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Robin Hood: A Origem, uma ideia mal-executada | Crítica

Recentemente o cinema vem derrapando feio em novas adaptações de clássicos literários. O problema se agrava quando esses clássicos somam excelentes adaptações já realizadas na sétima arte, e, mais ainda, quando esses clássicos envolvem heróis medievais, tal como Rei Arthur – A lenda da espada. Feita a introdução, já temos uma noção do que vem por aí com Robin Hood: A Origem, que chega aos cinemas brasileiros no dia 29 de novembro. Pois é, uma pena.

 

Robin Hood: A origem traz como protagonistas Taron Egerton, o herói da franquia Kingsman, e que no ano que vem deve chegar bem diferente, como Elton John, em Rocketman (a cinebiografia do cantor inglês), e também o oscarizado Jamie Foxx (Em Ritmo de Fuga). Já chega com uma certa pretensão, não é mesmo? Junto deles, o diretor Otto Bathurst (conhecido por seus trabalhos em Black Mirror e Peaky Blinders) trouxe Ben Mendelsohn (Rogue One: Uma História Star Wars, Jogador Nº 1 e do inédito Capitã Marvel), que obviamente é o vilão, e a beleza e força de Eve Hewson (da ótima série The Knick e que recentemente esteve no remake de Papillon). Junte tudo isso a um bom orçamento e uma boa ideia. Tem como dar errado? Tem, claro. Sempre tem.

O menino Taron Egerton já expressa nessa foto: Não deu!

Mesmo que Robin Hood: A Origem tenha alguns dos ingredientes básicos para um competente blockbuster, o longa acaba esbarrando em sérios problemas. O primeiro dele é que nenhum personagem consegue cativar. O espectador não compra o ‘drama’ de ninguém. As apresentações são apressadas e em vários momentos parece que o filme vai se resolver, mas na verdade, só consegue se complicar mais. A tal “história reescrita” que os autores tentam vender acaba sendo uma série de pretextos para (tentar) agradar todos os públicos: temos o mocinho jovem e promissor, a menina ousada e politizada, o mentor inteligente e sagaz, o vilão que é mau (simplesmente porque quer, com direito a risadas malignas), o mocinho/futuro vilão, que deixa o gancho para possíveis continuações, e o padre atrapalhado, querendo ser o alívio cômico. Nenhum desses atores, por mais competentes que sejam e já tenham provado isso durante a carreira, funcionam. Só faltou colocar um mascote para completar todas as cotas. Uma lembrança importante: o mocinho/futuro vilão é interpretado por Jamie Dornan. O “astro” da trilogia 50 Tons de Cinza parece que está com o dedo podre na hora de escolher projetos.

Em meio ao conflito, Jamie Dornan agoniza mais uma escolha ruim em sua carreira.

Fora a ambientação, cenas de ação e lutas, que estão no devido lugar, temos o figurino, que basicamente nos dá a ideia que as Cruzadas (historicamente situadas entre os séculos IX e XIII) se passam atualmente, tamanho são as qualidades e modernidades de roupas, cortes e costuras. Uma licença poética da alta costura, talvez. Até mesmo tentam fazer graça com isso. E novamente não funciona. Em certos momentos, que nem se explicam com coerência no roteiro, temos ainda vários conflitos entre o povo e governo. Por exemplo: o povo está sofrendo nas mãos dos tiranos, mas o máximo que vemos é a casa do outrora playboy medieval Robin de Loxley. Outro problema é uma simulação terrível de ‘black-blocs’ com direito a coquetel molotov. O mais atento verá que temos umas garrafas long neck de cerveja usadas para (literalmente) incendiar o conflito. Só não vou citar a marca da cerveja para não fazer comercial gratuitamente.

Taron e Eve Hewson: Nem uma boa escolha de protagonistas funcionou

Produzido por Leonardo DiCaprio e com tudo que envolveu, Robin Hood: A Origem merecia mais, mas se perdeu entre querer ser um filme de ação, com drama, doses de humor e lição de moral. Com tudo isso, o filme ainda pode funcionar muito bem com determinadas faixas-etárias, ou mesmo aquele que não está lá muito preocupado com algum senso de história. Em tempo: a produção gráfica e as artes especiais feitas para o filme estão bem bonitas.

Veredito da Vigilia

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