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O Assassino: O Primeiro Alvo | Crítica

O longa assinado pelo diretor Michael Cuesta entra em cartaz dia 21 de setembro, vem ver o que achamos!

Este é um daqueles filmes da mais pura ação. O motivo pelo embate é totalmente esquecível, as motivações dos personagens não importam, o que precisa ser gravado aqui é que os estadunidenses são os mocinhos e os iranianos e russos são os malvados – não que americanos não possam estar entre os desviados, mas há um forte tino patriota em todo o discurso dessa possível franquia que se inicia. A indicação do início de uma saga vem desde o título do filme em português: estamos no primeiro de muitos alvos. Já o nome original entrega muito mais do sentido próprio do filme, que é American Assassin – ele diz tudo: seu protagonista é americano e é um assassino nato; se o alvo é um possível terrorista ou tem ligação com alguma organização criminosa, ele não precisa nem de planos ou ordens pra já sair em busca de aniquilar tal ameaça, como que realizando uma limpeza social em prol de um bem maior.

É preciso dizer que o filme deixa ainda mais em aberto porque tem um protagonista bem marcado, mas ele é treinado por uma organização que forma vários outros como ele, o que pode abrir precedentes para mais uma daquelas franquias intermináveis do cinema… Se você gosta de ação, aperte o cinto e embarque nessa narrativa que de cansativa não tem nada. O longa é muito ágil e visualmente atraente. Mas é só isso. Não importa onde é a luta ou contra quem, sempre sabemos que o adversário será abatido e que as repetidas sequências serão intercaladas com algumas gracinhas, mulheres bonitas, insinuações de romances e muito mais corpo-a-corpo.

Pra chegar aí, a construção do personagem principal é um pouco diferente e inesperada. Ela surge com esforço próprio e engajamento particular, sendo que ele tem na “luta do bem contra o mal” a sua única razão para viver, seguindo em frente com o intuito de matar o máximo de “malvados” que ele conseguir. Esse é Mitch Rapp (Dylan O’Brien, de Maze Runner). O nosso protagonista inconsequente que foi ficando mais rebelde e destemido à medida em que a vida foi sendo cruel com ele, tendo perdas trágicas. O início do filme nos mostra ele como parte de um casal apaixonado. Minutos após pedir sua namorada em casamento numa linda praia, o local é palco de um atentado terrorista e a noiva é morta por aquele que acaba personificando a imagem do mal para Mitch. Nos 18 meses que seguem, o jovem desiste de sua carreira e formação passando a se dedicar exclusivamente a treinamentos físicos e a planejar sua iniciação na posição de vingador (alguém aí lembrou do Justiceiro? Pois é…), criando a persona de assassino em nome dos EUA. Nesse processo ele é amparado por Irene Kennedy (Sanaa Lathan, Um Truque de Mestre 2), que acredita em seu potencial e mostra a Stan Hurley (Michael Keaton, dispensa apresentações) que o garoto vale o investimento e merece ser resgatado e direcionado. Nisso, o time se completa com a agente estrangeira Annika (Shiva Negar), que se une à CIA para barrar a construção de uma certa bomba nuclear.

A atuação do núcleo principal não deixa a desejar. Estão todos integrados em seus papéis. O único que se passa na caricatura criada é Michael Keaton, que dá vida ao instrutor do protagonista de um modo exagerado, representando muitos clichês e com um texto recheado com frases de efeito. Ele que recentemente estava em Homem-Aranha: De Volta ao Lar não parece ter saído de todo do papel que desempenhou no filme da Marvel. Por outro lado, é uma grata surpresa a desenvoltura da atriz Shiva Negar, que, por sinal, tem a mesma origem de sua personagem, sendo fisicamente representativa do seu povo e se adaptando perfeitamente ao papel.

A exaltação de Mitch constrói uma imagem impenetrável e inatingível, que pode cair um pouco, mas em seguida retoma completamente as energias e sempre finaliza seu trabalho. Configurando-se como um típico filme de ação, O Assassino: O Primeiro Alvo abusa dos corpos das mulheres. Um pouco também dos caras fortões sem camisa, mas principalmente closes e câmeras lentas desnecessários para focar geralmente nos peitos das mulheres, o que pode soar despretensioso em determinados takes mas além de não agregar em nada só saciam os que vão na sala e estão vendo muita luta daí precisam se acalmar com um corpo feminino correspondente ao padrão de beleza vigente para então seguir na pancadaria.

O pior fica pro final: é preciso dizer que esse primeiro filme do “assassino americano” se perde em sua lição mais repetida. Isso porque a todo momento os personagens enfatizam que na formação dos assassinos pertencentes à elite comandada pela CIA (denominada Orion, tal como a constelação) é indispensável que eles nunca levem seus embates para o lado pessoal. Só que o tempo todo (nas lutas) os adversários apelam para tentar magoar um ao outro e ali encontrar uma fraqueza. E frequentemente conseguem despertar mágoa e determinação, além de muita instabilidade. Isto não condiz com o treinamento desenvolvido e deixa o espectador se perguntando por qual motivo se enfatiza tanto algo que não é feito? A pergunta que fica é: como seria possível que as emoções não agissem em nossas ações?

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