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PéPequeno e a importância da verdade e da ciência | Crítica

Quem decidir assistir PéPequeno não imagina a imersão em um debate tão atual e pertinente que está prestes a participar. Com direção de Karey Kirkpatrick, a nova animação da Warner Bros. conta a história dos yetis, ou como conhecemos popularmente, os Abomináveis Homens das Neves, ou só Pés-Grandes mesmo.

Os yetis vivem em uma aldeia acima das montanhas, que são escoradas no nada. E é nisso mesmo que eles acreditam. A espécie acha que é única no mundo e que os seres humanos e tudo que foge do entendimento e do dia a dia deles são apenas mitos. Até aí, tudo bem. Porém, quando Migo, um yeti amável, que sonha em tocar o gongo, como toda a sua família cabeça-chata, tem a sua primeira oportunidade de realizar a missão e acordar o grande caracol reluzente, algo inesperado acontece. Eis que ele erra, sai pipocando e acaba caindo para longe da aldeia. Em seu retorno, ele encontra aquilo que todos diziam não existir: o pé pequeno. Então, Migo e sua turma começam uma expedição para provar que o pé pequeno (e um mundo muito maior) realmente existe.

E aí vemos um Girl Power daqueles! A maior cientista da aldeia, quem descobre os mistérios e incentiva o grupo à buscar a verdade nas coisas é Meechee, em sua versão original vivida por Zendaya (Homem-Aranha de volta ao lar), filha do Guardião das Pedras Sagradas. Ela que promove a dúvida em todos e mostra que mulheres podem fazer o que elas quiserem, uma ótima influência às nossas crianças.

Meninas podem ser o que elas quiserem!

Contudo, PéPequeno é muito mais do que uma história sobre provar que está certo. PéPequeno mostra aos pequenos (e aos adultos que acompanham) a importância da verdade e da ciência. Isso mesmo. PéPequeno é um filme sobre a importância de não acreditarmos cegamente em tudo o que um povo (ou uma religião pregam). E, a partir disso, podemos fazer uma série de analogias com a nossa realidade durante a exibição do filme. O personagem do Guardião das Pedras Sagradas pode ser comparado à um padre ou pastor com sua Bíblia, onde existem regras de convivência que não devem ser questionadas. Essas regras podem ser fantasiosas, mas, no fundo, servem para colocar ordem nos fiéis (os yetis) que os acompanham. E, como não podia ser diferente, sempre temos uma turma de pessoas que calcula, pesquisa e prova que, na realidade, nem tudo que está escrito nas pedras sagradas ou em livros milenares está totalmente correto. Uma ótima reflexão para esses tempos sombrios que vivemos.

Outra trama na história, a ser destacada, fica por conta de Percy e sua busca pela audiência. Com programas forjados e histórias inventadas, podemos nos questionar: até que ponto se pode ir para ganhar espectadores? Até onde se pode ir para viralizar um conteúdo? O que podemos considerar sucesso? Em épocas de redes sociais e de canais de trollagens ganhando nossas crianças, todos os questionamentos são válidos.

Tecnicamente, PéPequeno não peca. Com cores coordenadas, o filme mostra uma bela fotografia, muito bem feita e de encher os olhos. As músicas, como não poderia ser diferente, são chicletes que nos fazem sair da sala de cinema cantando, principalmente a música abaixo. Quando você menos esperar, vai estar cantando “Para aléeeeeem da razão mediiiiiiir”

Com um roteiro de descobertas, de verdade e de ciência, PéPequeno encanta e surpreende. O filme entra em cartaz no dia 27 de setembro. A Vigília recomenda.

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