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O Método Kominsky tem um encerramento mais do que digno

A terceira temporada de O Método Kominsky mais uma vez, nos fez rir, ao mesmo tempo em que nos mostra a vida nua e crua, com luto, dor, perdas e os tantos perrengues da terceira (ou melhor) idade.

Desde o início, a série parecia muito como uma versão masculina de Grace and Frankie, também da Netflix (e isso já era ótimo por si só). A trajetória de Sandy (Michael Douglas), no entanto, dessa vez, se afasta um tanto do tom colorido e descontraído da série liderada por Lily Tomlin e Jane Fonda.

Com a partida inesperada de Norman (Alan Arkin), logo na abertura da temporada, Sandy vivencia um luto intenso. A despedida daquele que, ao longo de décadas, esteve ao seu lado e foi o seu parceiro fiel, para o bem e para o mal, teve um impacto direto na jornada que o nosso protagonista vivenciou ao longo dos (poucos) 6 episódios.

De forma escrachada, a série mais uma vez nos traz um pouco sobre o aceleramento do mundo atual, das novas formas de se viver em sociedade e, muitas vezes, da dificuldade dos mais velhos em compreender esses novos formatos. Essas brincadeiras com a forma como as novas gerações reinventaram o uso dos pronomes para identificar as mais diversas questões de gênero, por exemplo, podem, por vezes, parecerem insensíveis, mas vejo tais “posicionamentos” simplesmente como a visão de um senhor de setenta e tantos anos sobre as movimentações ao seu redor.

Uma grande adição à série, com a saída de Arkin/Norman, foi Kathleen Turner (vocês talvez lembrem dela como o “pai” de Chandler, em Friends), como personagem regular, interpretando novamente a ex-esposa de Sandy, Roz. A relação dos dois, a partir do retorno definitivo de Roz, tomou um rumo inesperado, porém cheio de emoção, nos mostrando que nunca é tarde para mudar.

Aliás, “nunca é tarde” poderia ser um subtítulo de O Método Kominsky, que, especialmente nessa terceira temporada, traz a mensagem de que a vida serve para ser vivida em todos os momentos. A tal “terceira idade”, com todos os obstáculos que possa ter, não precisa, necessariamente, ser um momento de sentar e ver o mundo passar. Pode ser um momento de autoconhecimento, de redenção, de encontro de um novo amor, de começo de novos projetos.

Um ponto que vale destaque aqui também tem relação com as aparições especiais. Tratando-se de uma série sobre um professor de atuação “do mundo real”, com contatos reais, dessa vez temos pontas de Morgan Freeman (que nos garante boas risadas) e Jon Cryer, o Alan de “Two And a Half Men”, outra criação de Chuck Lorre, idealizador da série.

Os outros núcleos da série vão se desenvolvendo quase em segundo plano. Mindy (Sarah Baker) e Martin (Paul Reiser) avançam em seu relacionamento. Phoebe (Lisa Edelstein) e Robby (Haley Joel Osment) estão atrás da herança do pai/avô, que está sob controle de Sandy. E a turma de alunos da escola de atuação segue em busca de papéis de destaque, enquanto ensaiam cenas famosas. Tudo vai andando, porém sem muito aprofundamento, afinal, o que temos aqui é a ótica do protagonista.

O Método Kominsky nos oferece um final muito bem construído, repleto de emoções e muitas lições, em geral, sobre a vida. Por mais que saia dos trilhos em alguns momentos nesta temporada, a série como um todo nos ofereceu boas risadas e muitas reflexões.

Recomendo o uso de lencinhos para esse final, hein?!

Veredito da Vigilia

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