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Primeiras impressões: Pokémon Unite é um MOBA surpreendente, mas com muito grind

Lançada em 1996, a série multimídia Pokémon completou 25 anos, mais forte e popular do que nunca. Seja nos games, televisão, cinema, cartas e brinquedos, a criação da Gamefreak é a franquia mais lucrativa da história, sempre mantendo-se relevante e com uma legião de fãs que acompanham os pequenos monstros. Com Pokémon Unite, lançado na semana passada para Nintendo Switch e com previsão de lançamento para celulares Android e Apple ainda neste ano, a produtora tenta abocanhar o lucrativo mercado dos MOBAs, como League of Legends e Dota, ao mesmo tempo que sela uma parceria importante com a Tencent, gigantesca produtora e distribuidora de games, na tentativa de capitalizar no mercado chinês. Joguei durante todo o final de semana e resumo aqui minhas primeiras impressões.

Online cheio e servers robustos garantiram uma boa estreia

Com um sistema simplificado e com partidas rápidas, Unite disponibiliza uma série de monstros com diferentes habilidades que vão de All-Rounder (um estilo meio coringa com stats equilibrados), Speedster (focado em velocidade), Defender (muita vida e defesa alta), Attacker (atacantes) e Supporter (recupera vida e entrega buff aos aliados). O objetivo é derrotar e capturar pokémon controlados pela CPU (os bots) e marcar gols com as pokébolas conquistadas nas bases inimigas, enquanto defende suas próprias bases de ataques inimigos.

O sistema de partidas é rápido e eficiente. No final de semana de estreia foram poucos bugs e muitos jogadores, o que fazia o tempo de espera ser quase nulo entre uma partida e outra. Inicialmente, o modo Standard é ideal para arrecadar moedas e experiência, comprar licenças para usar novos pokémon e partir para partidas ranqueadas. É uma boa forma também de conhecer o monstro que mais se adapta ao seu estilo. No meu caso, foquei no Machamp, um All-Rounder com bastante poder ofensivo, e Zeraora, um Speedtser com ataques elétricos. No caso do Machamp, ele inicia com sua primeira forma, Machop, e, conforme luta com bots, evolui para suas duas formas finais. No nível 9, cada pokémon ainda desperta um golpe especial capaz de virar uma luta.

Customização de golpes e estratégias garantem a diversão

Os jogadores ainda podem definir quais golpes se encaixam melhor com seu estilo de jogo, bem como adicionar itens que melhoram o desempenho do personagem. Mas, na hora do “vamo vê”, é a experiência que vai ensinar as melhores táticas. Jogar em equipes randômicas é um desafio constante, já que o jogo não disponibiliza chat de voz. Jogar com amigos facilita o entrosamento, mas não é garantia de sucesso, apesar de melhorar muito. No entanto, criar sinergia com seus colegas realmente é um diferencial. É nesses momentos que o jogo brilha e surgem as jogadas épicas da partida. Saber quando atacar os miniboss controlados pela CPU, Rottom na parte de cima e Deadnaw na parte de baixo, também podem garantir uma boa vantagem para o time e pode pender a balança.

A hora da virada: os 2 minutos finais

Em si, a partida tem um ritmo normal, mas, nos últimos dois minutos, o jogo pode virar do avesso. O lendário Zapdos aparece no centro da arena. Derrotar ele significa ganhar várias pokébolas para todo o time, além de enfraquecer as bases inimigas. Além disso, nesses momentos finais, a pontuação é dobrada e, ao derrotar Zapdos, se algum inimigo estiver próximo, ele é automaticamente morto. É comum liderar com folga uma partida mas, quando a outra equipe rouba a morte do pokémon, o jogo vira em questão de segundos. Um erro nesta etapa pode ser fatal.

Monetização e grind denigrem a experiência

Pokémon Unite é surpreendente! Um MOBA extremamente competente que traz vários diferenciais e uma interface fácil de usar, super aberto a novos jogadores, mesmo que inexperientes, como eu, no estilo. Apesar disso, a monetização e o grind são pesados demais. Mesmo free-to-play, o jogo exige que o jogador compre o battle pass se quiser cosméticos novos para seus personagens. Se tentar jogar apenas desbloqueando de forma convencional, serão prêmios medíocres, como uma meia preta para o treinador, por exemplo, ou algum item sem grande relevância. Mas o pior ainda é a questão dos itens que podem influenciar na batalha. A progressão deles também está vinculada à monetização, o que dificulta demais para quem não pretende gastar. Não chega a transformar em um pay-to-win, mas desequilibra as partidas. Uma pena, visto que o jogo até consegue ser equilibrado, na maior parte das vezes. Outros problemas devem ser melhorados ao longo das atualizações, como novos mapas, melhorias no sistema de pontuação que valorize supporters e bugs que ainda acontecem.

Apesar disso, Pokémon Unite é uma ótima surpresa em um mercado que poderia facilmente estagnar.

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