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Panic: jogos mortais para adolescentes

Panic, nova série do Prime Video, adapta o best-seller de Lauren Oliver construindo uma espécie de “Jogos Mortais” em versão adolescente. Com uma produção caprichada e 10 episódios, a série tem seus altos e baixos, mas flui muito bem, formando uma produção interessante de se assistir. Mas claro, nada que seja tão revolucionário quanto a franquia de terror onde pessoas cortavam suas próprias pernas. E sem o sangue também. Explico.

Na verdade, embora o comparativo com a franquia sangrenta da Blumhouse, há que se fazer uma ressalva e regular as devidas proporções. Embora tenha sua dose de tensão, e até violência, Panic tem seu mundo próprio. Em uma cidade pequena no interior do Texas, os jovens são desacreditados quanto a seus próprios futuros. A crise ao chegar ao final do High School (ou Ensino Médio) é tanta que eles se apegam a um jogo, que parece fazer parte da cultura da cidade, para ganhar um dinheiro e sair da pequena Carp (é o nome da cidade). Ou seja, o “Panic” é uma espécie de “Jogos Mortais”. Ninguém sabe ao certo quem o organiza, mas o passado recente do jogo – que cria suas próprias regras – é de que um casal de jovens morreu ao participar de uma de suas novas edições, deixando um legado pesado para todos os moradores. 

Com esses desafios arriscados, em uma espécie de gincana da “Baleia Azul” (jogo online que incentiva jovens a fazer loucuras, que às vezes lhes custam a vida), o Panic entra em funcionamento logo após a formatura do colégio da cidade. E junto da protagonista Heather Nill (vivida por Olivia Welch, que estará na trilogia de terror Rua do Medo, da Netflix) vamos nos envolvendo em todo furor que vai se formando entre os jovens, e o bater de cabeças e incompetência das autoridades que tentam de alguma forma impedir que os desafios ocorram.

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 Mike Faist é Dodge Mason e Jessica Sula interpreta Natalie Williams.

Por mais que tenha uma sequência irregular, Panic começa com uma boa construção de personagens, e fica fácil se apegar ao drama familiar de Heather. O elenco entrega o ponto necessário para que sigamos acompanhando a saga, mesmo que também seja fácil compreender que há situações pouco convincentes. A verdade é que os mistérios estilo thriller dos anos 2000, como o próprio “Pânico” (de Wes Craven) e “Eu sei o que vocês fizeram no verão passado” cativam o espectador. Para aqueles que curtem Riverdale ou outras séries de mistérios recentes, é um prato cheio.

O maior mérito da série é reunir um elenco competente e que entrega as características necessárias para cada um dos perfis. Além de Olivia, temos Mike Faist, Jessica Sula, Camron Jones e Ray Nicholson. Em meio aos atritos dos desafios, cada um terá um segredinho a revelar, colocando outros temperos ao andamento das investigações. Outro ponto positivo é a produção acima da média da Amazon Studios, que garante uma fotografia colorida, efeitos especiais razoáveis e uma ambientação que lembra realmente um filme. Ponto negativo? Quase 90% do núcleo adulto parece ser um completo idiota, seja em qual for o contexto ou situação.

Com tudo isso, Panic é aquela série que reúne os ingredientes necessários para um entretenimento sem grandes compromissos. Você pode até torcer o nariz em um ponto ou outro, mas a proposta de saga teen envolve tudo que a idade exige. Caso os “jogos mortais” não lhe interessem, talvez os dramas mais reais de Heather e as suas complicações em casa possam lhe fazer ficar até o final. Vale a investida. E se você gostar, já pode ficar atento, pois provavelmente teremos novas temporadas.

Veredito da Vigilia

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