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O Rei do Show | Crítica

A cultura sempre reage ao mundo de acordo com a realidade vivida. É mais ou menos como Isaac Newton cravou: toda ação tem uma reação. E em uma época onde a onda é toda de conservadorismo e o preconceito ainda parece permear quase todas as esferas da sociedade em todo o globo terrestre, é ela (a cultura) que se encarrega de mostrar, ou tentar dar o recado. E em O Rei do Show isso é mais do que evidente. Não há segredo nenhum. A mensagem é direta, sem rodeios, sem disfarces. E talvez essa seja a parte que vai agradar muitos, e incomodar outros. Eu prefiro pensar que passar uma mensagem sem deixar dúvidas, hoje em dia é uma grande virtude. E até por isso, em meio a sessão de imprensa, tive que conter o quase impulso de aplaudir alguns números apresentados no filme. Ponto para o diretor Michael Gracey, que faz sua estreia em grande estilo. Ao lado dele, ninguém menos que os vencedores do Oscar pela parte musical de La La Land – Cantando Estações, Benj Pasek e Justin Paul.

Hugh Jackman é P.T. Barnum e Zac Efron é Philip Carlyle

O Rei do Show é o clássico musical. Vai sair do cinema para ir direto para os teatros do mundo, Broadway e afins. Conta a história de P. T. Barnum, um sonhador cheio de auto-confiança que arrisca a vida em quase todas as áreas. Barnum, segundo a visão do diretor, é uma das mentes mais instigantes dos anos 70, nesse caso, 1870, época pós-guerra civil nos Estados Unidos. É a partir dele, um visionário do ramo do entretenimento, que surge a ideia de reunir relegados e fazer com que eles possam se mostrar do jeito que são. E toda essa história se entrelaça com muita música de forma certeira, com a produção que Hollywood pode contar. E por ser uma história de época, fica ainda mais fantasiosa e colorida, com exageros e momentos que, claro, só em um musical se pode ver. Hugh Jackman (P. T. Barnum) mostra sua versatilidade novamente (e ele vive se exibindo com os truques que aprendeu a fazer com a cartola nas internets da vida), ao lado de Michelle Williams, a esposa Charity (dispensa apresentações), de Zendaya, como Anne Wheeler, e o sempre “High School Musical” Zac Efron, como Philip Carlyle. O núcleo é todo perfeitinho e cheio de gente bonita, o que contrasta um pouco com a mensagem do filme, que segundo eles mesmos fazem questão de destacar “é uma celebração da humanidade”. Isso porque eles são o destaque e o desenrolar de toda a trama, que traz sim a diversidade em seu esplendor, mas deixa aos que representam realmente a diversidade os papéis de sub-protagonistas. Ou seja, traz a diversidade, mas não cede aos diversos as rédeas do filme.

Zac Efron e a multi-artista Zendaya

Pontuada a crítica, ainda assim O Rei do Show reforça a pauta da reação da cultura. É uma reação à sociedade que se fecha, que julga sem conhecer e assim, automaticamente exclui. O Rei do Show é então uma reação ao mundo e um grito para os que se escondem. E faz isso com muita competência, com músicas marcantes – você vai sair da sessão cantando – e uma sonoridade que tem um grande impacto. Tem a trama romântica, tem a queda e a ascensão, e bons protagonistas. Inclua-se aqui também uma Rebecca Ferguson (Boneco de Neve) marcante como Jenny Lind.

O Rei do Show é o que se propõe a ser: um espetáculo cultural e de entretenimento. Fechado, redondo e direto. Uma virtude.

Veredito da Vigilia

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