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Pacificador: James Gunn segue entregando humor, violência e trasheiras

O nerd mais velho, ou melhor, o nerd há mais tempo sabe bem. Uma série decente de super-heróis de quadrinhos demorou para chegar. Mas essa época chegou. O que ninguém poderia imaginar é que na época de ouro das adaptações de quadrinhos para o audiovisual, o personagem Pacificador seria o responsável por uma das séries mais divertidas do gênero. O mérito é claro, já sabemos, é de James Gunn. O roteirista, produtor e diretor novamente pegou um subproduto da nona arte e transformou em uma atração especial para os grandes estúdios (HBO Max / Warner), assim como foi com os Guardiões da Galáxia e o próprio (O) Esquadrão Suicida. James Gunn é um diretor de cinema trash que conseguiu se consolidar no mainstream da melhor forma: entendendo que personagens em quadrinhos são exatamente isso, personagens em quadrinhos. 

James Gunn criou uma abertura que ninguém consegue pular

Mas vamos ao que interessa. A série do Pacificador surgiu tão logo foi lançado O Esquadrão Suicida. Jogada bem trabalhada entre diretor e estúdio, afinal utilizaram várias coisas já prontas para o filme, o que já entrega a produção em um patamar acima, com aquele ar bem cinematográfico. Tecnicamente, impecável. Efeitos especiais, jogos de câmera, elenco, está tudo no lugar. Muitos poderão torcer o nariz para a trilha sonora, composta por farofa Hard Rock da melhor qualidade (eu particularmente adorei), mas isso é do jogo e foi, novamente, assim como em Guardiões da Galáxia, meticulosamente pensada por James Gunn e sua equipe. E temos ainda John Cena (Bumblebee), um ator carismático que cada vez mais mostra sua faceta artística, em uma escalada interessante para um novo The Rock, afinal, eles tem origens parecidas. O bombadão foi um achado para o papel de anti-herói-quase-fascista, mas que na série, mostrou todo o seu coração e um passado pra lá de trágico.

Embora feita com todo coração e esmero de sempre, Pacificador é notoriamente uma série para divertir. Mesmo que nem todos gostem das piadas propostas, Gunn soube brincar muito bem com os temas polêmicos, e por isso, colocou personagens estratégicos para evitar possíveis cancelamentos. E com isso, conseguiu ser uma série equilibrada o suficiente para agradar os principais polos de recorrência nas polêmicas rasas entre o mundo nerd nas redes sociais. Faz piadas duvidosas, mas reforça a diversidade, fazendo em vários momentos que o nerd tóxico fique envergonhado do outro lado da tela (embora talvez muitos deles sequer entendam que isso seja um deboche da própria série). Abordar racismo, fascismo, sexualidade e piadas de pum (!) num mesmo pacote é realmente um achado.

John Cena foi um grande protagonista
Pacificador: quando você achou que veria esse visual dos quadrinhos na tela?

Fora as linhas (não tão profundas) de crítica social, a série do Pacificador traz uma história já vista. Basicamente é a mesma trama vista em O Esquadrão Suicida. Uma ameaça alienígena – e novamente um kaiju envolvido – usa os humanos como meio para propagar a sua raça. A vaca e as borboletas são a mesma ideia de Starro no filme que originou a série. Não chega a ser um grande problema, pois temos sub-tramas bem marcantes, mas é figurinha repetida. O mesmo fluxo, mas funciona bem, graças aos personagens (que sempre entregam) e, ao final, as (in)esperadas participações especiais, que, fazem com que o DCU esteja vivo novamente. Pelo menos em alguma escala. De quebra, James Gunn trouxe ao cânone personagens absurdos como Judomaster, O Homem-Pipa, Rapaz Comedor de Matéria e, pasmem, o Bat-Mirim. James Gunn não tem a menor vergonha na cara em propor as situações mais bizarras das HQs, chegando ao cúmulo de termos um capacete de “Torpedo-Humano” no último episódio. Mas acima de tudo, ele sabe como usar essas bizarrices.

Assim como a maioria das críticas de filmes com James Gunn envolvidos nesse site, vamos novamente celebrar essa grande vitória. Pacificador é mais três pontos para a DC e para o diretor. Entretenimento da melhor forma e a possibilidade de um novo rumo para o DCU. Teremos segunda temporada, e não duvide se tivermos mais séries derivadas a partir de agora. Com Gunn, o céu é o limite.

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