Resgate: Chris Hemsworth mira seu próprio John Wick | Crítica
A estreia da vez é Resgate (Extraction, 2020), longa protagonizado por Chris “Thor” Hemsworth que chega ao catálogo das produções originais da Netflix. Além do astro de Vingadores, o longa vem com outras similaridades aos personagens de quadrinhos. A história é uma adaptação da graphic novel “Ciudad” de Ande Parks e Joe e Anthony Russo, desenhadas por Fernando León González. E claro, com tudo isso, os irmãos Russo (Vingadores: Guerra Infinita e Ultimato), também são os produtores. A direção fica a cargo de outro conhecido desse núcleo, Sam Hargrave, responsáveis por rodagens de segunda unidade dos filmes dos heróis da Marvel. Na história, o ex-combatente de guerra, com o clássico background “tive esposa e um filho”, trabalha com missões clandestinas, no estilo caçador de recompensas. E ele vai levar seu talento para resgatar o jovem Ovi (Rudraksh Jaiswal), filho de um grande traficante preso que é capturado por seus concorrentes. Tudo isso tendo como pano de fundo as caóticas ruas da Índia.
E Sam Hargrave começa o filme com o pé na porta. As primeiras cenas de ação com Tyler Rake (Chris Hemsworth) são dignas de quem saiu das coordenações de dublês de ação. Algo bem parecido com o caminho trilhado por Chad Stahelski, da trilogia John Wick e Deivid Leitch, também de John Wick, Deadpool 2 e Atômica. E se Hemsworth mira em um John Wick, ele quase chega lá. Outro comparativo que fica evidente é com as cenas de ação cruas e marcantes de Capitão América: O Soldado Invernal. E o pique é mantido com louvor por grande parte do primeiro terço do filme, com as melhores coreografias e cenas de ação. A câmera lembra muito o estilo shooters (games), acompanhando o protagonista, mas não se furtando de desviar o caminho para mostrar com ainda mais riqueza a destreza e o trabalho de atores envolvidos. Ponto fortíssimo de Resgate.
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Mas no submundo das drogas e no verdadeiro labirinto que as ruas da India se transformam, o início vitorioso de Tyler Rake sofre várias reviravoltas. Vale ressaltar que algumas cenas são bem violentas, não poupando ossos, headshots ou mesmo crianças e adolescentes. Em meio ao caos, antigos amigos de guerra são acionados (aquelas coincidências aleatórias que não precisam de grandes justificativas, afinal, queremos mesmo é ação). E nisso entra em cena David Harbour (Stranger Things), como Gaspar, dando aquele respiro necessário, afinal, nem todo herói é de ferro ou mesmo um deus nórdico capaz de atravessar uma cidade sem sofrer fortes traumas (fortes mesmo).
Costurando os riscos da missão, que só aumentam, e um pouco da relação entre sequestrado e herói de aluguel, Hemsworth ainda dá espaço para o protagonismo de Saju (Randeep Hooda), antes colocado com um de seus maiores obstáculos. O ator indiano brilha, também mostrando bastante competência nas lutas corporais, até que tudo nos leva para um grande embate em uma ponte.
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Na ponte, temos alguns momentos incômodos para quem estiver com um olhar mais crítico, como uma total falta de sentido no posicionamento de snipers. Geograficamente, eles fizeram algumas proezas impossíveis. E embora entregue um desfecho interessante, parece que o gás acaba logo após esses importantes momentos, trazendo um protagonismo velado para Nik (Golshiteh Farahani), a amiga de equipe de Tyler, que acaba simplificando demais o final da história, mas não sem uma conclusão inesperada para o nosso protagonista.
No final das contas, Resgate, tal qual Sergio (2020), é uma das produções originais da Netflix que ficam acima da média, ganhando seu destaque especial no catálogo ao lado de peças bem menos expressivas. É entretenimento de boa qualidade, e a Vigília Recomenda!