Segunda temporada de Control Z se perde ao focar no apelo visual
Como você já deve ter lido no nosso texto de primeiras impressões, a segunda temporada de Control Z, série teen da Netflix que estreou no dia 4 de agosto, foca na vingança, oriunda dos acontecimentos que levaram à morte Luis (Luis Curiel). O adolescente que sofreu bullying no primeiro ano da atração parece ter uma forte ligação com o Vingador, personagem misterioso que persegue todos aqueles, que, de alguma forma, contribuíram para que a tragédia acontecesse.
Novamente Sofía (Ana Valeria Becerril) e Javi (Michael Ronda) juntam as pistas, criando todo o tipo de teoria que possa os levar ao verdadeiro culpado, colocando até mesmo as suas vidas em risco. Porém, a dupla é separada no momento em que Raúl (Yankel Stevan), o Hacker da primeira temporada, volta para o convívio escolar, mesmo depois de ter arruinado a reputação de todos os alunos do Colégio Nacional ao revelar os seus segredos mais íntimos. É nessa tensão que a segunda temporada de Control Z sustenta a trama, que parece ter sido inspirada nos filmes slasher dos anos 90, como Eu Sei O Que Vocês Fizeram no Ano Passado e Pânico.
As pistas que o Vingador vai deixando depois de cada vítima, bem como as deduções da observadora Sofia (que às vezes parecem não funcionar por conveniência de roteiro), ajudam o telespectador a maratonar a produção, que possui outros enredos paralelos, para dar uma espécie de respiro na história e no fato de simplesmente desvendar quem está por trás de tudo isso. Uma delas é a da personagem Natalia (Macarena García Romero), a cleptomaníaca que se deu mal quando começou a traficar e ficou devendo para os seus fornecedores. Nos novos episódios, vemos a garota enfiar os pés pelas mãos na tentativa de arrecadar o dinheiro para pagar as suas dívidas, ao mesmo tempo que engata um “namoro” com Javi, que praticamente é ofuscado da trama no momento que isso acontece. Porém, devido às amarras que o enredo propõe, soa até justificável (mas eu não shippo os dois).
Temos também a irmã de Natália, María (Fiona Palomo), que precisa lidar com o perseguidor Pablo (Andrés Baida), o pai da criança que a adolescente está esperando. Na segunda temporada, o cara parece servir apenas para espalhar o caos, descontando a sua raiva em todo mundo, já que a sua mudança de ideia não funcionou, agora que resolveu assumir o seu filho. A gótica Alex (Samantha Acuña) também possui os seus “perrengues”, já que o seu relacionamento com a sua ex-professora continua, mesmo com todos os obstáculos que um envolvimento assim possa acarretar.
Contudo, a jornada que melhor foi explorada e muito bem contada, foi a de Gerry (Patricio Gallardo). O responsável por fazer Luis parar no hospital e, por consequência, morrer, está fugindo das autoridades, ao mesmo tempo que está fugindo de si mesmo. Isso porque Gerry custa a se assumir gay, fato que na segunda temporada vai se aflorando, simultaneamente a consciência do rapaz, que busca redenção em todos os pontos-chaves que o levaram a cometer a agressão. O calvário de Gerry conseguiu humanizar o personagem de uma maneira que o espectador realmente compra a ideia.
Entretanto, Control Z se perde ao continuar querendo chocar. Parece que os seus criadores precisam competir com outras séries do gênero, apelando para muito sangue na tela, mortes impressionantes e adolescentes sem receio de apontar uma arma uns para os outros. Alguns figurinos (que eu havia até elogiado nas primeiras impressões ) também deixam a desejar conforme a série vai explorando os looks de festa ou os mais casuais. O último capítulo também parece não saber a hora certa de terminar, sempre buscando um jeito mais impactante, como foi no final da primeira temporada.
A segunda temporada de Control Z parece continuar a lista de problemas vividos por adolescentes e que necessitam ser explorados nas séries que se passam no Ensino Médio. Mesmo assim, como o próprio personagem Hacker (Raúl) fez no primeiro ano da série, vimos que a internet é um catalisador para que coisas ruins aconteçam, ao intensificarmos essa cultura de cancelamento e superexposição das pessoas nas redes sociais. Control Z quer alertar, porém de uma maneira exagerada, não sabendo a hora certa de parar, assim como um adolescente, que ainda está aprendendo a viver e às vezes comete algum deslize.