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Spielberg: o documentário que você precisa assistir

A vida e obra de um dos maiores ícones do cinema de todos os tempos. “Só isso”. O documentário Spielberg, produzido pela premiada documentarista Susan Lacy é uma viagem no tempo e na história da sétima arte. Longa-metragem essencial na vida de todo cinéfilo. A produção, que estreou no início de outubro, pode ser conferida na programação da HBO, ou pelos seus serviços de streaming. E vale cada segundo.

Que time: Spielberg, Scorsese, Palma, George Lucas e Coppola

Ao todo foram quase 30 horas de entrevistas coletadas pela diretora, onde podemos ver desde o jovem Spielberg, bem antes do início de sua carreira, ainda na juventude, quando já usava truques e produzia seus próprios efeitos especiais no jardim de casa para assustar as irmãs. A criatividade aflorou cedo em um dos maiores gênios do cinema contemporâneo, e é uma delícia observar e relembrar tudo que ele passou. Já imaginou conversar com George Lucas, Martin Scorsese, Francis Ford Coppola e Brian de Palma em um bar enquanto joga sinuca? Pois é. Foi nesse meio, com os ainda promissores mestres da direção, que ele conviveu. Cada vídeo, foto e depoimento dessa memória toda é um achado mais do que valioso.

No documentário vemos as agruras e dificuldades que ele teve ao filmar seu primeiro sucesso, Tubarão (de 1975) e como ele driblou tantos obstáculos somente com a criatividade. Com uma responsabilidade enorme, o filme foi um dos maiores (e o primeiro da história do cinema) blockbusters, e alicerçou inúmeras possibilidades em sua iniciante carreira. Mesmo assim, curtas e filmes caseiros de Spielberg já tinham tanta ou mais qualidade do que muita coisa que era produzida na época. Sua obsessão pelo cinema e a adrenalina em conduzir todo um projeto por detrás das câmeras foi o que o levou ainda mais longe. Mas certamente, nem tudo foram flores.

Tubarão, o início de tudo

Com o evoluir da linha cronológica, vamos percebendo que a vida particular de Spielberg impactou muitas de suas obras. A relação com os pais e o divórcio dos dois fez com que ele ficasse cerca de 15 anos sem uma boa relação com o pai. A culpa que ele colocou nos ombros de Arnold Spielberg foi de certa forma injusta. E essa relação de pai e filho pode ser vista em várias de suas obras, tais como E.T. – O Extraterrestre (1982) ou mesmo as aventuras de Indiana Jones. Por sorte, vemos que tudo se resolveu, e temos vários depoimentos de sua irmã e os seus pais.

A vida do diretor também oscilou, ao ponto de ele achar que podia fazer tudo o que queria. E de certa forma ele podia, mas não ficaria livre das críticas. Depois de uma boa estreia com Louca Escapada (1974), onde recebeu rasgados elogios do futuro amigo George Lucas, e do bombástico Tubarão, veio Contatos Imediatos de Terceiro Grau. Uma sequência de acertos que o levou para a comédia 1941 – Uma Guerra Muito Louca (poucos vão lembrar). Esse filme serviu para que ele voltasse para a linha inicial e deixasse um pouco da auto suficiência. Nada que Indiana Jones não fosse resolver, e tudo voltou ao seu rumo de ascendência, muito embora, já naquela época, se tentava diferenciar diretores de “arte” de diretores “comerciais”. Spielberg provou que podia ser os dois.

A lista de Schindler, um épico

Dentro dos 147 minutos de filme temos mais de 80 entrevistas e diferentes oportunidades de ouvir pessoas como J.J. Abrams, Cate Blanchett, Coppola, Harrison Ford, Tom Hanks, Dustin Hoffman, Oprah Winfrey, Daniel Day Lewis, Leonardo DiCaprio e outros tantos personagens que passaram pela vida de Spielberg. Tudo embalado com o suprassumo de sua carreira e bastidores mais do que especiais. O documentário Spielberg é uma grande homenagem em vida a um dos mestres do cinema. Uma justa obra de que transformou a sétima arte e a fez evoluir a partir de sua criatividade, visão e técnica. Afinal, depois de Spielberg o cinema nunca mais foi o mesmo.

A Vigília mais do que indica!

Veredito da Vigilia

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