CríticaFilmesTelevisão

Sem Nova York, “Um Príncipe em Nova York 2” é uma chance desperdiçada

As expectativas né gente. Elas sempre atrapalham. Depois de Eddie Murphy ensaiar uma volta triunfal com Meu Nome é Dolemite (Netflix), ele estreou no Prime Video da Amazon a continuação de Um Príncipe em Nova York, clássico da Sessão da Tarde de 30 anos atrás. Mas, infelizmente, apesar de raros respiros, a ideia de Um Príncipe em Nova York 2 (Coming to America 2) acabou não vingando, ou mesmo alcançando as expectativas de quem guardava o filme de 1988 em um lugar especial da mente ou do coração.

Apesar de entregar um bom filme de TV, Um Príncipe em Nova York 2 se perde na própria essência. Mesmo que queira mostrar novos personagens e conflitos – algo que toda continuação faz – o longa dirigido por Craig Brewer não agarra a oportunidade de traçar paralelos com o seu original. Se no primeiro filme o príncipe Akeem (Eddie Murphy) quer encontrar alguém que ele goste de se relacionar ao invés de um casamento arranjado no belo reino de Zamunda e acaba se tornando um peixe fora d´água na grande Metrópole, onde acontecem as cenas mais engraçadas, mesclando comédia, ação e até um drama interessante, agora temos o contrário, com um até então filho bastardo (Lavelle, interpretado por Jermaine Fowler) sendo tirado do Queens e levado para o país fictício. Nessa linha, será que não poderiam ter mudado o nome do filme? Afinal, Nova York dessa vez não tem um papel importante e quase não cabe em 10 minutos de cenas.

Na trama, os bons momentos são exatamente os que mencionam algo do filme original, além da grande presença de Wesley Snipes. O reino de Zamunda também é interessante, mas falaremos disso mais tarde. O início de tudo, quando é apresentada a trama, é até bem promissora e indicaria a busca de Akeem por um filho para passar seu reino. Isso porque suas três filhas não podem, segundo a tradição de Zamunda, herdar a coroa. Nesse meio tempo, seu pai, o Rei Jaffe Joffer (o excelente James Earl Jones) percebe que está em seus últimos dias, fato que rende também boas cenas e uma participação especial de Morgan Freeman. 

um príncipe em nova york 2
Eddie Murphy e Jermaine Fowler levam a trama de Um Príncipe em Nova York 2

Com todas essas peças na mesa, o espectador pode imaginar que a história vai finalmente migrar para Nova York. No entanto, por lá, a primeira missão de Akeem é resolvida em uma rápida consulta na barber shop que conhecemos no filme original. Essa rápida passada garante pelo menos duas boas cenas, mas para espanto de todos, já migramos novamente para Zamunda com a missão completa: Lavelle e sua mãe Mary Junson (Leslie Jones, em um estereótipo um pouco inconveniente) já foram convencidos a migrar para o desconhecido.

Corta novamente para Zamunda, onde o filme se perde totalmente jogando Lavelle para o centro das atenções, com raras cenas inspiradas. Invariavelmente, teremos números musicais, até competentes, mas reservados a um palácio pequeno e um cenário com panorâmicas estranhas e efeitos especiais bem duvidosos. Animais selvagens do país mesclados com atores em determinados momentos causam uma impressão bem estranha.

wesley snipes um príncipe em nova york 2
Teyana Taylor e Wesley Snipes dão um respiro ao filme com cenas musicais e dançantes

E deixando Nova York de lado, nosso agora Rei Akeem também vai ficando esquecido. Mesmo os conflitos gerados pelo General Izzi (Wesley Snipes), as provas de introdução do novo príncipe e as filhas que não podem herdar o trono ganham pouca força, nos levando a um desfecho quase óbvio e com mais um número musical. E já dizia o ditado, quando você encerra um filme com um musical, ou o acerto é muito grande, ou você não sabia muito o que fazer.

Com todas essas críticas apontadas, vale dizer que não é impossível gostar de Um Príncipe Nova York 2, mas em um clássico panorama de expectativas, realmente esperávamos mais. Mais Príncipe, Mais Nova York, e mais inspiração. Nem mesmo a piada autorreferente com a questão de resgate de filmes antigos serviu de consolo.

Veredito da Vigilia

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *