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O Justiceiro: nova temporada, velhos problemas | Crítica

O Justiceiro segue seu caminho errante (talvez o último) na Netflix. A nova temporada estreou na sexta-feira, dia 18 de janeiro, após a primeira, que chegou no final de 2017 e, infelizmente, não resgatou todo o esplendor do personagem como tínhamos visto na segunda temporada de Demolidor. Sabe quando você encontra a pessoa certa para determinado personagem, mas todo o resto não ajuda muito? Algo muito parecido com o que aconteceu com Andrew Garfield nos sofríveis O Espetacular Homem-Aranha (2012) e O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro. Visual e efeitos especiais lindos, mas roteiro… Pois é, Jon Bernthal sofre deste mesmo mal. Entrega o Justiceiro definitivo, mas a história não acompanha seu desempenho.

Desta vez, vemos Frank Castle (Bernthal) após ter ferrado de vez com o seu ex-melhor amigo – o começo dos problemas – Billy Russo (Ben Barnes). O vilão retalho que conhecemos dos quadrinhos manda lembranças para a produção da Netflix, que deu ao personagem talvez o pior arco da série, além do fato de suas cicatrizes não botarem medo em ninguém. Pelo contrário, Ben Barnes corre a passos largos como o maior galã de O Justiceiro. É adaptação, ok. Mas não foi boa.

Em sua vida de nômade, Castle esbarra em uma garota (Georgia Whitham) em um bar de beira de estrada. E aqui começa a nova trama, ainda um pouco longe do vilão Retalho. Mesmo assim, os primeiros episódios talvez sejam os mais legais, quando Castle e a garota que está sendo procurada são perseguidos por novos bandidos, comandados pelo “padre John” interpretado por Josh Stewart. O Justiceiro mostra do que é capaz, mesmo com uma delegacia toda cercada por um quase exército. Alguns ficam pelo meio do caminho, principalmente o affair inicial do personagem principal, que entra bem, mas é completamente esquecida depois.

Na série do Justiceiro, um dos mais assustadores vilões das HQs virou galã de novela

Depois disso, a temporada inicia um vai-e-vêm de sub-tramas, com o retorno de Billy Russo, a introdução de sua psiquiatra Krista Dumont (Floriana Lima) e a agente Madani (Amber Rose Revah). E aqui começam desnecessários sonhos, delírios e a absurda perda de memória de Russo. Afinal, qual a razão de desfazer o principal conflito da série (para depois reconstruí-lo) se não para enrolar a trama, não é mesmo? Por isso, Billy Russo/Retalho, que nem é chamado de Retalho na série, acabou com o pior arco. E levou com ele boa parte da série. Por sorte, o vilão pastor/padre equilibrou um pouco a balança, muito mais pela ameaça que representou do que pelo seu background, diga-se de passagem. Uma curiosidade deste núcleo é a esposa do seu “patrão”, que é interpretada por Anette O’Toole, a Martha Kent de Smallville.

A nova temporada de O Justiceiro também sofre com a esteira de cancelamentos das séries da Marvel na Netflix. Se na primeira tivemos problemas, mas ainda assim momentos gloriosos do personagem, nesta segunda tudo fica um pouco mais contido, certamente reflexo de uma parceria que está acabando. Não temos cabeças explodindo – e no caso do Justiceiro essa expectativa é literal – embora a violência apareça com bastante frequência. Outro porém é a resistência que os humanos possuem com o tipo de violência ou traumas físicos que sofrem. Alguns podem cair de três andares de cabeça no asfalto e, milagrosamente sobreviver, enquanto outros podem cair de vez com um soco na cabeça. Ou ainda alguns podem cair de um viaduto em um carro, sentado no banco da frente, e sair caminhando do veículo. São certamente incongruências que ficam difíceis de engolir.

O trio Billy Russo, Dra. Krista e Agente Madani: idas e vindas nem sempre interessantes

Para fechar a tampa do caixão, os momentos que deveriam ser marcantes ao final da temporada deixam muito a desejar. Mais uma sequência de decepções envolvendo os principais vilões. Embora as escolhas possam ser diferentes, sempre se espera ao final de um filme ou de uma temporada aquele momento grandioso onde as resoluções entregam ao espectador tudo que ele espera após 13 (e longos) episódios. Mas, não espere isso por aqui. A cena final foi tão qualquer coisa que me deixou com muita saudades da primeira (e mediana) temporada.

Esperamos que Jon Bernthal tenha mais sorte com O Justiceiro num futuro próximo.

Veredito da Vigilia

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