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O Predador, ação sem compromissos | Crítica

Querendo ou não, existe uma certa mística no entorno do personagem Predador, inserido no cinema em 1987 no longa clássico com Arnold Schwarzenegger. De lá pra cá, surgiram muitas produções, nem sempre surpreendentes ou tão marcantes quanto a sua original, culminando em O Predador (2018) de Shane Black, que é um misto de remake, reboot e nova versão turbinada. Isso porque o diretor de Máquina Mortífera e Homem de Ferro 3 fez exatamente isso. Turbinou a ação e temperou a narrativa com seus toques de humor e de explosões, característicos de sua carreira. O resultado final? Um filme divertido, como sempre.

Fora daquele filme tenso que vimos nos dois clássicos iniciais, O Predador começa com um tom obscuro, utilizando naves espaciais que após uma perseguição, acabam parando na terra. Mas esse tom obscuro vai clareando aos poucos, com a introdução dos personagens. Aliás, os personagens são muitos. Basicamente, Shane Black reuniu os amigos e perguntou: “Vamos nos divertir um pouquinho?”. Essa é um pouco a essência da evolução da trama. Boyd Holbrook (Narcos, Logan) é o mocinho Quinn McKenna, o primeiro a se deparar com a ameaça vinda do espaço. Sterling K. Brown (This Is Us, Pantera Negra) é Treager, o chefão do laboratório governamental que vai atrás dos tesouros caídos do céu. Olivia Munn (X-Men: Apocalypse) é Casey, a bióloga contratada para o estudo dos espécimes recolhidos – mas não consegue convencer muito não – e Jacob Trambley (O Quarto de Jack) é Rory, filho de McKenna, que vai ser uma espécie de elo com os predadores. Completam o time os malucos que caem de maduro na trama: Trevante Rhodes como Nebraska, Keegan Michael-Key (Friends From College), Thomas Jane (O Justiceiro, em 2004), como Baxley, Alfie Allen (o Theon Greyjoy de Game of Thrones) como Lynch e Augusto Aguillera, como Nettles. E eles são malucos, literalmente falando mesmo.

 

O jogo é dinâmico e logo estamos vendo o que mais se espera: os Predadores dilacerando pessoas em seu esplendor. Mas dessa vez, a ameaça não é única, e como falei antes, essa versão é turbinada. Temos um super Predador que vem para acabar com aquele que acabou sendo preso pelos humanos. E ele vem com uma horda de cães. Nada visualmente muito elaborado não. Basicamente o design dos monstrões adaptados para cães. Até os famosos “dreads” estão neles. Sem grandes preocupações com a ficção científica, a trama nos joga na cara que o que eles realmente buscam é uma espécie de evolução a partir de uma mescla com o DNA humano (a gente compra a ideia, porque, né?). Pior para o garoto que estabeleceu um elo (meio que aleatório) com os alienígenas.

Shane Black e seu time: Fun, fun fun…

Além de não termos a tensão característica dos filmes com O Predador até aqui, os fãs mais ligados vão sentir falta também do uso da vasta tecnologia vinda dos personagens. A invisibilidade e pontaria aparecem apenas em momentos convenientes. O lado bom é que com um elenco posto e tão numeroso, já sabemos que poucos vão sobrar para possíveis continuações. Após piadas e muitas mortes – em tempo, o filme ganhou censura 18 anos o que quer dizer que adolescentes de 16 anos podem assistir, de acordo com a portaria 1189, Artigo 7º, seção III, isso é Brasil, afinal de contas – o desfecho vai se tornando um pouco mais escrachado, naquela ânsia de se ter um momento épico na ação. No final das contas, fica engraçado. Nada para se levar muito a sério.

Mas, fora o desfecho deslizante, ainda temos uma última cena, que mistura um pouco da vitória dos protagonistas com uma quase surpresa. Uma pena que foi uma quase surpresa. Mas de qualquer forma, se os predadores vierem novamente, os humanos estarão preparados.

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