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Por que Vivemos | Crítica

A vida, o universo e tudo mais são discutidos pela filosofia de vida budista no anime Por que Vivemos. Com estreia no dia 23 de novembro, a produção deve ganhar pouco espaço entre os cinemas de todo o Brasil, mas é baseado em um best-seller homônimo que vendeu mais de um milhão de exemplares no Japão. No Brasil, foi lançado pela editora Satry. Dirigida por Hideaki Oba, a produção é também baseada em fatos reais. O roteiro adaptado é de Kentetsu Takamori, um dos autores do livro e professor de budismo da Terra Pura, um dos mais tradicionais do segmento. Prepare-se, pois a obra é diferente de tudo que costumeiramente vemos em uma animação.

A pegada aqui é altamente filosofal. Não espere uma animação cheia de agitação. Mesmo que contenha cenas de ação, perseguição e tragédias, a abordagem é de reflexão e um pouco da história do budismo no Japão. Nela vemos a saga de transformação do camponês Ryoken, um homem difícil de lidar e que, por estar muito desencontrado, duvida de tudo, é cético, grosseiro e não valoriza o que a vida lhe dá, principalmente dentro do próprio lar, onde vive com a esposa e a mãe doente. É necessária uma tragédia para que ele busque contato com ensinamentos do Mestre Rennyo e tenha uma guinada em sua jornada.

Filosofia budista: a vida é um oceano por onde navegamos sozinhos

Toda ambientada no século XV, um período de efervescência e conflitos civis e de guerras no Japão, temos a visão de vários clãs e diferentes segmentos religiosos. Isso nos leva a vários paralelos da atualidade, podendo também transpor esse tipo de situação para outras religiões e tendências espirituais. A partir da união de Ryoken e Mestre Rennyo, a história passa a ser ainda mais reflexiva, com ensinamentos e narrativas que podem muito bem ser analisadas em paralelo com a forma que enxergamos a vida. A obra utiliza-se de metáforas, parábolas narradas e ensinamentos budistas em meio a toda a trama. Destaque para o ensinamento e paralelo que se faz das nossas vidas em um oceano. Nela vivemos soltos na imensidão da água e precisamos nadar. Nem tão rápido para não cansar, e nem tão devagar para não afundar. Nesse contexto, estamos sempre buscando uma tábua de salvação, ou mesmo um barco para nos amparar de forma definitiva. É preciso saber dosar as forças e buscar um rumo.

Já com os personagens Ryoken e Mestre Rennyo unindo forças, eles começam uma peregrinação que vai unir ainda mais discípulos e seguidores de suas formas de pensar e ver a vida por onde quer que eles passem. Até que essa popularização passe a incomodar outros monges guerreiros da época, conflitando em um trágico incêndio.

Animação é baseada em fatos reais e em best-seller japonês

A partir de todas essas disposições, Por que Vivemos nos instiga justamente a pensar em seu título. Busca a reflexão do espectador pela sua vida, morte, felicidade, sofrimento, escolhas, desapegos e ideias fundamentais sobre a doutrina budista. No Japão, o filme ficou em cartaz por 29 semanas. É uma experiência cinematográfica diferente, ideal para quem está alinhado a esta filosofia e para os admiradores dos modos de vida orientais. E claro, para quem quiser refletir um pouco mais sobre a vida, o universo e tudo mais, em uma noção muito mais ampla.

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