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O Bar | Crítica

Nem só de coisas boas vive o cinema não é mesmo? O catálogo da Netflix que o diga. Inserido na programação do serviço de streaming em outubro, o longa O Bar (El Bar, Espanha/Argentina, 2017) pretende ser uma mistura de horror, comédia e thriller. E como quem muito quer, pouco consegue, o tropeço é grande. No final das contas, ele não consegue ser nenhum deles. Dirigido por Álex de la Iglesia, o filme, lançado em março deste ano, justifica sua rápida saída do circuito (sequer ganhou sessões no Brasil). E o pior de tudo é que talvez tenha se perdido uma boa ideia de roteiro.

A princípio você pode até mesmo relacionar ‘O Bar’ com o argentino Relatos Selvagens. São diferentes pessoas e perfis que ficam presas dentro de um estabelecimento no Centro de Madri. Ninguém sabe o motivo, mas um deles é baleado ao sair do bar e o caos se instala a partir daí. O jogo de tensão vai virando a cada ação suspeita dentro do próprio estabelecimento. Daria até pra incluir um conceito de Agatha Christie, como em Assassinato no Expresso do Oriente dentro disso tudo. Mas calma lá, essas duas obras que eu citei (que são ótimas) realmente não merecem estar neste comparativo, embora fique evidente e de fácil relação as três produções. Mas faltou roteiro e história para amarrar essa quase fusão de ideias.

Depois de momentos que vão te deixar bem curiosos, o filme começa a irritar. Um pouco pela dinâmica, um pouco pela edição, e um pouco pelos atores. Tudo começa a ficar num tom de pastelão em que não sabemos o que pensar. Até porque há uma pretensão intrínseca em se criar mistério. Na verdade ele até existe, mas não se completa e não se explica, misturando um pouco de falta de noção na coisa toda. A interpretação dos acontecimentos pelas diferentes personas tenta nos coordenar uma linha de raciocínio, mas verdadeiramente as ações ficam muito aquém do que qualquer pessoa faria. Não cola.

Tudo vai se encaminhando para um apanhado de situações bem diferentes do que tínhamos no início do filme. E muitas perguntas vão ficando em aberto, sem grandes explicações. Até que tudo caí pra uma trama ainda mais aleatória, com as pessoas tomando decisões que diferem de tudo que até então tinham apresentado. Aí você pode lembrar e se perguntar: “Tá, mas o Tarantino já fez isso, não é mesmo?”. Ok, até se pode fazer, mas é preciso saber como. A salada jogada no liquidificador piora ainda mais, pois acaba criando bandidos e mocinhos de forma ainda menos eficaz. Ao final, você até esquece o estopim de toda a história e fica assim, não se perguntando o que gerou tudo aquilo, mas sim se perguntando porque você perdeu 1h42 minutos de sua preciosa vida.

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