos por uma grande multinacional. O grupo de pervertidos com super-poderes é surpreendentemente irritante (ponto para a série), e já adoramos odiar o Capitão Pátria (Anthony Starr, numa mescla de Super-Homem e Capitão América). Além dele temos também a cópia do Aquaman, com o “Profundo” (Chace Crawford), o “Trem Bala”, a imitação do Flash (Jessie T. Usher), a Rainha Maeve (Dominique McElligott), cópia da Mulher-Maravilha, entre outros. Vale mencionar que a série é produzida por Eric Kripke, Evan Goldberg, Seth Rogen e tem o carimbo da Sony Pictures. Além disso, você verá em uma participação especial o menino de O Sexto Sentido, Haley Joel Osment (lembra dele?) como um dos “supers” sacanas.

Use capa plástica para não ser afetado pelos jatos de sangue que virão da telinha

Ponto também para a forma como a grande empresa dos heróis encara os números de popularidade. Qualquer semelhança com a realidade de políticos e tracking nas redes sociais não é mera coincidência. Fique atento para não ser afetado pela falta de naturalidade das ações de seus atores, cantores e ídolos atualmente. Na maioria das vezes é só um “faça a coisa certa para ser lembrado e não sair da mídia”.

E o que parece uma simples trama de vingança acaba se entrelaçando com a política internacional, mesclando relações de guerra e exército, passando por tráfico de drogas, experimentos laboratoriais, fraudes históricas e até mesmo toques de críticas religiosas. The Boys não poupa quase nenhuma camada social. Ao mesmo tempo que satiriza, nos faz pensar em paralelo como certas situações ocorrem no nosso dia-a-dia e de alguma forma, atingem algum núcleo social, seja nos Estados Unidos, ou mesmo aqui no Brasil, botando o dedo na ferida de forma magistral.

Os Sete são cultuados, mas são todos grandes FDPs!

Ao todo são oito episódios que com certeza não podem ficar de fora daqueles que gostam de séries, super-heróis, e principalmente de adaptações de quadrinhos para as telinhas. Eles começam de forma surpreendente, perdendo um pouco do fôlego ao final, mas sempre impactando com uma fórmula que (ao que parece) tem tudo para crescer nos próximos anos: subverter o gênero de super-heróis – anote aí! – vai virar uma tendência. Enquanto a febre não vira o fio, divirta-se com o que fizeram com The Boys.

A Vigília Recomenda!

Veredito da Vigilia


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