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O Touro Ferdinando é o exemplo que precisamos | Crítica

Uma lição de vida e de amor que serve para muitas coisas hoje em dia. Principalmente o ódio emitido em vários setores da nossa sociedade, e, principalmente, aquele visto no nosso rotineiro tribunal da internet. Assim é “O Touro Ferdinando”, nova animação da Fox dirigida pelo brasileiro Carlos Saldanha (A Era do Gelo, Rio), que estreia dia 11 de janeiro em todo o Brasil. É um grande programa para crianças, jovens e adultos.

Baseado na história criada por Munro Leaf, com ilustrações de Robert Lawson, Ferdinando foi criado em 1936 para um livro infantil, como um personagem pacífico. O que fica evidente desde os primeiros segundos do novo filme. Dois anos depois de seu lançamento ao mundo, a Walt Disney Company adaptou a história para um curta-metragem que lhe rendeu o Oscar. E a repaginada na história é um grande trunfo de Saldanha, que alia novamente humor, diversidade, lição de moral e diversão em doses certeiras.

O longa animado se junta a outras boas e grandes produções na luta de promover o amor, o respeito e a compreensão. O respeito ao diferente. O entender que o diferente existe e é isso que faz do mundo ele ser mais rico e mais colorido. Entre os filmes atuais que também trazem esses exemplos estão O Rei do Show, 120 Batimentos por Minuto (mas esse não é para crianças), o próprio Star Wars: Os Últimos Jedi e Extraordinário. São obras necessárias, acima de tudo. Promover um herói diferente, que foge ao padrão e que simplesmente escolheu não ser um touro bravo, com necessidades de demonstrar força ou impor suas vontades unicamente por ter mais poder que os menores, é surpreendente. Ferdinando é um exemplo maior. E vence por sua convicção.

Rolê por Madri: a turma completa do Touro Ferdinando.

Entre seus amigos, mais diferenças a serem respeitadas. Um touro magro (Magrão), um touro que enjoa a cada adversidade (Guapo), um que é cabeludo (Angus), um cabra maluca (Lupe), um touro zangado (Valente) e um que é quase uma Máquina (e o nome é Máquina mesmo). Juntam-se a eles os três ouriços Una, Dos e Quatro (pobre Três). Em todos a arte e os traços da animação são marcantes e feitos especialmente para vender pelúcias. Eu, inclusive, já quero a minha do Ferdinando. Todos são antigos conhecidos que se reencontram após o retorno acidental de Ferdinando, que fugiu de seu destino inglório do rancho Casa Del Toro após a trágica perda de seu pai, o touro mais forte do local. No período que esteve fora, Ferdinando não foi treinado como os outros para ser um objeto de entretenimento das fatídicas touradas da Espanha. Pelo contrário, com sua fuga ele cresceu em um lar cheio de amor e flores, seu passatempo preferido. Mesmo assim, ele nunca fez questão de ser um brigão.

A música é também um ponto interessante do longa, embora não tenha a mesma força de outras animações onde todos saem cantando do cinema. Acima de tudo, por não ter ganho uma versão em Português. Por outro lado, a dublagem brasileira é marcante com Thalita Carauta (Lupe), Maísa (Nina) e Otaviano Costa (o cavalo Hans), entre outros.

O Touro Ferdinando também acaba tendo uma pitada de crítica direta à cultura das touradas na Espanha, embora não seja uma obra plenamente voltada a isso. A construção dos humanos e o “vilão”, El Primero, o melhor toureiro da Espanha, vem para desenrolar a missão final dos personagens, mas não chega a ser um panfleto grosseiro. Ao mesmo tempo, nos faz pensar na graça que tem em um estádio ver o duelo mortal entre um ser humano e um animal herbívoro. Acima de tudo, na realidade sabemos que somente um pode sair vencedor. Mas na fantasia, Ferdinando é o mais humano vitorioso.

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