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Os Incríveis 2: a família Incrível está ainda melhor | Crítica

Falar sobre Os Incríveis é falar sobre infância. Afinal, em 2004 fomos apresentados à família Pêra, que usa o codinome de Incrível em uma das grandes produções da Pixar. A família composta pelo Sr. Incrível, pela Mulher Elástica e pelos três filhos cheios de poderes fazem parte do nosso imaginário. No primeiro filme, fomos introduzidos ao seu mundo, onde os super-heróis eram proibidos. Em Os Incríveis 2, que parece ter começado exatamente onde o outro acabou, temos a busca pela recuperação da legalidade dos super-heróis. Mas o filme é muito mais do que isso.

Dilemas cotidianos, problemas familiares e a vontade de salvar o mundo são presentes na vida de Helena, a Mulher Elástica, e de Beto, o Sr. Incrível, já que eles têm Violeta, uma pré-adolescente revoltada, Flecha, uma criança tentando aprender matemática e cada vez mais agitada e Zezé, um bebê beeeeeeem diferente. Uma proposta de emprego é feita à Lúcio, o Gelado, à Beto e à Helena. Mas a empresa é bem específica, comandada pelos irmãos milionários Wilson e Evelyn Deavor: a primeira missão tem que ser de Helena!

A partir daí temos um dos momentos Girl Power mais legais das animações (e podemos dizer que do cinema também!). Além de super-heroína, Helena sempre foi uma super-mulher, cuidava da casa, dava umas escapadas para combater o crime e deixava a vida da família absurdamente organizada. Mas a missão seria da Mulher Elástica e, com isso, ela precisou que Beto assumisse a responsabilidade da casa. E ele não tinha a mínima ideia de como fazer isso.

O cansaço foi grande, né, Sr. Incrível?

Nessa nova etapa apresentada, que a família, com maturidade, precisava enfrentar, observamos duas situações: em sua maioria, homens não são educados para compartilhar as tarefas (alô sociedade patriarcal) e, por esse motivo, Helena fraquejou e várias vezes pensou em abrir mão da carreira, do sonho, para retornar e cumprir um papel que ela acredita ser apenas dela. Contudo, dando um tapa de luva em nossa sociedade, a Mulher Elástica – com apoio de Beto, que se virou em mil, pediu ajuda de todo mundo, mas fazia questão de transparecer calmo quando a esposa ligava – continuou na missão e resolveu os problemas. E o que podemos tirar de tudo isso? Mulheres estão no mercado de trabalho sim! Devemos dividir as tarefas! E homens podem compartilhar e tomar conta das coisas da casa, assim como as mulheres. Ponto para o diretor Brad Bird, que aprimorou e inseriu ainda mais situações de debate em Os Incríveis 2.

Voltando à primeira missão do projeto, antes do início do filme, somos avisados: caso você tenha tendência à epilepsia ou sensibilidade à luz, Os Incríveis 2 não é indicado para você. E, reforçamos: siga esse aviso. Afinal, o vilão da vez é o Hipnotizador. E cenas de hipnose estão presentes o tempo todo. E o plot twist do filme é impressionante! Nem os roteiristas de Scooby-doo teriam escrito algo tão interessante (!?!?!). A Mulher-Elástica mostra uma força e uma inteligência que colocaria no chinelo qualquer super-herói da Marvel.

Os Incríveis 2 é até um pouco mais engraçado que o primeiro. As piadas estão presentes o tempo inteiro, mas sempre pontuais. A dublagem conseguiu inserir expressões e situações bem brasileiras ao longa. Aliás, foram mantidos os dubladores da primeira versão e os personagens de Raul Gil, Otaviano Costa, e principalmente, de Evaristo Costa e Flávia Alessandra estão bem fáceis de identificar! É um filme que nos faz rir de um jeito sutil e inteligente, sem tentar ser forçado. Zezé é a estrela deste filme, assim como no primeiro! O bebê tem DEZESSETE (!) poderes, e agora a família, com a ajuda de Edna Moda, está conseguindo compreender o quão forte ele é e como ele pode auxiliar em todas as batalhas. Aliás, como era de se esperar, você vai ficar querendo mais e mais cenas com a ranzinza Edna Moda.

O visual do filme continua muito, mas muito legal. O desenho com traços angulares segue, mas nitidamente foi aprimorado. E as cores alaranjadas e avermelhadas estão presentes em todos os cenários, dando uma unidade e sendo muito agradáveis aos olhos do expectador.

Brad Bird conseguiu trazer elementos da primeira obra, quase como easter eggs, e acariciou a memória dos fãs. Os Incríveis 2 agrada tanto as crianças que são inseridas nesse universo agora, quanto os adultos, que tem o primeiro filme em seu imaginário. A sequência funciona tanto para quem já assistiu o primeiro, quanto para quem caiu de paraquedas na história. E o mais legal: deixa um gancho fortíssimo para um terceiro. Que com certeza iremos amar! A Vigília indica.

P.S.: Como falamos antes, caso você tenha epilepsia ou sensibilidade à luz, infelizmente, é melhor evitar.

Veredito da Vigilia

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