O Informante é um filme de prisão fora do convencional
No final de abril, estreou na Netflix o filme de 2019, O Informante (The Informer). A direção é do ator e diretor Andrea Di Stefano e conta com o produtor de Sicário e John Wick. A trama, que aparentemente parecia ser mais uma daquelas produções sobre mocinhos na prisão, é, na verdade, bem menos rasa do que isso.
Bom, como citado acima, temos um mocinho, que conforme o filme avança, se torna mais inocente, justificando o motivo pelo qual devemos torcer por ele, mesmo sabendo que essa não será a sua primeira vez atrás das grades. Joel Kinnaman (do remake de Robocop, Altered Carbon e que estará de volta em O Esquadrão Suicida) é Pete Koslow, um ex-fuzileiro que atualmente trabalha para o FBI como um infiltrado na máfia polonesa (está aí um ponto que não vemos muito em filmes com traficantes, que geralmente são latinos, russos ou chineses). Inicialmente o cara tem mais sorte do que juízo, visto que mesmo que a sua missão inicial não tenha dado certo, ainda assim seu disfarce não foi revelado.
O problema é que tal falha no planejamento (de ambos os lados) fez com que os planos da máfia e consequentemente do FBI, precisassem ser alterados. O resultado faz com que Koslow precise voltar para a cadeia onde já esteve preso, para comandar o tráfico lá de dentro, para assim, pagar a sua dívida com os bandidos. Rosamund Pike (que recentemente venceu o Globo de Ouro) organiza a operação policial e convence o informante a aceitar a missão, mesmo ele não confiando muito no chefe dela, interpretado por Clive Owen (Projeto Gemini).
Indo finalmente para a cadeia, Koslow até passa por alguns clichês dos filmes de prisão, como mostrar a divisão de cada grupo, quem é aliado de quem e quais são os guardas corruptos, que permitem o tráfico e todo o tipo de ilegalidade por ali. Mas como já foi falado, esse não é um filme convencional do gênero, como costumávamos assistir em meados dos anos 90, nos quais um Jean-Claude Van Damme participava de algum torneio clandestino organizado pelo administrador da cadeia, ou um filme de fuga mirabolante no qual vários presos estão inseridos, ou até mesmo aqueles em que o protagonista faz amizade com outro detento e esse é morto pouco antes do fim, só para ser vingado pelo nosso herói.
Aqui temos também uma trama policial acontecendo do lado de fora do cárcere, o que tirou boa parte do rótulo de filme de prisão que O Informante poderia receber. Em virtude disso, o personagem do rapper Common tem pouco tempo de tela, – mesmo sendo fundamental para a trama – e vemos pouco das ações da tal máfia polonesa, limitando o expectador a alguns capangas que ficam rondando a filha e a esposa de Koslow, (interpretada pela atriz Ana de Armas) e o chefão, que nem sequer corre algum risco de enfrentar o protagonista.
Se O Informante tivesse focado mais em uma das tramas ou desse mais tempo para desenvolver a história, que se passa em poucos dias de maneira acelerada, poderíamos ter um resultado mais satisfatório e nos afeiçoaríamos mais aos personagens e suas motivações. Por isso, ele acaba só ficando um pouco, quase nada acima da média.