Paixão Obsessiva | Crítica
Com o plot de um relacionamento não resolvido e o ciúme doentio, Paixão Obsessiva chega aos cinemas de todo o Brasil dia 20 de abril. Tentando ser um suspense tenso em um triângulo amoroso, o filme quase consegue convencer. Até que no final, tudo é jogado fora. Exatamente. Mas, se você gosta de novelas mexicanas, talvez isso não vá afetar sua experiência dentro de uma sala de cinema.
O filme dirigido por Denise Di Novi, que produziu vários filmes em parceria com Tim Burton, apresenta Julia (Rosario Dawson), uma mulher bem-sucedida que decide levar uma vida mais simples o noivo David (Geoff Stults) em uma cidade pequena na Califórnia. No entanto, alguns traumas do passado vão lhe atormentar nessa chegada. Tessa (Katherine Heigl) completa o triângulo como a ex-mulher de David, que não suporta ver a felicidade do novo casal, juntamente com a sua única filha. E é a partir dela que entramos de cabeça em uma grande novela passada para um filme.
Tessa é o tipo da mulher perfeitinha, que sempre anda elegantemente vestida, maquiada e sempre se preocupando com as aparências. Já Julia é o oposto, simples e descolada, ela se destaca pela naturalidade. Ao conhecer Julia, Tessa passa a simular situações e até mesmo a cometer crimes para tirar Julia do ex-marido, pela qual ela sempre demonstra esperanças em reatar. Seu ciúme e obsessão tornam-se uma doença que vai atormentar fortemente a sua rival. Nada que você não tenha visto por aí em alguma novela.
A relação e os conflitos vão aumentando entre as duas. A tensão cresce. E olha, quase somos convencidos. Até que chegam as cenas de confrontos. A primeira delas é um tombo simulado de uma escada que faria inveja para qualquer Usurpadora ou Maria do Bairro da vida. Somamos a tudo isso a filha que passa a gostar mais de Julia e a mãe sufocante de Tessa (preste atenção nela, pois a relação mãe e filha explica um pouco do porquê ela ser tão fora da caixinha).
Os traumas do passado e um ex-namorado violento (de Julia) também são resgatados pela obsessão de Tessa, que já não vê limites em seus atos. Mas ainda não chegamos ao ápice novelístico da obra. Antes disso temos um esquenta para justificar cenas de sexo (não tão explícito, mas melhores que 50 Tons de Cinza) e até uma bizarra cena sexo virtual (ou algo parecido com isso). Novamente, quase somos convencidos de que a tensão vai explodir.
Mas chegamos ao ápice do pastelão quando no arco final, tudo se coloca fora, com cenas ainda mais dignas de novela mexicana. O último terço do filme descamba para uma série de cenas que, tentando ser violentas (e olha que no trailer até chamam atenção) acabam sendo dignas de uma bela comédia trash (já falei novela mexicana aqui no texto não é mesmo?). E não é exagero, algumas risadas poderão ser detectadas em uma eventual sessão.
Mas não é só isso. Sempre pode ficar ainda mais sem vergonha. Ao final do filme, com tudo resolvido e a vida feliz voltando ao normal. Ainda somos descaradamente jogados a uma cena que induz a uma continuação. De verdade, essa eu pago pra ver.