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O Diabo de Cada Dia | Crítica

Baseado no livro O Mal nosso de Cada Dia, de Donald Ray Pollock e com elenco recheado de estrelas, contando com Tom Holland, Robert Pattinson, Sebastian Stan e Bill Skarsgard, a Netflix lança no dia 16 de setembro o filme O Diabo de Cada Dia. Religião, fé, assassinos em série, corrupção e muitas mortes fazem parte do enredo, que é uma clara crítica ao fanatismo religioso.

Ambientado nos anos 60 e entre Virgínia e Ohio, O Diabo de Cada Dia faz uma recapitulação entre o pós-guerra até os conflitos no Vietnã, trazendo histórias, elementos e locais que se interligam. São 138 minutos de filme, narrados por uma voz serena, que tem a missão de contar os mais diversos absurdos. O narrador é o próprio Donald Ray Pollock, que consegue dar um tom literário ao filme. Porém, existe um problema de ritmo muito grande na narrativa.

Com um primeiro ato exageradamente lento, o filme demora para começar a entregar o que vamos ver na sequência. São muitas cenas, muitos personagens e muitos universos que ainda não se encontram, despejadas sem a menor pressa. O segundo ato começa a engrenar e o terceiro passa quase rápido demais. Talvez se eles fossem melhor dosados o resultado final pudesse ser ainda melhor.

O Diabo de Cada Dia tem um eixo principal: mostrar que o mal está presente todos os dias, em diversas situações. E todo esse mal está em volta de Arvin Russell (Tom Holland), que mostra competência ao se desvencilhar dos papéis de heróis dos grandes blockbusters. E mesmo com muitos núcleos, o filme consegue ficar bem amarrado, unindo todas as pontas que pudessem estar soltas, e que começam a se apresentar com as escolhas de seu pai, Willard (Bill Skarsgard). Depois de voltar da guerra, seus atos e rumos impactam não só a sua vida, mas o destino de vários outros personagens.

O elemento da religiosidade está presente em quase todos os momentos. E até mesmo aqueles que se dizem “mensageiros da fé” usam disso para machucar. O reverendo (Robert Pattinson, grande destaque de atuação do longa) é um personagem que representa muitas e muitas figuras carimbadas das manchetes de jornais. Faz uso de sua posição de uma maneira extremamente perversa e, todas as semanas, está no culto, pregando a palavra de Deus. Quantas vezes vemos isso na vida real? Infelizmente, o uso da religiosidade para o mal não é coisa de ficção e muito menos acontece apenas longe de nós.

Robert Pattinson entrega uma ótima atuação

O Diabo de Cada Dia tem uma execução correta. A fotografia e a trilha sonora dão o tom para criar a atmosfera dos anos 60 e isso está muito bem construído, com detalhes esteticamente muito bonitos. O narrador é um elemento bem explorado e o elenco dispensa apresentações. Porém, o ritmo do filme e a quantidade exorbitante de personagens, cenários e história paralela por vezes deixam o longa cansativo e sem um grande propósito. Não por acaso, um dos piores arcos apresenta o personagem vivido por Jason Clarke, que normalmente tende a jogar a qualidade dos filmes para baixo. Aqui não é diferente. É uma história redonda, mas sem grandes ensinamentos para além do que todo o fanatismo faz mal.

Veredito da Vigilia

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