CríticaFilmes

O Primeiro Homem | Crítica

A fascinante história do primeiro homem a pisar na lua agora ganhou um filme: O Primeiro Homem. Nele temos um trabalho repleto de cenas incríveis, assinada pelo diretor do momento e com um elenco de fazer qualquer um correr para o cinema. Infelizmente, a expectativa gerada por tudo isso talvez não faça jus ao trabalho final, que embora excelente (principalmente pelos seus quesitos técnicos), acaba não passando o nível daquele filme que surpreende. Apesar de competente, O Primeiro Homem, de Damien Chazelle, acaba esbarrando em um tom lento e melancólico que pouco lembram o envolvimento gerado nos seus trabalhos anteriores, como o marcante Whiplash e o emocionante La, la Land – Cantando as estações. Esse último, por sinal, lhe rendeu o Oscar de Melhor Diretor em 2017.

 

O Primeiro Homem é quase impecável em suas condições e conduções técnicas. Transições de tela, planos sequência, paleta de cores, figurino, ambientação dos anos 60, edição de som… tudo isso é absurdamente marcante, principalmente se você estiver diante de uma tela IMAX. Nestes quesitos, lembra um pouco do que Christopher Nolan fez em Dunkirk. O elenco completa essa estrutura com Ryan Gosling como Neil Armstrong, Claire Foy (The Crown) como Janet Armstrong, e o amparo de Kyle Chandler (A Noite do Jogo), Jason Clark (A Maldição da Casa Winchester) e Corey Stoll (The Strain, O Homem Formiga). E claro, a mão esperta de Chazelle. Mas nem tudo são flores. Tudo em função do ritmo do filme. Chazelle fez questão de espaçar cenas, contar tudo com calma, e acabou sendo traído pelo excesso de zelo em detalhar algumas relações. O excesso de preciosismo, voltado a uma direção mais artística acabou deixando a narrativa cansativa, quase sonolenta. Interessante ressaltar que, apesar disso, um dos maiores dramas (e sub-tramas) da história, e que talvez se justificasse ser um pouco mais aprofundado, é um dos mais rápidos a passarem pela projeção.

Ryan Gosling e Claire Foy: Uma dupla dessas já desperta o interesse de muita gente.

O filme começa com cenas excelentes, que mostram o risco e a crueza das situações enfrentadas pelos pilotos na época. Como verdadeiras cobaias, era quase certeza de que suas vidas poderiam acabar em qualquer dia de sua jornada de trabalho. E isso é retratado de uma forma forte, mas ao mesmo tempo sem apelos. Aos poucos, um grupo de amigos e brilhantes engenheiros da Nasa, vai se perdendo e se literalmente se dizimando, dando a oportunidade de fazer história para aquelas pessoas que talvez não fossem os primeiros a ser escolhidos. Aos poucos também o êxtase e ritmo inicial vai dando espaço a um filme mais frio, onde o drama não nos sensibiliza tanto. Ryan Gosling inicia bem, mas seu pragmatismo vai cansando. Já Claire Foy, acaba ficando um pouco mais de lado. Tudo isso mesclado a grandes panorâmicas espaciais.

Damien Chazelle e seus comandados. Uma missão que entrou para a história

O Primeiro Homem contorna também a questão da corrida espacial, entre Rússia e Estados Unidos, com aquela clássica escorregada pelo nacionalismo norte-americano. Mas essencialmente, a história de Neil Armstrong não consegue conquistar o espectador. O capricho exagerado da técnica e a frieza dos protagonistas acabam entregando um filme sem coração, nos fazendo lembrar que algumas vezes, menos é mais. Uma pena.

Veredito da Vigilia

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *