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Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan é uma boa aventura das antigas

Não é de hoje que o cinema tenta adaptar Os Três Mosqueteiros. Ok, “tenta” pode ser uma palavra muito forte, afinal, tivemos filmes bem sólidos, passando por clássicos dos anos 40, pérolas que são o puro suco dos anos 90, e até mesmo nossos queridos Trapalhões, nos anos 80. Uma das mais conhecidas histórias da literatura francesa agora voltou com força, com uma grandiosa produção … que pasmem, também é francesa.

Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan (The Three Musketeers: D’Artagnan) levou mais de um milhão de pessoas aos cinemas franceses em sua semana de estreia, e teve sua filmagem totalmente feita nas regiões da Normandia, Bretanha e Altos da França, com o custo de 70 milhões de euros. Muito provavelmente esse barulho todo não seja ecoado aqui no Brasil, mesmo assim, o filme de Martin Bourbouloun é uma típica aventura à moda antiga.

A aventura acompanha D’Artagnan, excelente na interpretação de Fronçois Civil, e sua busca por se tornar um mosqueteiro. Mas chegando na corte do Rei Luis XIII, ele se depara com uma série de desafios. Os primeiros deles são, com ninguém menos do que Athos (Vincent Cassel), Porthos (Pio Marmai) e Aramis (Roman Duris). Com boas doses de humor, o filme remonta essa união aleatória de uma forma bem diferente do que já vimos em outras adaptações do texto de Alexandre Dumas. Talvez aqui, a questão de ser uma produção francesa seja um dos grandes ganhos da adaptação. Não estamos simplesmente vendo mais do mesmo.

Adaptação com alma

Os Três Mosqueteiros: D'Artagnan
Da esquerda para a direita: Athos (Vincent Cassel), Aramis (Roman Duris) e Porthos (Pio Marmai).

Tudo parece ter um pouco mais de alma e menos compromissos, digamos assim, com o cinema pré-moldado de Hollywood. Apesar disso, temos no bolo todo a participação de Eva Green, além do arco, que foi dividido em dois filmes. O próximo chega ainda em 2023 aos cinemas brasileiros, provavelmente em dezembro. 

Com um ritmo interessante, Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan capricha na ambientação, figurinos e carisma do elenco (a exceção que confirma a regra é Louis Garrel, de Os Sonhadores). Todo focado em efeitos práticos e cenas mais puras, não temos aqui um blockbuster cheio de enganações ou efeitos especiais com tela verde. 

Porém, a história central parece não ter uma apresentação muito clara. Em determinados momentos achamos que estamos somente acompanhando D’Artagnan, e em outras estamos em uma trama que envolve o Rei, Religiões e uma guerra entre países pronta para eclodir. Esse mistério todo melhora com o passar do tempo, mas começa de uma forma um pouco embolada.

Eva Green em Os Três Mosqueteiros: D'Artagnan
Eva Green cumpre a cota do papel misterioso na trama

No meio da causa real, às quais os Mosqueteiros são fiéis, temos uma trama que ainda coloca um deles em um julgamento, enquanto um núcleo religioso quer ver reinos em confronto para tomar o poder. Do meio para o final as coisas ficam melhores delineadas, e o filme começa a trabalhar de forma mais orgânica. Talvez o fato de ter uma história dividida em duas não seja lá uma escolha tão certeira, pelo simples fato de quebrar início, meio e fim da estrutura narrativa completa. Mas, são escolhas. Vejamos como será a sua continuação.

É quando as intrigas internas começam a aflorar de forma mais contundente que Os Três Mosqueteiros ganha valor. A aventura destrava e os personagens começam a realmente a agir, fazendo toda a roda girar, como uma típica aventura de capa e espada. Temos alguns momentos que respiram o cinemão dos anos 90, fazendo com que tenhamos uma boa aventura “das antigas”.

O fato de chegar um pouco antes de grandes blockbusters, como o próprio Guardiões da Galáxia Vol. 3, e depois de Super Mario Bros. O Filme, que devem monopolizar as salas de cinema, certamente fará com que Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan tenha vida curta por aqui. Então, se você gosta da proposta, é melhor correr para as salas de cinema.

Veredito da Vigilia

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