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Suprema: mais força feminina nas telas | Crítica

Suprema, filme baseado na vida de Ruth Bader Ginsburg é mais uma cinebiografia feminina que mostra uma história vitoriosa e inspiradora por parte das mulheres. Evidentemente, como em todas as grandes histórias e exemplos de força feminina do mundo, a protagonista precisa não só ser a melhor no que faz. Ela precisa ser brilhante, incrível e sensacional, para só assim, a sociedade dos homens perceber as grandes injustiças que comete simplesmente por uma discriminação de gênero. O filme que estreia neste dia 14 de março é assim. E de forma grandiosa, vai mostrar um recorte real. A história de uma mulher que se tornou um símbolo na luta pelos direitos iguais. Dirigido por Mimi Leder (A Corrente do Bem), Suprema é um filme para todos e um programa certeiro para aqueles que por ventura sentiram alguma lacuna aberta pelos filmes da Mulher-Maravilha ou por Capitã Marvel. Porque não é preciso ter superpoderes para ser uma heroína.

Ruth Bader Ginsburg é interpretada por Felicity Jones (Rogue One: Uma História Star Wars, A Teoria de Tudo) e desde o início, em 1956, temos a noção de quanto a sociedade sempre dividiu homens e mulheres. Culpa desta cultura excludente, até mesmo as mulheres não se consideravam aptas para inúmeras tarefas. O filme retrata muito bem esta época, desde o início apontando os perfis de marido, professores, mulheres e negros. Mas Ruth era mais do que extraclasse. Naquele ano, entrou na faculdade de Direito em Harvard, sendo uma das nove “aceitas” pela disputada instituição. Mas a “chance dada” a ela era diferente. Desde o jantar de boas-vindas aos calouros até a participação nas aulas, sua presença precisava aguardar as facilidades dadas aos homens brancos e de classe alta. Suas notas altas, artigos excepcionais e atuação não foram suficientes ao solicitar licença para uma drástica mudança de vida ao constatar um câncer de testículo no marido Martin (Armie Hammer). Atente a isso, e a falta de tato do reitor carrasco, pois o mundo dá voltas.

Uma imagem vale mais do que mil palavras

Já formada, com um currículo invejável e a doença do marido praticamente controlada, adivinhe se uma mulher poderia advogar pelos pomposos escritórios de Nova Iorque? Não nos anos 70. E mais uma vez, Ruth vai precisar abrir mão de seu esforço e talento ouvindo as mais variadas desculpas: “não aceitamos mulheres”, “nossas esposas sentiriam ciúmes”, “uma mulher na equipe pode tirar o foco da equipe” e até mesmo “mulher engravida”. Essa última pode inclusive fazer você se lembrar de algum presidente da república por aí. A saída? Ela passou a lecionar porque um negro havia pedido demissão de uma instituição de ensino.

Felicity Jones, Armie Hammer e a diretora Mimi Leder durante as filmagens.

Mas isso não é nem metade do que você verá em Suprema. O tema da divisão homem x mulher vai muito mais adiante, sempre muito bem conduzido pela direção de Mimi Leder e seu excelente elenco, que conta ainda com uma ponta de Kathy Bates. Foi preciso uma brecha para que ela, em sua primeira prática no ramo da advocacia pudesse provar e, com uma boa ajuda de sua filha Jane (Cailee Spaeny), mudar o status quo usando o caso de um homem que sofreu preconceito de gênero por parte da Receita Federal norte-americana. Irônico e ao mesmo tempo brilhante.

Suprema é um clássico filme de tribunal, onde você verá defesa e acusação fazendo de tudo para provar seus pontos de vida. A aula toda termina com uma cena clichê, mas uma bonita homenagem à verdadeira Ruth. Ainda viva, hoje aos 85 anos, ela foi uma das primeiras mulheres a fazer parte da Suprema Corte Americana. E claro, isso não foi nada fácil.

Vale cada minuto.

Veredito da Vigilia


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