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The Batman começa uma nova era para o Homem-Morcego

Quando anunciado, The Batman, dirigido por Matt Reeves, era só expectativas. E com todo o louvor, elas serão plenamente atingidas. Apesar de tocar em vários assuntos já abordados antes e parecer (à primeira vista) figurinha repetida, Reeves consegue dar uma aura de esperança e uma clara evolução a um personagem que começa nas trevas e se autointitula como a vingança. Em quase três horas de filme (que passam sem você perceber – ou quase isso) o diretor entrega a sua versão. A versão em que Robert Pattinson é um jovem Bruce Wayne e um recém “formado” Homem-Morcego, que ainda possui uma carga muito forte de seu passado e uma pequena incerteza: ele está sendo mesmo efetivo em sua jornada? E ele mostra certa inexperiência em algumas situações. The Batman, pela primeira vez, faz com que tenhamos a história narrada por seu protagonista, dando um de seus maiores contornos de originalidade perante aos seus antecessores. E todo esse combo certamente nos renderá um herói que ainda vai aprender e amadurecer ainda mais, afinal, é inevitável que tenhamos mais capítulos nesta nova geração do personagem. Outro aspecto importante: Robert Pattinson é excelente por dentro da máscara!

The Batman: Matt Reeves dita o tom da nova saga do Cavaleiro das Trevas.

Apesar de tudo que se podia imaginar, The Batman não destrona O Cavaleiro das Trevas de Christopher Nolan. O comparativo e semelhanças são inevitáveis. A diferença é que agora, temos um Batman melhor construído e interpretado do que na trilogia de Nolan. Reeves consegue com muito mérito dar espaço ao protagonista sem precisar cair na repetição de contar sua origem. Três ou quatro linhas de texto no início do filme fazem com que ninguém sinta a falta de ver Thomas e Martha sendo assassinados pela enésima vez nos cinemas. E sem perder tempo, vemos que o vilão, desta vez o Charada (Paul Dano, eficaz debaixo da máscara), foi a melhor escolha para mostrar o lado detetive do Cruzado de Capa, que, invariavelmente, vai dividir a tela com o Comissário Gordon (Jeffrey Wright) em cenas de crime e enigmas deixados pelo anarquista que quer “desmascarar” Gotham City e seus representantes criminosos e mentirosos, que mais fazem mal do que bem.

Sem pressa, vamos vendo também a nova versão de Gotham e seu numeroso número de personagens que orbitam o dia e a noite. Os palácios de justiça, departamentos de polícia, e também seu submundo. A fotografia e a tecnologia dos grandes telões de LED (muito usados em The Mandalorian) causam o impacto necessário para recriarmos as histórias em quadrinhos novamente em versão live-action. E a trilha sonora de Michael Giacchino é certeira, porém, usada com certa exaustão ao longo das quase três horas. É marcante, mas repetitiva. Ainda assim, é mais uma grande trilha que se associa e se imortaliza ao lado do Batman como grandes composições que marcaram os mais de 80 anos do personagem criado por Bob Kane e Bill Finger.

Parece Gotham City, mas são apenas telões de LED ao fundo!

Mas o Batman mais jovem tem uma realidade e temas que já foram vistos na trilogia de Nolan. Cenas e locais ainda nos parecem muito frescos na memória e se assemelham muito ao que o diretor de Tenet já havia entregado. A diferença é que Matt Reeves consegue dar um ar de ‘perigos e tensões’ antes vistos em filmes e séries de David Fincher, como Seven e Zodíaco. As ameaças com bombas e reféns, apesar de incríveis, também nos remetem a situações já exploradas anteriormente, tirando um pouco do frescor de The Batman. Em contrapartida, o elenco e as participações parecem mais condizentes agora. Com exceção de Andy Serkis como Alfred, todos os demais personagens desfilam elegância e competência em seus papéis. Destaque para Zoë Kravitz, Paul Dano e Colin Farrell, irreconhecível como o secundário Pinguim.

Em The Batman, Colin Farrell é um irreconhecível Pinguim
Colin Farrell está escondido atrás da nova versão do Pinguim

As cenas de ação são bem resolvidas em sua maioria, e Matt Reeves aproveita esses momentos para enquadrar sua câmera em momentos dignos de splash pages dos quadrinhos. Cenas que você congela e diz: “Cinema!”. Os tons de preto com fundo em vermelho trabalham bem os contrastes em cena, e na tela IMAX, é realmente lindo de se ver o que Reeves e o diretor de fotografia Greig Fraser (Duna) construíram.

The Batman e seus momentos “CINEMA!”

The Batman chega como se podia imaginar: com toda a pompa e o barulho que o personagem merece. Apesar de não ser uma grande virada no cinema deste gênero, entrega o primeiro passo de uma renovação que parece acertada em todos seus aspectos e dá esperança e evolução ao herói. Agora, é pagar pra ver se o segundo filme de Reeves pode ou não destronar Batman: O Cavaleiro das Trevas como o melhor longa do Homem-Morcego. Talento, elenco, possibilidades estão todas a seu favor. Uma nova era acaba de começar. Ah, e tem cena pós-créditos!

Veredito da Vigilia

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