CríticaFilmes

Sobrenatural: A Última Chave | Crítica

E o primeiro terror do cinema do ano vem com Sobrenatural: A Última Chave (Insidious: The Last Key). O filme traz de volta todo o universo da parapsicóloga Elise Rainier (Lin Shaye), que segue sua sina de investigadora do além. Para o mais desavisado, vale lembrar, a “franquia Sobrenatural” já está no seu quarto filme. Antes de A Última Chave tivemos diferentes subtítulos, como A Origem (2015), Capítulo 2 (2013) e Sobrenatural (2010). Desta vez, ela precisa enfrentar memórias marcantes de sua vida e o seu passado e infância sombria. Traumas familiares dão o impulso geral do filme que, para nossa infelicidade, não faz nada de diferente para se manter como universo que se amplia. Ao contrário do vinho, os filmes com a marca “Sobrenatural” não ficam melhores com o passar do tempo.

Cuidado, tem alguma coisa na escuridão!

Na prática, como distração, o filme de Adam Robitel (Atividade Paranormal: Dimensão Fantasma, A Possessão de Deborah Logan) pode cumprir a tarefa de dar um susto aqui, outro ali. Isso não quer dizer que a produção esteja salva. Na verdade, o abuso de elementos como cortes rápidos e o som estourando quando aparece algum vulto ou fantasma acaba cansando, e todas essas situações ficam muito óbvias, não chegando a surpreender. Lin Shaye precisa se desdobrar para que você possa comprar toda a trama que poderia impor algum medo. Mas até mesmo a direção do filme a coloca em situações bem desnecessárias. Aliás, falando em coisas desnecessárias, é impossível não colocar os seus parceiros de empresa (eles são uma espécie de Caça-Fantasmas, ruim né?) nesse quesito. Specs (Leigh Whannell) e Tucker (Angus Sampson) fazem a dupla de alívio cômico que não funciona em 99% do tempo, com isso, todos que estão em cena com eles acabam caindo no descrédito também.

A dupla Specs e Tucker: alívio cômico que não funciona.

A história é aquela típica de casa mal-assombrada. Nada de novo sob o céu. Ou, quase isso. Quando a equipe é chamada para resolver o caso, percebemos que nem tudo por lá é fantasma ou sobrenatural. Esse gancho poderia ser melhor explorado, pois de certa forma, é uma inovação mesclar prisioneiros e dar o tom de que eles poderiam ser algo mais. Mas isso não dura muito. A história faz questão de voltar ao passado da investigadora, o que acaba reservando cenas aleatórias e sem grandes explicações. Lá pelas tantas, Elisie, que tem o dom de ver fantasmas e com eles se comunicar, conhece sua sobrinha. E adivinha só? Por algum acaso ela logo diz que também consegue e tem dons estranhos. Aleatoriedade explica, afinal, até então ela nem a conhecia.

A sobrinha de Elisie também tem o “dom”.

Mas vamos lá. As coisas estão acontecendo, e as investigações continuam na casa mal-assombrada. A todo instante vemos oportunidades em que alguém vai ficar sozinho em uma sala escura. Na maioria das vezes, sequer uma lanterna as pessoas têm. Tudo parece pretexto para movimentos clichês, e, infelizmente, as coisas não fluem. Basicamente Sobrenatural: A Última Chave jogou as suas boas ideias longe e abraçou o tradicional, o feijão-com-arroz. Mas é aquele feijão-com-arroz preguiçoso, frio e sem tempero. E com isso, todo mundo sabe o que vai acontecer. Pra não ficar só básico, o desfecho também desperdiça novas oportunidades. Afinal, estamos falando de um quase universo expandido do terror. E essa demonstração de conexão ou sequência surge de uma forma tão óbvia e pouco instigante que a gente fica com saudade de outros filmes que parecem mais caprichados e honestos. E como falou um dos colegas após a cabine de imprensa, Elisie Rainier é quase uma brasileira. Não vai conseguir se aposentar tão cedo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *