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O Esquadrão Suicida é a mente de James Gunn trabalhando com liberdade

O Esquadrão Suicida chega aos cinemas com uma expectativa alta. E a excelente notícia é que ela será correspondida com todo o louvor. O diretor James Gunn, que caiu para cima após sua demissão (e depois readmissão) da Marvel Studios, conseguiu carta branca da DC Comics/Warner Bros. Pictures e colocou sua mente para trabalhar sem amarras. Sem qualquer tipo de amarras. O resultado é um filme deliciosamente trash em sua concepção, mas com toda a pompa de um grande blockbuster e o investimento que normalmente temos em um filme que adapta um grupo de heróis (ops, vilões) das histórias em quadrinhos. Prepare-se para mais de duas horas de diversão sem compromissos ou seriedade. E como você já deve imaginar, não se apegue a nenhum personagem. Gunn preparou um verdadeiro banho de sangue.

É interessante pensar que o primeiro Esquadrão Suicida (David Ayer, 2016) apresentou parte dos personagens que retornam aqui. Mas nem por isso estamos diante de uma continuação. O Esquadrão Suicida de James Gunn é uma história totalmente diferente e fora do tom mais sóbrio que estava sendo imposto aos personagens da DC naquela época. Mesmo assim, ele aproveitou a excelente Arlequina (Margot Robbie), Rick Flag (Joel Kinnaman), o horrível Capitão Bumerangue (Jai Courtney) e a exaltada Amanda Waller (Viola Davis). Todos eles compraram a ideia e entregaram visuais iguais, mas outra pegada. Eles agora ganharam novos (e sempre bizarros) companheiros de missão. Não há como evitar elogiar mais uma vez James Gunn por isso. Oriundo de filmes trash com pitadas igualmente bizarras (confiram a carreira dele, vale muito a pena), ele remonta o time com o que há de pior das páginas das HQs.

michael rooker é o sábio
Michael Rooker, o Yondu de Os Guardiões da Galáxia da Marvel, agora é o “Sábio”. Se correr, a cabeça explode

Personagens que você nunca imaginaria em um filme, estão aqui dando o ar da graça, justamente para trabalhar em prol da insanidade e aleatoriedade que o banho de sangue propõe. Doninha (Sean Gunn) é basicamente isso, uma Doninha em forma semi-humana. Bolinha (David Dastmalchian) atira bolinhas mortais (?!?!). Dardo (Flula Borg), Blackguard (Pete Davidson), TDK (Nathan Fillion), Sábio (Michael Hooker), Mongal (Mayling NG) Tubarão-Rei (no set como Steve Agee, mas dublado por Sylvester Stallone) são grandes adereços no tabuleiro de James Gunn, que basicamente chamou os amigos para uma grande e divertida celebração. E claro, ainda temos que acrescentar o star-power de Idris Elba, que aceitou o papel mesmo sem a confirmação de que seria o personagem Sanguinário, e John Cena, que vai voltar no futuro com o seu ridículo Pacificador, também apresentado no filme. Faltou alguém? Ah, ainda temos Peter Capaldi em uma excelente participação como Pensador.

arlequina margot robbie o esquadrão suicida
Em meio aos desconhecidos, Arlequina (Margot Robbie) brilha em uma cena bem violenta

E essa mistura toda tem um roteiro básico, mas certeiro. Em uma nova missão (onde qualquer desistência significa que cabeças vão explodir, graças a uma bomba instalada em seus crânios) eles precisam destruir um laboratório secreto que faz experiências misteriosas, no país fictício de Corto Maltese. É onde temos ainda a apresentação de Sol Soria (a sempre competente Alice Braga) e seu grupo de revolucionários que terão uma participação um pouco menor, mas não menos necessária, na trama. É claro que a missão esconde informações. Afinal, você já viu nos trailers a presença de mais um personagem nível “Z” da galeria da DC. Starro, uma Estrela do Mar gigante nos joga ao clímax jamais imaginado para personagens cujos poderes se limita a atirar. Para rivalizar essa lado trash, não posso esquecer da Caça-Ratos 2 (o nome é esse mesmo), que nos conquista na interpretação de Daniela Melchior. Com ela, James Gunn acha tempo até mesmo para colocar uma lição de moral na história, que, até então, é baseada na diversão, tiros, brigas e corpos decepados.

Caça-Ratos 2 e Sanguinário em O Esquadrão Suicida
Prepare-se para o caos total!

Embora pareça longo, O Esquadrão Suicida tem uma edição dinâmica e temos alguns flashbacks importantes para prender o espectador na cadeira. O filme é colorido, e esse jogo de cores é impactante e lindo, por mais trash que seja a cena ou a piada proposta. Além disso, Gunn novamente nos premia com um produto da cultura pop embalado em uma trilha sonora certeira, tal qual entregou em Os Guardiões da Galáxia. Aliás, o comparativo não deixa de ser relevante. Gunn pegou dois grupos desconhecidos da Marvel e da DC e os transformou em propriedades intelectuais que hoje valem ouro. O toque de midas do diretor traz no final do filme algumas aparições surpresas e a certeza de que teremos um pouco mais desse universo, afinal (e isso não é spoiler), ele é o showrunner da série do Pacificador (novamente com John Cena), que será incluída no catálogo da HBO Max.

Enfim, assista na maior tela possível.

Veredito da Vigilia

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