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O Livro de Boba Fett: série (finalmente) dá o protagonismo para quem nunca o teve

Nunca duvide de Jon Favreau e Dave Filoni. Principalmente depois do desfecho de O Livro de Boba Fett. E agora, porque não, podemos colocar Robert Rodriguez no grupo, assim como a excelente Bryce Dallas Howard. O grupo cada vez mais conciso e apaixonado por Star Wars está entregando entretenimento da melhor qualidade nas primeiras séries live-action do universo criado por George Lucas. E agora, com o “O Livro de Boba Fett”, eles conseguiram dar o protagonismo para um personagem que nunca passava pela barreira de “ele tem um visual incrível”. Um quase “rostinho bonito” no meio de toda a saga Guerra nas Estrelas. Não vamos esquecer, ele apareceu no bizarro especial de Natal e ganhou quatro linhas de falas e seis minutos de tela em O Império Contra-Ataca. E era isso! 

Mas depois do sucesso de The Mandalorian, o jogo virou. E estamos percebendo que a melhor coisa para Star Wars é se descolar um pouco da saga Skywalker dos cinemas (e sua errante última trilogia). Com isso, podemos mergulhar em histórias originais, ainda que secundárias, mas que sempre apresentarão seu charme maior com um leque gigante de personagens e aparições especiais. E Boba Fett seguiu a cartilha vitoriosa de The Mandalorian, ainda que, o nosso querido Mando tenha sido criado basicamente em função do visual de Boba Fett, mesclando uma nova mitologia com traquitanas e o metal Beskar, capaz de barrar até mesmo um sabre de luz.

o livro de boba fett, mandaloriano e r2d2
CINEMA: O Mandaloriano (Pedro Pascal) no fundo com R2-D2 observando. Momento para enquadrar em uma moldura!

É fato que Temuera Morrison, o Boba Fett da segunda trilogia, foi um acerto em The Mandalorian. Embora não tenha o star power de um Pedro Pascal, tê-lo de volta ao jogo foi uma boa homenagem e uma conexão necessária ao papel. Mas também é preciso reconhecer que a própria série entendeu que ele não tinha capacidade de segurar toda a jornada nas costas. E com isso, O Livro de Boba Fett quase podia se chamar como “O Livro de Tatooine” ou “Crônicas de Star Wars”, afinal, dois dos três melhores episódios ele sequer deu as caras. Com isso, Favreau, Filoni e Rodriguez deram seu destaque para Morrison/Boba Fett em uma season finale bem digna. Afinal, não é todo dia que vemos um mandaloriano (ou dois) domar (ou tentar) um Rancor.

Danny Trejo também deu as caras em O Livro de Boba Fett
CINEMA PARTE 2: O Livro de Boba Fett tem Danny Trejo e um Rancor gigante. Sem palavras.

O fato é que nunca tive qualquer expectativas com O Livro de Boba Fett, ou mesmo os filmes que chegaram a ser cogitados um tempo atrás, com seu nome. Muito provavelmente a correção de rumos veio com um fracasso (Solo: Uma História Star Wars) e um sucesso (The Mandalorian). Isso, provavelmente, me fez simpatizar ainda mais com a série, dando aquele play despretensioso todas as quartas-feiras no Disney+. A regra clássica: baixas expectativas sempre, para não se desapontar depois. Ou, como disse MJ (Zendaya) em Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, “Se você esperar a decepção, nunca vai se decepcionar”. E com isso, entrei em Tatooine, seu povo, suas armadilhas e “tramas políticas”, de peito aberto. Tudo sempre regado a uma produção impecável… que sobe ainda mais a régua para o que está por vir. Vou repetir aqui: não é todo dia que vemos um mandaloriano (ou dois) domar (ou tentar) um Rancor.

O deleite para os fãs foi novamente muito bem delineado. O episódio 5, O Retorno do Mandaloriano, dirigido por Bryce Dallas Howard, surpreendeu a todos, deixando Boba Fett de lado e novamente entregando um capítulo completo só com “Mando”, ampliando ainda mais a “Guilda” e seus preceitos. Este episódio foi visualmente incrível, com coreografias e jogos de câmeras realmente impactantes. Bryce Dallas Howard, que vem do berço Star Wars (filha de Ron Howard, amigo de longa data de George Lucas), provavelmente ganhará ainda mais espaço nas próximas séries. E, não podia deixar de falar do episódio 6, “Do Deserto Vem um Estranho”, todo nas mãos de Dave Filoni, com uma nova aparição de Ahsoka Tano (Rosario Dawson) e Luke Skywalker (novamente rejuvenescido pela tecnologia), mas agora, de forma ainda mais surpreendente. Por óbvio, reencontramos Grogu (o baby Yoda), no ponto onde tínhamos ficado com a segunda temporada de The Mandalorian, e de quebra vemos a chegada de Cad Bane ao live-action.

Cad Bane apareceu em O Livro de Boba Fett
Faroeste em Tatooine: Cad Bane ganhou sua versão live-action!

Para falar que não falei de flores, obviamente tivemos nessa temporada situações um tanto embaraçosas. Principalmente na “gangue da mobilete” forçadamente introduzida por Rodriguez. Coloridos e jovens, os punks do subúrbio de Tatooine quase nada acrescentaram. Mas, vá lá. Nem tudo é vitória nessa vida.

O livro de Boba Fett Mandaloriano e Ahsoka
Outro grande encontro em O Livro de Boba Fett

No final das contas, O Livro de Boba Fett mostrou que as séries de Star Wars vieram para marcar época. Impecáveis visualmente, costurando personagens canônicos das série animadas com outros da própria trilogia original, elas são um grande presente para várias e várias gerações. E claro, deixam a expectativa enorme para o que vem pela frente: Ahsoka, Obi-Wan Kenobi, Andor e a continuação de The Mandalorian. Nesses títulos, a frase da MJ talvez não funcione tão bem. A exigência será maior, mas confiamos no time.

Esqueci de alguma coisa? Ah sim. A trilha sonora de Ludwig Goransson ainda vai ficar ecoando por um bom tempo em minha mente.

Veredito da Vigilia

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