O que podemos aprender com Capitão Fantástico

É preciso de alguns minutos para recompor as emoções depois de assistir Capitão Fantástico. Um filme que nos faz repensar muitos e muitos conceitos. Uma família que vive em uma realidade alternativa, bem diferente da nossa, nos choca num primeiro momento. Afinal, eles comem o que eles plantam e caçam e vivem sem ir para a escola. Mas, aparentemente, são muito felizes.

O mais difícil, com toda a certeza, é não julgarmos o estilo de vida que Ben (Viggo Mortensen, aqui indicado ao Oscar de Melhor Ator) decide oferecer para os seus seis filhos. Mas nem tudo dá certo nessa história, e com a morte da mãe das crianças, vemos a realidade deles mudar. Tiramos alguns ensinamentos do filme, confira:

De que depende a nossa felicidade?

A primeira pergunta que eu faço é o tópico mais crucial. Pare e pense: a sua felicidade baseia-se em comprar um carro, um apartamento, um smartphone novo? Viajar no final do ano e passar vinte dias na praia? Ou poder ficar o máximo de tempo com a sua família. Precisamos perceber que nossa felicidade não pode ficar focada naquilo que o dinheiro compra. Podemos ser felizes valorizando as pequenas coisas que nós temos.

Existem culturas e jeitos de viver muito diferentes dos nossos. E isso é ótimo!

Enquanto alguns caçam e plantam para comer, outros tomam café da manhã em restaurantes, comendo panquecas. Cada pessoa vem de um lugar diferente, com hábitos e costumes bem diferentes. No filme, há um choque cultural quando os filhos de Ben ‘conhecem a civilização’, observam um restaurante e um supermercado, ambientes que eles eram privados, até fazerem essa viagem. Talvez ali, faltou sensibilidade de Ben para explicar para as crianças o que elas estavam vendo, assim como os hábitos dos filhos dele eram estranhos para os tios e primos, por exemplo.

A forma de criar os filhos é diferente para cada pessoa.

Vamos a um tópico controverso. Ben entrou em conflito com a sua irmã, já que ele decidiu explicar tudo, nos mínimos detalhes, para os filhos. E a irmã prefere proteger as crianças da realidade. Cada um é responsável apenas por seus filhos e não precisa concordar com a criação que outra pessoa decide dar, mas não pode interferir na decisão do outro. Respeito, acima de tudo.

Nem sempre nossos objetivos são tão incríveis quanto achamos que eles são.

Podemos – e devemos – sonhar muito, mas temos que ter a noção de que nossos sonhos precisam enfrentar regras. Talvez se Ben e Leslie (Trin Miller) não tivessem criado uma realidade tão alternativa, a esposa pudesse estar viva e fazendo algum tratamento médico. Por mais incrível que viver em uma sociedade alternativa possa parecer, o casal acabou privando os filhos da realidade, que apenas eles conheciam. Eles acreditaram tanto naquilo que deixaram de lado algumas percepções. E aí entramos no tópico a seguir.

Preste atenção nos sentimentos de quem está ao seu redor.

Rellian (Nicholas Hamilton) é um dos filhos de Ben e Leslie. Ele se mostra o mais revoltado por viver na realidade que se encontram. Ele queria poder comemorar o Natal, por exemplo. Mas com a concepção que seus pais têm de sociedade, isso não cabe. Só que ninguém parou e perguntou para Rellian o que ele desejava fazer. Claro que os nossos sonhos são nossos, porém temos que ter a sensibilidade em perceber que ninguém está sozinho nessa vida e que todo mundo que nos cerca tem sentimentos.

Cuidado com o que fala no momento de raiva.

Não, (geralmente) ninguém odeia os pais ou qualquer pessoa que estamos discutindo. Mas, nos momentos de raiva, geralmente falamos coisas que podem machucar as outras pessoas. Rellian fala muitas coisas para o pai, das quais se arrepende. O melhor a se fazer é (tentar) pensar no que falar e não magoar ninguém.

Tudo precisa ter equilíbrio.

Nem tanto ao céu, nem tanto a terra. O filme agrada porque mostra equilíbrio. Ben consegue manter uma vida animada e com seus princípios, mas um pouco mais próximo da “civilização”, levando os pequenos para a escola e morando numa casa. E para vida, tudo precisa ser assim, na medida certa.